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ISSN 1517-4964
Dezembro, 2001
Passo Fundo, RS

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Efeito de pós inertes sobre as pragas de grãos de cevada armazenada Rhyzopertha dominica e Sitophilus spp.

Irineu Lorini1


Embrapa Trigo

Introdução
Os pós inertes, além de seguros quanto ao uso e de baixa toxicidade aos mamíferos, não afetam a qualidade de grãos (Ebeling, 1971; Aldryhim, 1990). As formulações comerciais de pós inertes, Insecto e Keepdry, à base de terra de diatomáceas, disponíveis no mercado brasileiro estão registradas como inseticidas, classe toxicológica IV, para controle de pragas em grãos de trigo, de milho e de cevada, entre outros (Lorini, 1999). Nos Estados Unidos da América, o produto comercial Insecto está registrado também como aditivo alimentar em rações (Banks & Fields, 1995).

Os pós inertes matam insetos por dessecação, devido às características de adsorsão e abrasividade, que provocam rompimento da camada de cera da cutícula de insetos, fazendo com que estes percam líquidos corporais. O grupo de pós inertes de maior importância no controle de pragas de grãos armazenados tem como principal ingrediente a terra de diatomáceas, que, embora registrada para uso em cevada armazenada, apresenta algumas dificuldades de aplicação em grãos devido à formulação ser na forma de pó seco.

Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia de diferentes formas de aplicação de pós inertes em grãos de cevada, para controlar as pragas Rhyzoperha dominica (Coleoptera; Bostrychidae) e Sitophilus spp. (Coleoptera; Curculionidae).

Material e Métodos
Experimentos foram instalados no Laboratório de Entomologia da Embrapa Trigo, em delineamento inteiramente casualizado, com 12 tratamentos e quatro repetições, com diferentes doses e formas de aplicação de pós inertes, para controle de R. dominica (Tabela 1) e de Sitophilus spp. (Tabela 2). A cultivar de cevada usada foi BR 2. Cada tratamento de pó inerte (pó seco ou pó seco acrescido de água, formando uma suspensão) foi aplicado manualmente sobre os grãos; em seguida, estes foram homogeneizados, colocados em sacos de papel e guardados em sala de armazenamento.

Cinco meses após o tratamento com os pós inertes, tempo que representa o período médio de armazenagem de cevada, foram retiradas duas amostras de 100 g de grãos de cada repetição para fazer a avaliação dos pós inertes. As amostras foram colocadas em jarras de vidro e separadas em dois experimentos, nos quais foram liberados 25 adultos de R. dominica e 25 de Sitophilus spp., respectivamente. Os insetos eram provenientes da criação massal do Laboratório de Entomologia da Embrapa Trigo. As jarras foram fechadas com papel filtro e massa de calafetar e mantidas em sala climatizada sob temperatura e umidade relativa do ar de 25 ± 1º C e 60 ± 5 %, respectivamente.

A avaliação da mortalidade de adultos de cada praga foi realizada aos 10, 20 e 30 dias após a infestação, pela peneiragem de grãos e contagem do número de insetos mortos. Após a última avaliação, os insetos adultos foram retirados das jarras e os grãos armazenados por mais 30 dias, quando contou-se o número de insetos vivos no interior de cada jarra, que correspondiam à segunda geração da praga.

Os resultados foram submetidos à análise da variância (ANOVA), determinando-se a significância estatística pelo teste F, a 5% de probabilidade (p£ 0,05). As médias foram comparadas entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade.

Resultados
Houve efeito significativo dos pós inertes nas diferentes doses e formas de aplicação testadas no número de insetos mortos de R. dominica (Tabela 1) e de Sitophilus spp. (Tabela 2).

Para R. dominica, a melhor performance foi obtida pelos tratamentos com Insecto e com Keepdry nas doses de 500, 1.000 e 2.000 g/t de grãos, aplicadas em pó seco, que foram iguais entre si, causando elevada mortalidade de insetos adultos (Tabela 1). A performance desses tratamentos foi semelhante para ambos os produtos aos 10, 20 e 30 dias após a infestação. Na contagem de 30 dias, esses tratamentos não diferiram significativamente dos tratamentos com Insecto nas doses de 250 g/t, aplicadas em pó seco, e nas de 500 e 1.000 g/t, aplicadas em pó molhável. Os dois únicos tratamentos que não permitiram a multiplicação da praga nos grãos foram os tratamentos com Insecto nas doses de 1.000 e 2.000 g/t, aplicados em pó seco (Tabela 1).

O efeito dos pós inertes quanto à mortalidade de Sitophilus spp. foi maior nas doses de 1.000 e 2.000 g/t de grãos com os produtos Insecto e Keepdry, aplicados em pó seco, os quais não diferiram significativamente entre si aos 10 dias após a infestação (Tabela 2). Houve maior mortalidade de adultos da praga aos 20 e 30 dias após a infestação, em todas as doses dos produtos e em ambas as formas de aplicação, não diferindo significativamente entre si aos 30 dias após a infestação, exceto para Insecto a 250 g/t de grãos (Tabela 2).

Os tratamentos não permitiram a sobrevivência de nenhum adulto da segunda geração da praga, avaliada aos 60 dias após infestação, exceto nas aplicações em forma de pó molhável e com o produto Insecto a 250 g/t de grãos, aplicado em pó seco.

A aplicação dos pós inertes na forma de pó molhável mostrou-se semelhante estatisticamente à de pó seco aos 30 dias após a aplicação, considerada de baixa eficiência para o controle das pragas avaliadas, pois permite a multiplicação de insetos. Também deve ser salientado que a abrasividade desses pós inertes poderá comprometer a vida útil de bicos e do sistema de pulverização, quando aplicados na forma de pó molhável. Sendo assim, faz-se necessário avaliar o desgaste de equipamentos de aplicação.

Estes resultados comprovam a eficiência dos pós inertes à base de terra de diatomáceas, Insecto e Keepdry, na mortalidade de R. dominica e de Sitophilus spp., podendo ser usados como alternativas no manejo integrado de pragas de cevada armazenada.


1 Pesquisador da Embrapa, Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, Caixa Postal 451, 99001-970 Passo Fundo, RS. E-mail: ilorini@cnpt.embrapa.br  


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