ISSN 1517-638X
Nº 9, dez./99
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A análise de dados meteorológicos é uma das tecnologias de suporte à agricultura usada há várias décadas nos países desenvolvidos e nos últimos anos vem ganhando importância no Brasil. A aplicação da meteorologia na agricultura abrange a análise temporal e de séries históricas dos elementos meteorológicos, com previsões de ocorrência de fenômenos adversos à agricultura, previsões de safras, freqüências e probabilidades, regime hídrico, zoneamento de culturas e outros.
Os estudos do clima do Rio Grande do Sul iniciaram com o pioneirismo de COUSSIRAT DE ARAÚJO, em 1930, citado por MORENO (1961), classificando o estado como clima temperado e apresentando uma divisão do Rio Grande do Sul em oito regiões climáticas. Nessa divisão foram considerados os fatores que maior influência exercem sobre o clima no estado, como altitude, continentalidade e proximidade ao oceano (MACHADO, 1950). As regiões determinadas por COUSSIRAT DE ARAÚJO em 1930 receberam as denominações de Campanha, Vale do Uruguai, Serra do Sudeste, Depressão Central, Missões, Planalto, Serra do Nordeste e Litoral. Essas denominações representam a morfologia e o clima do estado e são conhecidas, consagradas e empregadas até o presente; entretanto, apresentam o inconveniente de uma divisão esquemática, o que dificulta sua utilização em trabalhos de agroclimatologia e principalmente, de planejamento agrícola regional e estadual.
MACHADO (1950), um dos pioneiros no estudo e na análise do clima do Rio Grande do Sul, elaborou importante trabalho que mostra uma descrição e caracterização climática do Estado levando em consideração as regiões climáticas definidas por COUSSIRAT DE ARAÚJO em 1930.
Apresentou ampla e detalhada análise descritivo-numérica dos elementos meteorológicos, suas magnitude, variações, intensidade e épocas de ocorrência, bem como a representação espacial de alguns elementos.
MORENO (1961) realizou nova subdivisão estabelecendo as "áreas morfoclimáticas", buscando "esclarecer divergências quanto à classificação climática do estado". Para tal usou a classificação climática de KÖEPPEN (1948) determinando o Rio Grande do como clima Temperado úmido com duas "áreas climáticas", Cfa e Cfb. Dentro da "área climática" Cfa caracterizou quatro "áreas morfoclimáticas", e dentro da "área climática" Cfb caracterizou três "áreas morfoclimáticas". O autor analisou ainda, de forma superficial, o regime termo-pluvial e demais fenômenos meteorológicos, realizando a representação espacial das regiões "morfoclimáticas" e de alguns elementos do clima. As áreas morfoclimáticas de MORENO (1961) têm sua aplicação em trabalhos que exigem a simples identificação morfológica e caracterização geral do clima, além do que suas denominações são pouco práticas.
INSTITUTO DE PESQUISAS AGRONÔMICAS (1989) elaborou trabalho sobre o clima do Rio Grande do Sul, contendo os valores médios e a representação espacial dos principais elementos meteorológicos e possibilitando que se avaliem as disponibilidades climáticas e sua influência na produção agrícola do estado. O trabalho apresenta 296 cartas climáticas do Rio Grande do Sul em nível decendial, mensal, estacional e anual, além do número de horas de frio abaixo de 7 °C e 10 °C no período de maio a agosto e de maio a setembro. Essas cartas climáticas possuem ampla aplicação em trabalhos de planejamento, acompanhamento e manejo da produção agropecuária, em estudos ligados à conservação e uso de solos, em zoneamentos de aptidão agroclimática, em estudos de irrigação e de drenagem, e outras atividades rurais.
Visando a facilitar o planejamento das atividades agrícolas, foi desenvolvido trabalho para delimitar e caracterizar regiões agroecológicas, bem como para identificar os municípios que delas fazem parte. O mapa das regiões agroecológicas (Figura 1), com uma breve caracterização climática, foi usado no trabalho Macrozoneamento Agroecológico e Econômico do Estado do Rio Grande do Sul (1994) visando a auxiliar no planejamento agrícola do estado. Na Tabela 1 são apresentados os intervalos de variação dos valores dos principais parâmetros do clima das diversas regiões agroecológicas do estado ao nível de resumo anual, e na Figura 1, a representação espacial dessas regiões, como parte dos resultados já alcançados.
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