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ISSN 1517-4964
Dezembro, 2001
Passo Fundo, RS

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Validação do pó inerte à base de terra de diatomáceas no controle de pragas de milho armazenado em propriedade familiar

Irineu Lorini1
Armando Ferreira Filho1
Osvaldir Dalbello2


Embrapa Trigo

Introdução
Pós inertes usados para controlar pragas de grãos armazenados são substâncias provenientes de minerais extraídos de rochas que, moídos e misturados a grãos, causam morte de insetos por dessecação (Ebeling, 1971; Loschiavo, 1988; Shawir et al., 1988; Aldryhim, 1990, 1993; Lorini, 1999). A terra de diatomáceas, um pó inerte proveniente de algas diatomáceas fossilizadas, possui dióxido de sílica como principal ingrediente. A sílica tem capacidade de desidratar os insetos, matando-os em período variável de um a sete dias, dependendo da espécie-praga. Trata-se de produto seguro para operador e consumidor de grãos, com ação inseticida duradoura, pois não perde efeito ao longo do tempo. Também é usado como aditivo alimentar em outros países, tanto para rações como para consumo humano (Banks & Fields, 1995).

A terra de diatomáceas mostrou-se eficiente no controle das principais pragas de milho armazenado, em experimentos realizados no Laboratório de Entomologia da Embrapa Trigo, com mortalidade de 100 % dos insetos adultos, na dose de 1,0 kg/tonelada de grãos (Lorini 1994, 1999).

O modo de aplicação do produto é simples, sendo misturado, na dose de 1,0 kg/tonelada de grãos limpos e secos. Os insetos que vierem a atacar os grãos entrarão em contato com o pó e morrerão por dessecamento. O grão tratado pode ser consumido imediatamente, não necessitando observar período de carência do produto. Os grãos a ser tratados devem estar secos (13 % a 14% de umidade), para que a umidade do grão não neutralize o efeito da terra de diatomáceas (Lorini, 1999).

Este trabalho teve como objetivo validar o uso da terra de diatomáceas para controle de pragas no armazenamento de grãos de milho, em condições semelhantes às usadas na propriedade familiar.

Materiais e Métodos
O trabalho foi realizado em silo de alvenaria de 9.000 kg de capacidade, retangular (2,5 m x 3,0 m), com profundidade de 2,0 m, localizado no Centro de Treinamento (CETREDIA) da EPAGRI, em Concórdia, SC. O tratamento de grãos de milho com terra de diatomáceas foi realizado em dois períodos de armazenamento: de 13/4 a 29/9, em 1999, e de 18/5 a 29/12, em 2000. Antes do armazenamento, o silo foi varrido para eliminação de todos os resíduos de grãos. Após, a estrutura interna da instalação recebeu aplicação manual do pó inerte à base de terra de diatomáceas, sendo usados os produtos comerciais Insecto, no primeiro período de armazenamento (1999), e Keepdry, no segundo período (2000). O milho foi colhido, secado em secador de leito fixo e tratado com pó inerte, à medida que os grãos eram depositados no silo. A dose de pó inerte usada foi de 1,0 kg/t de grãos de milho.

Para verificação da presença de insetos, durante o período de armazenamento, foram instaladas 12 armadilhas plásticas de captura de insetos no interior da massa de grãos (Lorini, 1999), distribuídas nos quatro cantos do silo e em três profundidades (0,10 m, 1,0 m e 2,0 m). A cada 15 dias, as armadilhas eram retiradas, contava-se o número de insetos vivos e mortos capturados, e recolocadas no mesmo lugar. Essas avaliações foram realizadas durante todo o período de armazenamento, nos dois anos consecutivos.

Os valores do número de insetos vivos e mortos foram analisados, calculando-se a média aritmética das 12 armadilhas, e os resultados representados graficamente.

Resultados e Discussão
O gorgulho dos cereais (Sitophilus spp.) foi o inseto mais encontrado durante todo o período de estudo (92 %). Também foi detectada presença de Oryzaephilus surinamensis (6 %), de Tribolium castaneum (1 %) e de Cryptolestes ferrugineus (1%). Houve elevada mortalidade de pragas de milho armazenado resultante da ação da terra de diatomáceas durante todo período, evidenciando a eficácia do produto como inseticida (figuras 1 e 2).

A presença de insetos vivos detectados nas armadilhas evidenciou a contínua infestação de pragas no silo oriundas de outros armazéns. Porém o número de insetos mortos demonstrou ter havido controle por terra de diatomáceas. Salienta-se que esse pó inerte não tem efeito de mortalidade imediata, permitindo que o inseto sobreviva por alguns dias, até que a morte seja causada por dessecação. Os insetos vivos capturados nas armadilhas estavam recobertos com o pó inerte e apresentavam sinais evidentes do efeito da terra de diatomáceas, o que os levaria à morte em poucos dias.

Dessa forma, pode-se indicar o uso do pó inerte à base de terra de diatomáceas como alternativa de controle de pragas de milho armazenado, em condições de armazenamento na propriedade familiar.


1 Pesquisador da Embrapa, Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, Caixa Postal 451, 99001-970 Passo Fundo, RS. E-mail: ilorini@cnpt.embrapa.brmanduca@cnpt.embrapa.br
2Eng.- Agr. da EPAGRI, Rua Romano Anselmo Fontana, 339, Caixa Postal 44, 89700-000 Concórdia, SC.


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