A Adesmia latifolia, (Figura1), é uma leguminosa promissora para melhorar a disponibilidade de nitrogênio nos campos naturais. Espécie nativa no Sul da América do Sul, apresenta hábito de crescimento estolonífero, com caules longos e rasteiros (MIOTTO e LEITÃO FILHO, (1993). A A. latifolia mostrou produção de forragem equivalente à de cornichão, em estudos realizados em casa-de-vegetação, em solo, com a vantagem de ofertar forragem já no início do inverno, enquanto o cornichão o faz na primavera (SCHEFFER-BASSO, 1999). Os nódulos de A. latifolia são do tipo determinado, com formato globoso (ROTHSCHILD, 1968).
        Como ainda não há recomendação de estirpes de rizóbio para inoculação nessa espécie, realizou-se um ensaio em casa-de-vegetação na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS, com o objetivo de selecionar estirpes quanto ao potencial de fixação biológica de nitrogênio.
        Testaram-se oito isolados rizobianos, sendo três obtidos pela EPAGRI, (Lages, SC) e cinco pela Embrapa Trigo, com isolamentos a partir de amostras de nódulos coletados em excursão conjunta UPF/UFRGS no Rio Grande do Sul. As testemunhas foram os tratamentos sem inoculação e sem aplicação de nitrogênio, bem como sem inoculação mas com aplicação de nitrogênio. Usaram-se vasos de Leonard, com substrato areia+vermiculita+carvão vegetal, na proporção 5:3:1 (volume/volume) e solução nutritiva autoclavados. Empregou-se a solução nutritiva de BERGERSEN (1980), modificada por VOSS e SCHEFFER-BASSO, (não publicado). As sementes de A. latifolia foram pré-germinadas após desinfecção superficial com solução comercial de hipoclorito de sódio e enxaguadas seis vezes com água destilada e esterilizada. Foram plantadas três plântulas por vaso, eliminando-se uma plântula dez dias após. A inoculação foi feita com um mililitro de suspensão aquosa de colônias crescidas em meio agarizado de Manitol-extrato de levedura, equalizando-se turbidometricamente para obter concentração semelhante entre as estirpes e maior do que 1x 10⁸ unidades formadoras de colônias/mL. O tratamento com nitrogênio consistiu em 5 mL de nitrato de amônio a 5%, adicionando-se um mL no dia do plantio, seguido por um mL aos 10, 20, 30 e 40 dias após. A coleta das plantas foi feita 50 dias depois do transplantio, durante período vegetativo. Determinou-se a massa de matéria seca após 72 horas a 60 ºC. Os nódulos foram destacados, contados e pesados.
        Os resultados indicaram que as estirpes E E Lages 15084 e E Trigo 200, 203 e 226, como as melhores (Tabela 1). A diferença de produção de matéria seca da parte aérea entre a testemunha nitrogenada e os tratamentos inoculados situou-se dentro do esperado, se comparada com outras simbioses rizóbio-leguminosas em ensaios sob condições de hidroponia (VOSS et al., 1983). Os resultados obtidos permitiram indicar essas estirpes para comporem inoculantes para A. latifolia, em caráter provisório devido à inexistência de estirpes recomendadas até o presente.
        A possibilidade de se confeccionar inoculante com essas estirpes disponibiliza um insumo indispensável para apoiar estudos que visam tornar essa leguminosa uma opção no melhoramento de campos naturais. Em 1998, as estirpes E E Lages 15084 e E trigo 226 foram homologadas pela VIII RELARE (Rede de Laboratórios para Recomendação, Padronização e Difusão da Tecnologia de Inoculantes Microbiológicos de Interesse Agrícola), para uso em inoculação de A. latifolia. Essas estirpes estão disponíveis na coleção do MIRCEN (FAO), sediado na FEPAGRO, Porto Alegre, RS.

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