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ISSN
1517-4964 Dezembro, 2001 Passo Fundo, RS |
Efeito de pós inertes sobre as pragas de grãos de cevada armazenada Rhyzopertha dominica e Sitophilus spp. | |
Introdução
Os pós inertes matam insetos por dessecação, devido às características de adsorsão e abrasividade, que provocam rompimento da camada de cera da cutícula de insetos, fazendo com que estes percam líquidos corporais. O grupo de pós inertes de maior importância no controle de pragas de grãos armazenados tem como principal ingrediente a terra de diatomáceas, que, embora registrada para uso em cevada armazenada, apresenta algumas dificuldades de aplicação em grãos devido à formulação ser na forma de pó seco.
Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia de diferentes formas de aplicação de pós inertes em grãos de cevada, para controlar as pragas Rhyzoperha dominica (Coleoptera; Bostrychidae) e Sitophilus spp. (Coleoptera; Curculionidae).
Material e MétodosCinco meses após o tratamento com os pós inertes, tempo que representa o período médio de armazenagem de cevada, foram retiradas duas amostras de 100 g de grãos de cada repetição para fazer a avaliação dos pós inertes. As amostras foram colocadas em jarras de vidro e separadas em dois experimentos, nos quais foram liberados 25 adultos de R. dominica e 25 de Sitophilus spp., respectivamente. Os insetos eram provenientes da criação massal do Laboratório de Entomologia da Embrapa Trigo. As jarras foram fechadas com papel filtro e massa de calafetar e mantidas em sala climatizada sob temperatura e umidade relativa do ar de 25 ± 1º C e 60 ± 5 %, respectivamente.
A avaliação da mortalidade de adultos de cada praga foi realizada aos 10, 20 e 30 dias após a infestação, pela peneiragem de grãos e contagem do número de insetos mortos. Após a última avaliação, os insetos adultos foram retirados das jarras e os grãos armazenados por mais 30 dias, quando contou-se o número de insetos vivos no interior de cada jarra, que correspondiam à segunda geração da praga.
Os resultados foram submetidos à análise da variância (ANOVA), determinando-se a significância estatística pelo teste F, a 5% de probabilidade (p£ 0,05). As médias foram comparadas entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade.
ResultadosPara R. dominica, a melhor performance foi obtida pelos tratamentos com Insecto e com Keepdry nas doses de 500, 1.000 e 2.000 g/t de grãos, aplicadas em pó seco, que foram iguais entre si, causando elevada mortalidade de insetos adultos (Tabela 1). A performance desses tratamentos foi semelhante para ambos os produtos aos 10, 20 e 30 dias após a infestação. Na contagem de 30 dias, esses tratamentos não diferiram significativamente dos tratamentos com Insecto nas doses de 250 g/t, aplicadas em pó seco, e nas de 500 e 1.000 g/t, aplicadas em pó molhável. Os dois únicos tratamentos que não permitiram a multiplicação da praga nos grãos foram os tratamentos com Insecto nas doses de 1.000 e 2.000 g/t, aplicados em pó seco (Tabela 1).
O efeito dos pós inertes quanto à mortalidade de Sitophilus spp. foi maior nas doses de 1.000 e 2.000 g/t de grãos com os produtos Insecto e Keepdry, aplicados em pó seco, os quais não diferiram significativamente entre si aos 10 dias após a infestação (Tabela 2). Houve maior mortalidade de adultos da praga aos 20 e 30 dias após a infestação, em todas as doses dos produtos e em ambas as formas de aplicação, não diferindo significativamente entre si aos 30 dias após a infestação, exceto para Insecto a 250 g/t de grãos (Tabela 2).
Os tratamentos não permitiram a sobrevivência de nenhum adulto da segunda geração da praga, avaliada aos 60 dias após infestação, exceto nas aplicações em forma de pó molhável e com o produto Insecto a 250 g/t de grãos, aplicado em pó seco.
A aplicação dos pós inertes na forma de pó molhável mostrou-se semelhante estatisticamente à de pó seco aos 30 dias após a aplicação, considerada de baixa eficiência para o controle das pragas avaliadas, pois permite a multiplicação de insetos. Também deve ser salientado que a abrasividade desses pós inertes poderá comprometer a vida útil de bicos e do sistema de pulverização, quando aplicados na forma de pó molhável. Sendo assim, faz-se necessário avaliar o desgaste de equipamentos de aplicação.
Estes resultados comprovam a eficiência dos pós inertes à base de terra de diatomáceas, Insecto e Keepdry, na mortalidade de R. dominica e de Sitophilus spp., podendo ser usados como alternativas no manejo integrado de pragas de cevada armazenada.
1 Pesquisador da Embrapa, Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, Caixa Postal 451, 99001-970 Passo Fundo, RS. E-mail: ilorini@cnpt.embrapa.br
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