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Dezembro, 2002
Passo Fundo, RS

Resultados e discussão

Comparando o rendimento de grãos das cultivares liberadas entre os anos de 1940 a 1992 no Sul do Brasil, observou-se que o rendimento de grãos das cultivares mais modernas foi significativamente superior ao das mais antigas (Tabela 2). As mudanças no rendimento de grãos em função dos anos de lançamento das cultivares foram descritas por modelo quadrático: Y= 5,0397 – 0,1056 X + 0,001X2 ( p< 0,01) (Figura 1). Essa relação matemática sugere a ocorrência de dois períodos distintos no melhoramento do potencial de rendimento: um antes dos anos 70 e outro após. Tal comportamento diferencial pode ter sido decorrente de estratégias adotadas na seleção de plantas nesses períodos. Numa primeira fase, até próximo dos anos 70, o rendimento de grãos das cultivares liberadas no mercado foi igual ou semelhante ao das precedentes. A partir daí, as cultivares liberadas foram mais produtivas que as antecedentes. É possível que esse comportamento das cultivares lançadas nessa primeira fase seja reflexo do direcionamento do melhoramento na seleção para resistência/tolerância a doenças e ao alumínio tóxico, e não do aumento do potencial de rendimento de grãos. A seleção para qualidade de grãos é outro fator que poderia ter contribuído para o baixo avanço no potencial; contudo, nesse período, no Sul do Brasil, tal fator não mereceu grande esforço do melhoramento. Numa segunda fase, após os anos 70, o melhoramento parece ter sido direcionado para aumento no potencial de rendimento, associado a outras características de interesse. Esses resultados evidenciam também que o avanço no rendimento de grãos, a partir dos anos 70, não atingiu o limite, sugerindo que os programas de melhoramento podem aumentar significativamente o potencial de rendimento de grãos.

Com relação à evolução de altura das cultivares de trigo lançadas no período em estudo, constatou-se que as cultivares mais novas apresentaram redução de estatura, comparativamente a cultivares mais antigas, como Frontana, BH 1146 e Nobre (Tabela 2). Essa redução de estatura foi marcante com o lançamento da cultivar IAS 54, portadora do gene de nanismo, a qual representou um marco nessa caracterísitica, em relação às cultivares antigas estudadas. Comparativamente à cultivar IAS 54, as demais cultivares liberadas após apresentaram, de forma geral, uma elevação de altura (Tabela 2). Portanto, o aumento de rendimento de grãos, observado a partir da década de 70, parece não estar associado à seleção de genótipos de menor estatura.

Considerando o período de 1955 a 1992, no qual a análise de regressão linear entre rendimento de grãos e anos de lançamento das cultivares foi significativa (r = 0,871 , p< 0,01), calculou-se o ganho genético de 44,9 kg/ha/ano (Figura 2). Comparando-se o ganho genético obtido no Sul do Brasil com os valores de ganho genético apresentados por alguns países (Tabela 3), observa-se que na Inglaterra, nos EUA e na Austrália os ganhos genéticos foram menores. No entanto, deve ser considerado que esses valores são representativos de estudos que abrangeram cultivares liberadas em períodos superiores a um século. No Sul do Brasil, o ganho genético apresentado foi obtido nos últimos 40 anos, período em que a introdução de cultivares mais modernas e mais produtivas poderiam ter provocado maior impacto relativo no potencial de rendimento de grãos, dificultando a base de comparação. Por outro lado, comparando países como Argentina e Canadá, onde os ganhos genéticos foram obtidos nos últimos 50 anos, o ganho genético obtido no Sul do Brasil foi mais efetivo em aumentar o rendimento de grãos. Já, no México, o ganho genético determinado para as cultivares lançadas entre 1950 e 1982 indica valor superior aos obtidos pelos demais países. Esse elevado valor de ganho genético para trigo obtido no México tem sido atribuído ao efeito do gene de nanismo (Rht) e ao grande investimento realizado pelo CIMMYT no melhoramento genético de trigo. No entanto, se esse ganho genético for expresso como percentual em relação à média de rendimento de grãos do experimento (ganho genético relativo), observam-se valores de 0,90%/ano no México e de 1,10%/ano na Nova Zelândia, inferiores ao obtido no Sul do Brasil, que foi de 1,54%/ano. Esse elevado ganho genético relativo no rendimento de grãos de trigo foi mais evidente a partir da década de 70, com a introdução da cultivar IAS 54, contendo o gene Rht. À semelhança do México, esse gene pode ter sido a principal causa desse impacto no rendimento de grãos de trigo observado no Sul do Brasil a partir da década de 70.


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