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La Niña e a agricultura no sul do Brasil

Gilberto R. Cunha
Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS.

INTRODUÇÃO

O fenômeno El Niño-Oscilação do Sul (ENOS) ou apenas El Niño, como é referido nos veículos de comunicação de massa, possui duas fases: uma quente (El Niño) e outra fria (La Niña). O comportamento da temperatura das águas do oceano Pacífico tropical (parte central e junto à costa oeste da América do Sul) associado aos campos de pressão (representados pelo Índice de Oscilação do Sul) altera o padrão de circulação da atmosfera. Com isso, acaba influenciando no comportamento do clima, em diferentes regiões do mundo. Sendo o responsável pelas chamadas anomalias climáticas persistentes, isto é, pelos desvios em relação ao clima normal, que duram bastante tempo (6 a 18 meses, por exemplo).

Admite-se que há cerca de 20 regiões no mundo, cujo clima é afetado pelas fases do ENOS. Entre essas, no caso do Brasil, a parte norte da Região Nordeste e o leste da Amazônia (na faixa tropical) e a Região Sul (na faixa extra-tropical). As anomalias climáticas mais conhecidas e de maior impacto são as relacionadas com o regime de chuvas, embora o regime térmico também possa ser modificado. De modo geral, as anomalias de chuva relacionadas com o El Niño (águas do Pacífico tropical quentes e Índice de Oscilação do Sul negativo) e com a La Niña (águas do Pacífico tropical frias e Índice de Oscilação do Sul positivo) atingem as mesmas regiões nos mesmos períodos do ano (ou um pouco defasados), porém de forma oposta. Ou seja, naquelas regiões onde em anos de El Niño há excesso de chuvas, nos anos de La Niña pode ocorrer seca.

Particularmente no sul do Brasil, tem-se excesso de chuvas nos anos de El Niño e estiagem em anos de La Niña. Apesar da influência dar-se durante todo o período de atuação desses eventos, há duas épocas do ano que são mais afetadas pelas fases do ENOS. São elas: primavera e começo de verão (outubro, novembro e dezembro), no ano inicial do evento, e final de outono e começo de inverno (abril, maio e junho), no ano seguinte ao início do evento. Assim, nessas épocas, as chances de chuvas acima do normal são maiores, em anos de El Niño (como ocorreu em 1997/98), e chuvas abaixo do normal, em anos de La Niña.

Neste século, registrou-se a ocorrência dos seguintes eventos El Niño: 1900/1901, 1902/1903, 1905/1906, 1911/1912, 1914/1915, 1918/1919, 1923/1924, 1925/1926, 1930/1931, 1932/1933, 1939/1940, 1940/1941, 1941/1942, 1946/1947, 1951/1952, 1953/1954, 1957/1958, 1963/1964, 1965/1966, 1969/1970, 1972/1973, 1976/1977, 1977/1978, 1982/1983, 1986/1987, 1991/1992, 1992/1993, 1994/1995 e 1997/1998.

Quanto aos eventos La Niña, registrou-se as seguintes ocorrências: 1903/1904, 1906/1907, 1908/1909, 1916/1917, 1920/1921, 1924/1925, 1928/1929, 1931/1932, 1938/1939, 1942/1943, 1949/1950, 1954/1955, 1964/1965, 1970/1971, 1973/1974, 1975/1976, 1988/1989 e 1995/1996. Além do episódio atual, 1998/1999.

O momento é de preocupação e de expectativa. Pelo menos, para aqueles que trabalham em atividades sensíveis à variabilidade climática; por exemplo, em agricultura. Os veículos de comunicação divulgaram intensamente que La Niña estaria chegando no segundo semestre de 1998. Afinal, quem é essa tal La Niña? O que realmente está sendo previsto? Que impactos pode trazer no clima do sul do Brasil? Como utilizar a informação disponível para reduzir os riscos associados? Eliminar esse tipo de dúvida é o que se pretende com esse artigo.

 

EL NIÑO, LA NIÑA E OSCILAÇÃO DO SUL

O fenômeno El Niño - Oscilação do Sul (ENOS), também designado pela expressão inglesa ENSO (El Niño – Southern Oscillation), constitui um fenômeno de dois componentes: um de natureza oceânica, no caso o El Niño, e outro de natureza atmosférica, representado pela Oscilação do Sul.

