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Dezembro, 2002
Passo Fundo, RS

Revisão de Literatura

A preocupação com os alarmantes índices de perdas na colheita, por problemas mecânicos, não é recente. A partir de meados da década de 1970, intensificaram-se as ações de pesquisa na busca de soluções para o problema.

Em 1980, o Ministério da Agricultura instituiu grupo de trabalho constituído de representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Companhia Brasileira de Armazenamento (CIBRAZEN) e Centro Nacional de Engenharia Agrícola (CENEA), para analisar os dados existentes sobre perdas de grãos em todo o processo, ou seja, colheita, pós-colheita, transporte e armazenamento. NETTO (1980), diante dos fatos apontados pelo grupo de trabalho acima descrito, concluiu ser recomendável a adoção imediata de um elenco de medidas, visando a alcançar reduções no índice de perdas de grãos durante a colheita e nas fases posteriores.

A partir desse documento balizador, muitas ações de pesquisa e extensão rural foram efetuadas, nos primeiros anos da década de 1980. EMBRAPA (1981) apresenta uma síntese dos trabalhos sobre perdas efetuados na safra 1980/81, para as culturas de arroz e de trigo. Os resultados dessa pesquisa são:

- Arroz de sequeiro - perdas de 2 a 6%, em média.

- Arroz irrigado - perdas de até 30%, em razão de atrasos na época de colheita.

- Trigo - perdas de 5%, em média.

PORTELLA (1981) em trabalho conjunto entre Embrapa, Emater-RS e cooperativas tritícolas concluiu que existe correlação entre nível de umidade de colheita, regulagem dos mecanismos internos da colhedora e índice de perdas. As perdas médias situaram-se em 4,73% sem regulagem dos mecanismos internos, passando para 3,01% com algumas regulagens básicas. Com 16% de umidade nos grãos, a percentagem de perdas foi de 5,24%, baixando para 1,78%, quando a umidade foi de 12% por ocasião da colheita.

FERNANDES (1981), na região da Grande Dourados, MS, mostra que 16 de 24 lavouras pesquisadas, apresentaram perdas abaixo de 5%; seis, entre 5 e 10% e apenas duas acima de 10%. Fato que mais chamou a atenção é que os operadores das colhedoras não estavam cientes das perdas na colheita e nem preocupados com elas.

MESQUITA e GAUDENCIO (1982) desenvolveram método para simplificar a análise de perdas na colheita, criando o copo medidor de perdas, através do método volumétrico de estimativa de perdas.

Igualmente preocupada com o excesso de perdas na colheita, a SLC (1988) publicou manual sobre como avaliar perdas de colheita e principais regulagens a serem observadas na colhedora, demonstrando a preocupação da indústria com o processo de redução de perdas para níveis aceitáveis, técnica e economicamente.

Algumas informações estão disponíveis a respeito do efeito do nível de umidade do grão, por ocasião da colheita antecipada, sobre algumas características do grão de trigo.

Muitos autores, entre os quais BRAGACHINI & BONETTO (1990) verificaram que o ajuste de parâmetros da colhedora, tais como velocidade de avanço, rotação do cilindro, abertura do côncavo e fluxo de ar, apresentaram resultados significativamente positivos.

Outro fator muito importante, não apenas quanto a perdas, mas também com relação à qualidade do grão colhido, é o nível de umidade do grão por ocasião da colheita. VAS & HARRISON (1969) e REED et al. (1974) demonstraram a influência do nível de umidade em perdas de grãos e perdas de qualidade dos produtos colhidos.

ABAWI (1993) estudando o efeito do nível de umidade do grão durante a colheita e a capacidade da colhedora, mostrou que o máximo retorno econômico foi obtido quando o grão de trigo foi colhido entre 19 e 15% de umidade e, então, secado artificialmente. Segundo esse estudo, o nível de umidade ótimo para colheita depende do tamanho da área a ser colhida e da capacidade da colhedora. Para pequenas áreas (ao redor de 50-100 hectares) o ponto ótimo situa-se entre 14 e 15% de umidade; para grandes áreas (acima de 500 hectares), o ponto de colheita ao redor de 17% de umidade maximiza o retorno econômico.

PORTELLA (1997) em 1995, em estudo preliminar, colheu trigo, cultivar BR 23 em duas condições de umidade: 18,1% e 26,4%. Na maior umidade, obteve perdas de 8,6%, enquanto, na menor umidade, as perdas baixaram para 5,1% (redução de 61%). Para comprovar esse resultado, em 1996, realizou estudo usando a cultivar Embrapa 52, em que iniciou a colheita quando os grão de trigo tinham 27,1% de umidade, encontrando 6,4% de perdas. Na última época de colheita, com umidade de13,5%, as perdas baixaram para 3,2%. No entanto, o índice de grãos quebrados foi inversamente proporcional ao nível de umidade dos grãos.

As perdas de grãos na colheita de trigo ocorrem de duas formas: a) perdas de pré-colheita; e b) perdas de colheita em razão de mau uso da colhedora.

Segundo DELOUCHE (1964) e CARVALHO & YANAI (1976), trigo atinge a maturação fisiológica (definida como o estádio de desenvolvimento em que as sementes alcançam máximo peso seco) com aproximadamente 30% de umidade no grão. A partir desse ponto, ocorre somente perda de água e o grão está em condições de ser colhido. A medida que o grão vai secando, as perdas de pré-colheita, ou seja, por debulha natural, por tombamento, por ataque de pássaros, por doenças e por outras adversidades climáticas, aumentam progressivamente.


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