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Gilberto R. Cunha
Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS. 

Produzir trigo no Rio Grande do Sul e ganhar dinheiro é possível? É. Se alguém tem dúvida, pergunte ao produtor Narciso Barison Neto, de Muitos Capões, por exemplo. Uso o seu nome porque ele tornou esse fato público por ocasião de palestra que proferiu na abertura da XXX Reunião da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo, realizada em Chapecó, Santa Catarina, 24 a 26 de março de 1998. E assim como ele há vários outros produtores gaúchos que ganham dinheiro com trigo.

Então, por que, nos últimos anos, virou rotina, a cada nova safra, se discutir a viabilidade da cultura de trigo no Brasil e, em particular, no Rio Grande do Sul? Exemplos não faltam. Citam-se o recente seminário "Trigo: Sim ou Não?", promovido pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), e matérias em jornais que destacam a frustração de expectativa de produtores que não hesitam em declarar que abandonarão a atividade.

Evidentemente, a resposta não é simples. Merece uma análise que talvez encontre raízes no paternalismo estatal que subvencionou a triticultura brasileira de meados dos anos 40 até 1990. Quem sabe, na competição desleal com o trigo importado que acaba internalizando no Brasil subsídios do seu país de origem e privilégios de regras comerciais diferenciadas. Ou, até mesmo, no uso inadequado de tecnologia para produzir competitivamente em nível mundial. O mais provável é um pouco de cada e muito da falta de mercado para o produto nacional no momento da comercialização da safra.

Pode parecer estranho falar em falta de mercado para trigo no país, haja vista a oferta ser muito menor que a demanda. Mas tem sido assim. De um lado produtores que não encontram compradores e de outro industriais que não "acham"produto para comprar, pelo menos com a "qualidade" que procuram e com o preço que estão dispostos a pagar.

Também repercute muito nos veículos de comunicação, exemplos de produtores que tiveram problemas na produção de trigo em função de condições climáticas adversas durante a estação de crescimento. E nesse particular, por obra e graça do fenômeno El Niño, a safra de inverno de 1997, pelos excesso de chuvas no sul do Brasil, foi muito desfavorável à atividade. Mesmo assim, houve produtores que obtiveram bons resultados com a cultura de trigo, em 1997. Também é evidente que os riscos decorrentes da variabilidade climática são inerentes à atividade agrícola. E isso não é uma exclusividade da nossa triticultura, afetam a agricultura em nível mundial. Até mesmo a inquestionável cultura de soja tem sofrido freqüentes frustrações por problemas climáticos no estado, principalmente por seca.

Esses fatos têm criado um ambiente de desestímulo à triticultura nacional, cujo resultado concreto tem sido a redução na área de plantio. E isso obriga o país dispender cada vez mais divisas para a importação de trigo, visando atender à demanda interna. Além de todos os reflexos negativos que acarreta aos demais segmentos que compoem a cadeia do complexo agroindustrial do trigo no Brasil.

Não resta qualquer dúvida que o Rio Grande do Sul possui terras e clima adequados, produtores experientes e tecnologia própria para produzir trigo. Nos nossos sistemas de produção há lugar para uma cultura de inverno e outra de verão, anualmente. E assim como a soja e o milho são as culturas de verão mais importantes, o trigo é a principal cultura de inverno, sob o ponto de vista econômico. O trigo é uma das poucas opções capaz de cobrir o solo e agregar renda à propriedade, no período da safra de inverno.

A opção pela cultura de trigo é única e exclusivamente do produtor, uma vez que, pelas regras de mercado, o risco também é seu. Cabe a ele avaliar, ainda que subjetivamente, qual o seu custo de oportunidade para a safra de inverno, qual o nível de agregação de renda que as opções disponíveis para o período lhe facultam e então decidir.

É evidente que é possível produzir trigo com competitividade no Rio Grande do Sul. Para isso o primeiro passo é optar pelo uso de tecnologia. Essa mesma tecnologia gerada pela pesquisa local, tanto oficial como privada, que tem possibilitado a muitos produtores do estado obterem rendimentos médios, na década de 90, acima de 3 mil kilos por hectare. E, por conseqüência, estão ganhando dinheiro na atividade. Embora, esses exemplos de sucesso nem sempre não sejam difundidos. Pelo menos, não no mesmo nível que os fracassos.

E quando se fala em uso de tecnologia, não se trata de nada que não esteja ao alcance da assitência técnica. Começando por seguir o período de semeadura definido pelo zoneamento agrícola, escolha de cultivares com características de qualidade exigida pelo mercado, obediência ao esquema de rotação de culturas, adoção de sistemas conservacionistas, uso de fertilizantes, controle de plantas daninhas, de doenças e de pragas, etc. Acima de tudo, conduzir uma lavoura assistida tecnicamente, tomando as decisões de manejo cabíveis no momento certo. Do nível da tecnologia empregada vai depender o resultado da lavoura.

Todavia, a retomada do crescimento da triticultura rio-grandense não é uma questão unicamente de disponibilidade de tecnologia para produzir. Essa existe. Passa, nesse momento, pela solução do problema de mercado para o trigo gaúcho.


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