A denominação El Niño remonta ao século XVIII e foi utilizada pela primeira vez por pescadores peruanos para designar uma corrente de águas quentes que surgia no Oceano Pacífico, na costa da América do Sul, no final do mês de dezembro. Em alusão ao Natal e ao "Menino Jesus", essa corrente de água quente foi chamada de El Niño, expressão espanhola que significa "O Menino".

Quanto ao componente atmosférico, os trabalhos de Sir Gilbert Walker, no início do século XX, demonstraram uma correlação inversa entre a pressão na superfície sobre os oceanos Pacífico e Índico, denominada Oscilação do Sul: quando a pressão é alta no Oceano Pacífico ela tende a ser baixa no Oceano Índico. Esses trabalhos tentavam correlacionar a Oscilação do Sul com as monções na Índia.

Nos anos 60, foi o meteorologista norueguês, radicado nos Estados Unidos da América, Jakob Bjerknes, quem idealizou a ligação entre os dois fluidos – o oceano e a atmosfera – no Oceano Pacífico Tropical. A atmosfera atua, mecanicamente, sobre a superfície do oceano redistribuindo anomalias de temperatura. E, por sua vez, através de fluxos de calor, é forçada uma circulação anômala da atmosfera, com mudanças nos campos de vento. O ENOS é uma manifestação de instabilidade do sistema acoplado oceano-atmosfera.

Vários índices tem sido utilizados para medir a intensidade do ENOS. Entre esses, o Índice de Oscilação do Sul (IOS), que reflete s diferença de pressão atmosférica entre duas estações-chave para o fenômeno (Darwin e Taiti) e a temperatura da superfície do mar (TSM), em uma região chamada de Niño 3 (5ºN – 5ºS e 90º-150ºW). O IOS mede a intensidade da Oscilação do Sul (componente atmosférico) e a TSM da região Niño 3 mede a intensidade do EL Niño (componente oceânico).

O ENOS tem um tempo de retorno que varia de três a sete anos, com intervalos irregulares, envolvendo eventos fracos ou, até mesmo, ausência de eventos.

 

MECANISMOS DO ENOS

O fenômeno ENOS tem como região de origem o Oceano Pacífico Tropical, onde, em função dos ventos alísios, que sopram predominantemente de sudeste no Hemisfério Sul, há um padrão de circulação oceânica em que, na costa da América do Sul, as águas são normalmente frias e, no extremo oposto, região da Indonésia e costa da Austrália, as águas são normalmente quentes.

O comportamento das águas do Oceano Pacífico, associado aos campos de pressão atmosférica à superfície, influi na circulação zonal da atmosfera, em uma célula de circulação do tipo Walker, isto é, no sentido leste-oeste, onde há ascensão de ar na parte oeste do Pacífico Tropical e descida de ar no extremo leste desse oceano. Isso faz com que a parte oeste do Oceano Pacífico seja uma região de chuvas freqüentes e, de forma oposta, a parte leste, na costa da América do Sul, seja uma região de chuvas escassas.

Em anos de El Niño, detecta-se, previamente ao seu estabelecimento, um enfraquecimento dos ventos alísios na região do Pacífico Equatorial. Esse fato altera o padrão de circulação oceânica, diminuindo a ressurgência de águas frias na costa da América do Sul e deslocando as águas quentes do Pacífico oeste para uma posição a leste da linha internacional de mudança de data. Com isso, há o deslocamento do ramo ascendente da célula de circulação do tipo Walker para a parte central do Oceano Pacífico, fazendo com que as ilhas nessa região experimentem excesso de chuvas, onde são originalmente escassas.

Com o deslocamento cada vez mais para leste, as águas anomalamente quentes do Oceano Pacífico Tropical chegam a atingir a costa da América do Sul, altura do Peru e do Equador. Desse modo, passa a ocorrer ascensão de ar nessa região, fazendo com que a costa da América do Sul experimente chuvas muito além da normalidade. Esse ramo ascendente da célula de circulação tipo Walker torna-se descendente com subsidência de ar seco, sobre a parte norte da Amazônia e da Região Nordeste do Brasil, determinando secas acentuadas nessas regiões.

Em termos de comportamento dos campos atmosféricos, o Índice de Oscilação do Sul (IOS) reflete as anomalias de pressão à superfície, através de diferenças de pressão entre o Taiti, no Pacífico Central, e Darwin, na Austrália.

