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La Niña, El Niño e o mundo da fantasia

  Gilberto R. Cunha
Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS. 

Difícil mesmo é saber a diferença entre fantasia e realidade, quando o assunto é El Niño, La Niña e suas previsões de anomalias climáticas. Difícil, mas não impossível. Basta um mínimo de informação e um pouco apenas de senso crítico para se ter, à luz da ciência, hoje, uma noção clara do quê de fato pode ser previsto e o quê não passa de mera especulação na área das chamadas previsões climáticas.

O momento é propicio para especulações e incertezas. Anuncia-se o fim do atual evento La Niña, que tendo iniciado em 1998, seguiu firme durante 1999 e começou a dizer tchau no primeiro semestre do ano 2000. E ao sabor das variações de curto prazo da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico tropical começaram a surgir toda sorte de afirmações. Algumas até aparentemente bem fundamentadas e outras verdadeiros disparates. Tipo: "Um novo El Niño está chegando!" e, em outras ocasiões, "La Niña pode retornar!" Afinal, o que está acontecendo? Pergunta o cidadão comum, no meio de um fogo cruzado, onde misturam-se desinformação, um misto de leviandade e irresponsabilidade e muito de comunicação falha.

Além do monitoramento da temperatura das águas superficiais e subsuperficiais do Oceano Pacífico tropical, outros indicadores também são considerados nas análises do fenômeno El Niño-Oscilação do Sul e suas duas fases: El Niño (quente) e La Niña (fria). São eles: Índice de Oscilação do Sul, que mede a diferença de pressão atmosférica entre Darwin (Austrália) e Taiti , e o comportamento dos ventos, velocidade e direção, sobre a faixa equatorial do Oceano Pacífico; principalmente. Tudo isso e mais o resultado de modelos numéricos e estatísticos de previsão do comportamento da temperatura das águas do Oceano Pacífico, rotineiramente produzidos por vários institutos e amplamente disponibilizados em sites Internet, estão apontando para o fim do atual episódio frio ou La Niña. Logo, é natural que surja a questão: E depois, está vindo um novo El Niño? Muito mais importante que o questionamento, sem dúvida, é a resposta. Ou a forma como se pode e deve tratar as informações sobre o fenômeno, particularmente naquelas regiões vulneráveis aos impactos da variabilidade climática associada às suas fases extremas.

Algumas pessoas e até mesmo institutos já começaram a sugerir que é provável a volta de um novo El Niño em 2001. Outros, por sua vez, estão apostando no estabelecimento de um evento quente até o fim deste ano. O quanto dessas afirmações é cientificamente fundamentado e o quanto não passa de um mero exercício de imaginação? Eis uma indagação que dá pano prá mangas, como se diz no popular. O que parece mais certo de tudo isso é que o evento La Niña 1998-2000 entrou em declínio e está chegando ao seu final. E é óbvio que comecem as especulações sobre o futuro do fenômeno El Niño-Oscilação do Sul. Quem não lembra, foi assim em 1997, quando se estabeleceu um dos eventos El Niño mais forte deste século e que deu lugar ao atual evento La Niña. E provavelmente assim será para o todo e sempre.

La Niña e El Niño são muitos populares em vários países. Austrália, Brasil e Estados Unidos dedicam amplos espaços nos veículos de comunicação para esses fenômenos. Ao mesmo tempo esclarecem e confundem. Nestes três países, a título de exemplo apenas, cresce o número de interpretações controvertidas baseadas em previsões climáticas divulgadas nos veículos de comunicação. A comunicação de massa exige pragmatismo e ai, pelo que parece, começam as confusões, misturando-se as escalas de tempo e de espaço das previsões climáticas (estacional e regional) com as das previsões meteorológicas (hora/dia e local). E assim num ambiente de muitas incertezas e conhecimento científico incompleto passa-se a buscar respostas objetivas e pontuais. A questão é intrigante e simples ao mesmo tempo. Quem tem a resposta?. Elementar, a comunicação científica responsável.

Pelo que parece, o público geral anda aceitando praticamente tudo o que se diz e publica sobre El Niño e La Niña. E isto, algumas vezes, atrapalha mais do que ajuda. A comunidade científica deve entrar em campo, dando respostas objetivas e claras sobre o assunto. E os usuários, cumprirem a sua parte, buscando informações nas instituições meteorológicas de referência sobre o assunto.

Concretamente, sobre o atual evento La Ninã, o boletim Enso Diagnostic Advisory, divulgado pelo Climate Prediction Center em 12 de junho de 2000, trás, entre outras coisas, o seguinte: Desde o começo de março vários índices oceânicos e atmosféricos mostram o enfraquecimento das condições de La Niña, similar a evolução que foi observada na primeira metade de 1999. Os modelos de previsão do fenômeno exibem uma considerável dispersão sobre a evolução das temperaturas da superfície do mar nos próximos 3-9 meses. Alguns sugerem o enfraquecimento rápido e a volta das condições normais até o final do ano e outros indicam a continuidade do evento até o final do ano, retornando uma condição próxima do normal no começo de 2001. Finaliza o boletim estabelecendo que é provável que as condições de episódio frio irão gradualmente enfraquecer nos próximos seis meses e que uma condição próxima do normal ou levemente mais fria do que o normal irá se fazer presente no Oceano Pacífico tropical até o fim do ano.


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