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Mitch e sua turma

Gilberto R. Cunha
Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS.

Ao redor de dez mil mortos, outro tanto de desaparecidos, milhares de desabrigados e um rastro de destruição deixados durante a sua passagem pela Nicarágua, por Honduras, por El Salvador, pela Guatemala, pelo Panamá e pela Costa Rica, devem colocar o furacão Mitch na galeria de nomes como Andrew, Hugo, Camile, Agnes, Hazel e Gilbert, que, para as populações atingidas, evocam a própria imagem do desastre.

Os furacões integram o grupos dos desastres naturais de origem meteorológica. Fazem parte das chamadas tempestades tropicais. Destas, uma em cada dez atinge velocidade de vento superior a 118 quilômetros por hora, adquirindo o status de furacão. Conforme a velocidade do vento, os furacões são organizados em categorias. As mais baixas, com ventos entre 118 e 150 quilômetros por hora. Categorias acima de três são considerados grandes furacões. Os da categora cinco, vento superior a 250 quilômetros por hora são catastróficos.

Os furacões se originam, sobre os oceanos aquecidos. Para isso, a temperatura da superfície das águas tem que ser superior a 26,7 °C (80 °F). Em geral, se formam no final do verão ou no início do outono. A energia para o sistema vem do calor latente (relacionado com mudança de estado físico da água) que é liberado quando o ar úmido que se leva no interior da tempestade acaba se resfriando e condensa, formando nuvens. Nesse processo, a energia que foi usada para evaporar à água (ao redor de 590 calorias por grama) é liberada na atmosfera, quando o vapor de água condensa, se constituindo no combustível que dá a força destruidora ao furacão.

Os furacões são ciclones tropicais formados por um conjunto organizado de tempestades ao longo de uma faixa em espiral que se estende dentro de um centro de baixa pressão. Em geral se movem para oeste (W), acompanhando os ventos alísios, porém, freqüentemente ruma para o norte e se deslocam para leste (E), nas latitudes médias. Além dos ventos, podem causar chuvas fortes, com inundações severas associadas.

O Pacífico tropical, parte oeste, com suas águas quentes é a região onde se origina o maior número de ciclones tropicais no mundo. Também o oceano Atlântico é considerado um ninho de ciclones, que acabam atingindo as ilhas do Caribe e a região sudeste dos Estados Unidos.

Um aspecto curioso dos ciclones tropicais é o chamado "olho", que se forma quando o ar que se eleva na faixa de tempestades acaba descendo no centro do sistema. O ar descendente cria uma condição de céu claro no centro. Ao redor do "olho" se forma um anel de nuvens tipo cúmulo-nimbo, que deixam um faixa de 16 a 80 quilômetros de ar calmo e céu claro. Durante a passagem de um furacão, quando "olho" atinge uma dada região, pela condição de calmaria, fica a impressão que o pior já passou. Ledo engano, apenas a metade da tempestade passou, a outra metade acaba chegando algumas horas depois. Os ciclones tropicais enfraquecem sobre os continentes, por uma razão óbvia: deixa de ser alimentado com a energia decorrente do processo de evaporação-condensação da água (calor latente), acabando por desaparecerem.

Os ciclones tropicais possuem nomes diversos, dependendo do local onde ocorrem. São conhecidos no Atlântico Norte e Caribe como furacões; nos mares da China e no Pacífico Norte como tufões; nas Filipinas como Baguío; no Oceano Índico e na Baía de Bengala como ciclones; no oeste do México como "El Cordonazo de San Francisco"; e na Austrália como Willy-Willies. Como o nome diz, trata-se de uma tormenta tropical formada por um sistema meteorológico de baixa pressão, cujo núcleo central está mais quente do que a atmosfera em volta e a velocidade do vento é maior do que 118 km/h.

Muito tempo antes do início, em 1950, das previsões oficiais dos ciclones tropicais, as populações das regiões atingidas já davam nomes próprios a esses fenômenos.