Nos anos em que a pressão à superfície é alta em Darwim e baixa no Taiti, o IOS é negativo (episódio de El Niño); inversamente, quando a pressão à superfície é baixa em Darwin e alta no Taiti, o IOS é positivo. Quando o IOS é fortemente positivo, águas mais frias do que o normal aparecem através da região central e parte leste do Oceano Pacífico Equatorial. Esse episódio frio é chamado de La Niña e implica anomalias climáticas geralmente inversas às do episódio quente, denominado de El Niño. Caracteristicamente, quando o IOS é maior do que 1 ou menor do que -1, por vários meses consecutivos, um evento La Niña (episódio frio) ou El Niño (episódio quente) ocorre, respectivamente. Outro aspecto da atmosfera que é perturbado durante o período de El Niño é uma célula de circulação de sentido norte-sul, do tipo Hadley, que se intensifica e acaba influindo na corrente de jato ("stream jet"), que são ventos fortíssimos a cerca de 10.000 m de altura. A corrente de jato intensificada determina bloqueios na atmosfera, fazendo com que as frentes frias fiquem semi-estacionárias sobre o extremo sul do Brasil, causando os excessos de chuvas verificados durante os anos de El Niño, exemplo recente 1997/1998.

 

LA NIÑA – IMPACTOS NO SUL DO BRASIL

Estiagens no período de primavera-verão não são raras no sul do Brasil. Algumas vezes estão relacionadas com o fenômeno La Niña , em outras não. Nos últimos dez anos, quatro grandes estiagens causaram perdas de 13,8 milhões de toneladas de grãos no Rio Grande do Sul. Foram elas: 1987/88, 1990/91, 1995/96 e 1996/97. Conforme levantamentos da EMATER/RS, causando perdas de 3 milhões de toneladas de grãos, 5,6 milhões de toneladas de grãos, 3,0 milhões de toneladas de grãos e 2,3 milhões de toneladas de grãos; respectivamente. Por isso, o nome La Niña e sua associação com secas preocupa quem trabalha com agricultura no sul do Brasil.

A figura 1, adaptada de FONTANA & BERLATO (1997), mostra as anomalias de chuva (desvios em relação aos valores normais) no Rio Grande do Sul, nos anos de El Niño e de La Niña, respectivamente; durante a época do ano mais sensível a esses episódios do fenômeno ENOS (outubro e novembro). A figura mostra claramente a influência oposta das fases do ENOS no regime de chuvas da primavera, no sul do Brasil. Isto é, em anos de El Niño há anomalias positivas de chuva (chuva acima do normal) e em anos de La Niña, tem-se anomalias negativas (chuvas abaixo do normal).

 

 

Figura 1. Isolinhas de anomalias de precipitação (mm) em outubro e novembro durante: (a) fase quente-El Niño, anomalias positivas e (b) fase fria-La Niña, anomalias negativas, no Rio Grande do Sul (Adaptado de Fontana & Berlato - 1997)

 

LA NIÑA -98

Desde o começo de maio havia indícios de resfriamento da águas do oceano Pacífico tropical e mudanças nos ventos junto à superfície aceânica, com os prognósticos baseados em modelos de acoplagem oceano-atmosfera sinalizando para um provável evento La Niña, a partir do segundo semestre de 1998. Com base nisso, foram difundidos o "Aviso Meteorológico Especial – 5/06/98"e o "Alerta Meteorológico para o Inverno – 17/06/98", pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), além do Boletim Infoclima, várias edições, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE), disponibilizados via Internet, entre várias outras fontes sobre o tema, cuja síntese dos principais aspectos da informação, disponibilizadas no Brasil, pode ser vista na Tabela 1. A partir de então, houve grande repercussão sobre o assunto nos veículos de comunicação, quanto aos possíveis impactos desse evento na região, nos próximos meses (inverno rigoroso e seca, entre outras).

