Ministério da Agricultura e do Abastecimento
Embrapa Trigo ISSN 1517-4964
Comunicado Técnico Online
Nº 18, dez./99

Trigo brasileiro tem nova classificação: Novos critérios adotados a partir da safra de 1999
Pedro Luiz Scheeren 1
Martha Zavariz de Miranda 2

Para a safra brasileira de trigo de 1999, estão em vigor mudanças na norma que trata de identidade, qualidade, embalagem e apresentação de trigo produzido no país e destinado à comercialização interna. Ou seja, mudanças na Portaria 167, de 29 de julho de 1994, que tratava do assunto. A partir de reunião coordenada pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento(MAA), através da Gerência de Padronização e Classificação Vegetal, ocorrida em Porto Alegre, RS, nos dias 18 e 19 de junho de 1998, contando com a participação de representantes dos diferentes segmentos do complexo agroindustrial de trigo no Brasil, foi elaborada a Portaria 268, de 21 de setembro de 1998, da Secretaria de Desenvolvimento Rural do MAA. Esta portaria passou por um período de consulta pública, para validação, e foi substituída pela INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1, de 27 de janeiro de 1999, denominada NORMA DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO TRIGO.

A classificação de trigo é necessária para fins de padronização. A consistência de qualidade entre lotes oriundos de regiões ou safras diferentes é muito importante para o usuário do produto. Por isso, os principais países exportadores de trigo, embora com algumas diferenças, possuem sistemas próprios de classificação, visando a manter a identidade de seus produtos. A necessidade de maior aproximação com as classificações internacionais e a preocupação com a dubiedade de alguns termos utilizados, por exemplo trigo superior, que acaba diminuindo a importância de outras classes, foram motivadores para proposição de mudanças no atual sistema brasileiro de classificação de trigo.

Na nova classificação, trigo brasileiro foi enquadrado em cinco classes: trigo brando, trigo pão, trigo melhorador, trigo para outros usos e trigo durum. As quatro primeiras abrangem grãos provenientes da espécie Triticum aestivum L. e a última os grãos da espécie Triticum durumcomum, cujo produto era indicado para bolos, bolachas, confeitaria, pizzas, massa tipo caseira fresca e ração, acabava sendo confundida com o produto para alimentação animal. A atual classificação deverá corrigir este tipo de problema.

Na classe de trigo brando, são enquadrados os grãos de genótipos de trigo aptos para a produção de bolos, bolachas (biscoitos doces), produtos de confeitaria, pizzas e massa tipo caseira fresca. Na classe trigo pão, estão os grãos de genótipos de trigo com aptidão para a produção do tradicional pãozinho (tipo francês ou d'água) consumido no Brasil. Esse trigo, também pode ser utilizado para a produção de massas alimentícias secas, de folhados ou em uso doméstico, dependendo das suas características de força de glúten (W). A classe de trigo melhorador envolve os grãos de genótipos de trigo aptos para mesclas com grãos de genótipos de trigo brando, para fins de panificação, produção de massas alimentícias, biscoitos tipo "crackers" e pães industriais (como pão de forma e pão para hamburger). Nas classe trigo durum, especificamente os grãos da espécie Triticum durum L., estão os grãos de genótipos de trigo para a produção de massas alimentícias secas (tipo italiana). E, na última classe, estão os trigos para outros usos, que são aqueles destinados à alimentação animal ou outro uso industrial. Estes envolvem os grãos de genótipos de trigo com qualquer valor de W, mas não enquadrados em nenhuma das outras classes, por apresentarem número de queda (Falling Number) inferior a 200.

De modo geral, o mercado de farinhas de trigo no Brasil destina-se: à panificação (46%), ao uso doméstico (20%), a massas (14%), a biscoitos (8%), ao pão industrial (5%), a confeitaria (4%) e outros (3%).

A nova classificação passou a vigorar a partir da safra de 1999. Em seguida, são apresentadas as tabelas com valores para classes e tipos, conforme a antiga Portaria 167 e com valores publicados na Instrução Normativa Nº1, publicada no Diário Oficial da União, de 29 de janeiro de 1999.


1 Pesquisador da Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS. scheeren@cnpt.embrapa.br
2 Pesquisadora da Embrapa Trigo. marthaz@cnpt.embrapa.br
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