Resumo

A qualidade genética/industrial da cultura de trigo tem sido prejudicada em função do processo de colheita e da época de colheita. Na colheita de grãos, podem ocorrer perdas expressivas. O índice médio de perda por problemas mecânicos na cultura de trigo, segundo levantamento do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, é de 5% (Brasil, 1993). Objetivou-se, neste trabalho, avaliar a influência do ponto de colheita de trigo para garantir a qualidade genética/industrial, minimizar o efeito do ambiente, reduzindo perdas no processo de colheita mecânica, e diagnosticar os pontos críticos de perdas nas colhedoras (plataforma, mecanismo de corte, mecanismo de captação, trilha, limpeza e separação). A meta foi reduzir o índice médio de perdas para o patamar de 3% de perdas totais (somatório de perdas quantitativas [perdas de grãos] e de perdas qualitativas [grãos danificados pela ação dos mecanismos da colhedora] ). Verificou-se que as perdas médias na plataforma de corte representaram 34% da perda total de grãos, enquanto os mecanismos de trilha e separação perfazem por 66% das perdas. O nível de umidade ideal para colheita de trigo situa-se ao redor de 16%+/-2% e pode ser considerado referência para colheitas com menor perda quantitativa. Há interação acentuada entre nível de perda de grãos na colheita e umidade do grão. Observou-se, do mesmo modo, que nos diferentes níveis de umidade de colheita, alguns ajustes devem ser efetuados na "regulagem básica" de uma colhedora. Os mais importantes são abertura (folga) do cilindro/côncavo e rotação do cilindro, responsáveis pela perda qualitativa do grão colhido. O menor dano físico à semente de trigo ocorreu quando a colheita foi realizada com umidade de 16%, regulando-se a colhedora MF-3640 com folga de 15 x 8 mm entre cilindro e côncavo e 900 rpm de rotação do cilindro. Com esse procedimento, houve redução de 88% no índice de perdas qualitativas.