 

Tabela 1. Resumo de informações sobre o evento La Niña - 1998, disponibilizadas pelo Inmet e pelo Cptec/Inpe

Inmet - Alerta Inverno (17/06/98)

  • Término do El Niño e início do La Niña
  • Região Sul, tendência de um inverno rigoroso

Inmet - Alerta Especial (06/07/98)

  • Forte decréscimo nas ATSM, desde maio/98
  • Perspectiva de volta do fenômeno La Niña
  • Irregularidade nas chuvas na Região Sul, principalmente no RS
  • Possível quebra na produção agrícola

Infoclima, ano 4, n. 7, 18 julho 1998

  • Continua resfriamento no Pacífico
  • La Niña ainda não configurado
  • Alta probabilidade de La Niña no segundo semestre (NCEP, ECMWF e Max Planck)
  • Jul - Ago - Set Ù Região Sul, chuva em torno da média

Infoclima, ano 4, n. 8, 13 agosto 1998

  • Continua resfriamento no Pacífico Equatorial
  • La Niña ainda não configurado
  • Alta probabilidade de La Niña no segundo semestre (NCEP, ECMWF e Max Planck)
  • Ago - Set Ù Região Sul, chuva próxima da normal climatológica

Infoclima, ano 4, n. 9, 15 setembro 1998

  • La Niña ainda não está configurada
  • Previsão de início ainda este ano
  • Set - Out - Nov Ù Região Sul, chuva próxima da normal climatológica

Infoclima, ano 4, n. 10, 19 outubro 1998

  • La Niña ainda não caracterizado
  • Aumento da área com águas superficiais mais frias
  • IOS (1,2), positivo pelo quinto mês consecutivo
  • NCEP e ECMWF indicam águas frias nos próximos meses
  • Out - Nov - Dez Ù Região Sul, chuva em torno da normal climatológica

Infoclima, ano 4, n. 11, 12 novembro 1998

  • Aumento da área com águas superficiais mais frias sobre o Pacífico equatorial
  • Ventos alísios mais intensos do que a normal climatológica
  • IOS continuou positivo (1,0)
  • Todos fatores contribuindo para o desenvolvimento do Fenômeno La Niña
  • NCEP e ECMWF indicam águas frias, entre novembro de 98 até meados de janeiro de 99, quando deverá atingir seu máximo
  • Nov - Dez - Jan Ù Região Sul, condição de normalidade de chuva. Na parte central dos estados do sul e no norte do Paraná, prevê-se condições de um leve déficit de precipitação

 

LA NIÑA E SUAS APLICAÇÕES NA AGRICULTURA

Com base nos impactos conhecidos do fenômeno La Niña sobre a região sul, ocasionando chuva abaixo dos valores normais, destaca-se como orientações para minimizar impactos de estiagens na agricultura:

I - ORIENTAÇÕES TÉCNICAS GERAIS AJUSTÁVEIS PARA CADA CULTURA

  1. Descompactar o solo;
  2. Mobilizar o solo o mínimo possível, por ocasião do preparo;
  3. Dar preferência ao Plantio Direto;
  4. Não utilizar população de plantas superior ao recomendado para a cultura;
  5. Escalonar as épocas de semeadura e/ou plantio, utilizando cultivares de ciclos diferentes;
  6. Implantar as culturas sob adequadas condições de umidade e temperatura do solo;
  7. Evitar o esvaziamento de barragens;
  8. Racionalizar o uso da água e irrigar quando necessário, preferencialmente nos períodos críticos;
  9. Observar o Zoneamento Agrícola;
  10. Acompanhar as informações sobre o assunto e consultar a assistência técnica.

 

II - ORIENTAÇÕES TÉCNICAS ESPECÍFICAS

PARA A CULTURA DO ARROZ:

  1. Dimensionar o plantio de acordo com a disponibilidade de água;
  2. Observar as épocas de semeadura recomendadas pelo zoneamento agroclimático, considerando:
    • Começar a semear no início do período recomendado;
    • Escalonar épocas de semeadura utilizando cultivares de ciclos diferentes;
    • Semear primeiro a(s) cultivar(es) de ciclo médio e depois a(s) de ciclo curto;
  3. Priorizar os trabalhos de preparo e início da semeadura nos sistemas de Cultivo Mínimo e/ou Plantio Direto, visando aproveitar as condições de umidade do solo no momento oportuno.
  4. No sistema convencional, dar preferência ao cultivo em linhas evitando semeaduras superficiais.