Nas áreas de língua hispânica, as tormentas eram denominadas pelo nome do santo do dia em que eram observadas. Por isso, Porto Rico teve dois furacões San Felipe, o primeiro de 13 de setembro de 1876, e o segundo de 13 de setembro de 1928.

Em 1941, George R. Stewart lançou o livro chamado "Storm", cujo personagem principal era um jovem meteorologista acompanhando uma tempestade, que ele chamou de Maria, desde o seu nascimento, no Pacífico norte, até sua morte, na América do Norte, alguns dias depois. O livro foi transformado em filme por Walt Disney e promoveu a idéia de dar nomes às tempestades. Durante a II Guerra Mundial, os previsores militares passaram informalmente a dar nomes de mulheres às tempestades.Quase sempre, os nomes das suas esposas ou namoradas.

No pós-guerra, os previsores continuaram descrevendo os furacões pelo nome do local de ocorrência. Porém, em 1950, houve três furacões simultaneamente, e os boletins às vezes eram confusos. Assim o alfabeto fonético internacional - Able, Baker, Charlie etc. - foi usado para denominar as tempestades de 1950 a 1952.

De 1953 a 1978, foram usados somente nomes de mulheres. Dizem que por pressão dos movimentos feministas americanos, de 1979 em diante, passou-se a alternar nomes masculinos e femininos na lista dos furacões.

A definição da lista de nomes de furacões é feita pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a partir de sugestões dos países afetados. Para ciclo de 6 anos, todos os furacões que ocorrerem estão previamente batizados. Alguns apenas passam, outros, pelo rastro de destruição, tornam-se inesquecíveis, tais como: David (1979), Allen (1980), Alicia (1983), Elena (1985), Glória (1985), Gilbert (1988), Joan (1988), Hugo (1989), Bob (1991), Andrew (1992), Gordon (1994) e Luis (1995) e, provavelmente, Mitch (1998).

Na relação a seguir, veja a lista das "personas non gratas" que você teve a sorte de não ter encontrado ou poderá ter o desprazer de encontrar em algum dos paraísos tropicais do Atlântico Norte, no mar do Caribe e na região do golfo do México:

  • 1995: Allison, Barry, Chantal, Dean, Erim, Felix, Gabrielle, Humberto, Iris, Jerry, Karen, Luis, Marilyn, Noel, Opal, Pablo, Roxanne, Sebastien, Tanya, Van e Wendy.
  • 1996: Arthur, Bertha, Cesar, Diana, Edouard, Fran, Gustav, Hortense, Isidore, Josephine, Klaus, Lili, Marco, Nana, Omar, Paloma, Rene, Sally, Teddy, Vicky e Wilfred.
  • 1997: Ana, Claudette, Danny, Erika, Fabian, Grace, Henri, Isabel, Juan, Kata, Larry, Mindy, Nicholas, Odette, Peter, Rose, Sam, Teresa, Victor e Wanda.
  • 1998: Alex, Bonnie, Charley, Danielle, Earl, Frances, Georges, Hermine, Ivan, Jeanne, Karl, Lisa, Mitch, Nicole, Otto, Paula, Richard, Shary, Tomas, Virginie e Walter.
  • 1999: Arlene, Bret, Cindy, Dennis, Emily, Floyd, Gert, Harvey, Irene, José, Katrina, Lenny, Maria, Nate, Ophelia, Philippe, Rita, Stan, Tammy, Vince e Wilma.
  • 2000: Alberto, Beryl, Chris, Debby, Ernesto, Florence, Gordon, Helene, Isaac, Joyce, Keith, Leslie, Michael, Nadine, Oscar, Patty, Rafael, Sandy, Tony, Valerie e Willi.

Para cada novo ciclo de seis anos, os nomes que causaram grandes estragos são retirados e substituidos por outros nomes na lista. Este deverá ser o destino de Mitch, no ciclo de nomes de furacões que terá início em 2001.


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