Ministério da Agricultura e do Abastecimento
Embrapa Trigo ISSN 1517-4964
Comunicado Técnico Online
Nº 40, dez./99

Controle das doenças fúngicas da parte aérea de milho
Wilmar Cório da Luz 1

A cultura de milho no sul do Brasil é atacada por uma série de doenças, algumas das quais encontram-se amplamente distribuídas. As doenças fúngicas da parte aérea, consideradas até um passado recente como sem importância econômica, passaram a ocorrer com maior intensidade e freqüência no final deste século. Na Figura 1 são mostradas as perdas causadas pelas doenças fúngicas da parte aérea de milho no sul do Brasil nas últimas cinco safras. Perdas de 8 à 16 % no Rio Grande do Sul e de 15 a 19 % no Paraná foram detectadas. Além das perdas na produção, estas doenças podem causar perdas na qualidade, na palatabilidade e no valor nutritivo de grãos.

MEDIDAS GERAIS DE CONTROLE DAS DOENÇAS FÚNGICAS DA PARTE AÉREA DE MILHO

As medidas de controle das doenças fúngicas da parte aérea de milho, recomendadas para o sul do Brasil, são as seguintes:

Rotação e sucessão de culturas

Devido ao fato de que algumas doenças perpetuam-se em restos de cultura e/ou no solo, a prática de semeadura contínua de milho na mesma área não é recomendada. Isto se aplica particularmente ao cultivo mínimo ou ao sistema plantio direto. Essas doenças aumentam em monocultura ou em sucessão de culturas suscetíveis. Culturas de cereais de inverno, como cevada, trigo, centeio e triticale, são suscetíveis a Fusarium graminearum e não devem ser usadas na seqüência com milho, em que a doença é prevalecente. O efeito da rotação de culturas na fase final da cultura (na espiga) é, entretanto, pequeno. O objetivo desta prática é reduzir o potencial de inóculo do solo.

Uso de cultivares resistentes

O método mais fácil, seguro e econômico de controle às doenças é através da resistência varietal, a qual, quando conseguida, reduz a aplicação de outros meios de combate que normalmente encarecem a produção. Os híbridos recomendados para o Rio Grande do Sul apresentam grau variável no comportamento frente a maioria das doenças, embora não existindo híbrido ou variedade resistente a todas as doenças, cultivares com espigas bem cobertas de palha e madurando na posição virada para baixo, geralmente apresentam menos podridões. Híbridos com pericarpos finos são geralmente mais suscetíveis. Híbridos com alto teor de lisina podem ser mais suscetíveis à podridão de Fusarium spp.

Precocidade varietal

Híbridos de maturação precoce têm suas espigas menos suscetíveis à podridões associadas a grãos imaturos. A colheita deve ser feita mais cedo possível.

Semeadura em época correta

Seguir as épocas de semeadura recomendadas pela pesquisa. Evitar a semeadura em períodos de ocorrência de temperaturas baixas e em períodos de estiagem no desenvolvimento inicial da cultura.

Evitar altas densidade de plantas

Altas densidades de plantas aumentam a ocorrência de doenças na cultura. Recomenda-se quando da ocorrência de doenças em determinada área, que, no ano seguinte, a população de plantas seja reduzida.

Adubação

Deverá ser feita de acordo com a recomendação baseada na análise de solo. O desequilíbrio de nutrientes, especialmente no caso de excesso de nitrogênio ou deficiência de potássio, pode predispor ao surgimento de moléstias nas plantas de milho.

Tratamento de sementes

Além de sua proteção contra microorganismos de solo e de sementes causadores de podridão destas e de morte de plântulas, o uso de fungicidas na semente tem também a finalidade de diminuir o potencial de inóculo de algumas doenças da parte aérea de milho

Controle químico da parte aérea de milho

Doenças foliares e das espigas induzidas por fungos podem reduzir consideravelmente o rendimento de milho no sul do Brasil. Entretanto, o controle químico somente deve ser realizado em situações de altos rendimentos e na produção de sementes híbridas em que resultam benefícios.

Fungicidas devem ser usados como parte do sistema de manejo total. Fatores tais como seleção de híbridos, data de plantio, controle de plantas daninhas e de insetos, e fertilidade devem ser otimizados antes que o uso de fungicidas seja considerado para garantir alto potencial de rendimento. Em lavouras com potencial de rendimento inferior a 4.000 kg/ha, não devem ser aplicados fungicidas na parte aérea. A mancha branca da folha (mancha de Phaeosphaeria), as ferrugens comum e polysora e a mancha de Exserohilum estão entre as doenças mais comuns da folha. As podridões de Fusarium, giberela e a podridão branca são as mais comuns nas espigas. Na Tabela 1 são mostrados os fungicidas, doses, época e número de aplicações necessárias para controlar essas enfermidades.


1 Pesquisador da Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS. wilmar@cnpt.embrapa.br
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