  5. Evitar banhos, principalmente nos sistemas de plantio direto e cultivo mínimo;

 

PARA A CULTURA DA SOJA:

Escalonar a época de semeadura e ciclo de cultivares. Nas semeaduras de outubro, utilizar cultivares de ciclo tardio e semitardio;

Utilizar o tratamento de sementes

 

PARA A CULTURA DO MILHO:

  1. Escalonar a época de semeadura com cultivares de diferentes ciclos para evitar a coincidência da estiagem com o período crítico (floração) de toda a lavoura;
  2. Não utilizar populações de plantas superiores ás recomendadas para as condições de baixa precipitação.

PARA A CULTURA DO FEIJÃO (SAFRA):

  1. Utilizar cultivares com sistema radicular mais profundo, como Rio Tibagi, Guapo Brilhante, FT Nobre e IAPAR 44;
  2. Evitar a prática de consórcio de culturas.

 

PARA A CULTURA DA BATATA (SAFRA):

Seguir as orientações técnicas gerais e consultar a assistência técnica;

 

PARA A CULTURA DA CEBOLA:

Seguir as orientações técnicas e consultar a assistência técnica;

 

PARA AS CULTURAS DE HORTALIÇAS:

  1. Aumentar a capacidade dos reservatórios de água;
  2. Nos cultivos em estufa, dar preferência ao sistema de irrigação por gotejamento, como medida de racionalizar o uso da água;
  3. Usar cobertura morta do solo, sempre que possível;
  4. Usar sombreamento para hortaliças folhosas; se o sombreamento for por tela plástica, o índice deve ser de 30 %.

PARA A FRUTICULTURA:

  1. Usar o dessecamento da vegetação no pomar ou a rolagem da vegetação de inverno mais cedo;
  2. Usar o raleio dos frutos como prática indispensável.

 

PARA FORRAGEIRAS:

  1. Aumentar o estoque de forragens na propriedade, seja no campo, através do ajuste de carga (aliviar a carga animal) e do diferimento de potreiros desde o final do inverno, quando possível, seja via forragens conservadas (feno e silagem);
  2. Nas forrageiras cultivadas de verão, antecipar ao máximo o plantio/semeadura e utilizar mudas/sementes de alto vigor;
  3. No manejo das forrageiras e pastagens, procurar manter uma boa cobertura do solo, através de um resíduo (resteva) relativamente alto.

Além destas, destaca-se a necessidade de uma maior atenção por parte do produtor e da assistência técnica na condução das lavouras, tendo em vista as condições de ambiente favoráveis ao desenvolvimento de pragas de solo em milho e desfavoráveis para o controle natural de pragas em soja (atenção com o nível de dano econômico). Acrescenta-se também, que a semeadura um pouco mais profunda e o uso de sulcadores podem auxiliar as culturas a aprofundarem o sistema radicular e consequentemente, explorando um maior volume de solo, terem a sua disposição uma maior quantidade de água armazenada no solo; o que pode ser importante para superarem períodos curtos de estiagem.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a agricultura do sul do Brasil, destaca-se que La Niña também não é exclusivamente má. É o caso do trigo, por exemplo. Os anos de La Niña são caracterizados por primavera seca. E esse tipo de clima é favorável à cultura de trigo, pois diminui a ocorrência de doenças da espiga e favorece as caraterísticas de qualidade do grão (PH).

Por outro lado, estiagens, que não são exclusividade de La Niña; exemplo típico a de 1990/91, causam sérios problemas às culturas de verão. Milho e soja são as mais afetadas. Nessas culturas, os rendimentos são favorecidos pelo fenômeno El Niño (em função de chuvas acima do normal, no período primavera-verão).

 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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CUNHA, G. R. El Niño & Agricultura: a arte de administrar riscos. Plantio Direto, Passo Fundo, n.42, p. 17-21, nov./dez. 1997.

CUNHA, G. R. O fenômeno El Niño – Oscilação do Sul e suas aplicações na agricultura do sul do Brasil Lavoura Arrozeira, Porto Alegre, v. 50., n. 433, p. 3-12, set./dez. 1997.

CUNHA, G. R. Esperando La Niña. Plantio Direto, Passo Fundo, n.46, p. 22-23, jul./ago. 1998.

FONTANA, D.C.; BERLATO, M.A. Influência do El Niño oscilação sul sobre a precipitação pluvial no estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v.5, n.1, p.127-132, 1997.

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HALPERT, M.S.; ROPELEWSKI, C.F. Surface temperature patterns associated with the southern oscillation. Journal of Climate, v.5, n.6, p.577-593, 1992.

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