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Dezembro, 2001
Passo Fundo, RS

Inoculação de Bradyrhizobium em soja, em sistema plantio direto, em áreas inoculadas anteriormente, no Planalto Médio do RS

Marcio Voss1

Introdução

A região fisiográfica do Planalto Médio localiza-se no Norte-nordeste do Rio Grande do Sul e é a maior produtora de soja do estado. Poucas áreas dessa região ainda não foram cultivadas com essa leguminosa. Uma das razões da adoção extensiva de soja reside na capacidade de obter nitrogênio através da fixação biológica em simbiose com rizóbio, dispensando o uso de adubação nitrogenada. O rizóbio de soja, tecnicamente chamado Bradyrhizobium ellkanii ou Bradyrhizobium japonicum, é um microrganismo que, além de viver em simbiose com leguminosas, apresenta capacidade de colonização saprofítica. Uma vez introduzido em um local, via sementes contaminadas naturalmente ou por inoculação, multiplica-se na rizosfera e nos nódulos e sobrevive, após a cultura de soja, de forma independente da presença de seu hospedeiro simbiótico, constituindo-se em componente numeroso da população microbiana do solo (Weaver & Frederick, 1974). O rizóbio estabelecido no solo compete com o rizóbio inoculado por sítio de nodulação. Verificou-se, em estudos efetuados no Rio Grande do Sul, que a reinoculação não proporcionou a totalidade de nódulos formados nas raízes de soja, mesmo usando-se estirpes competitivas por sítio de nodulação (Vidor et al., 1983; Oliveira & Vidor, 1984), e um dos motivos reside no fato de que as raízes, à medida que crescem, afastam-se do ponto de inoculação e são infectadas pela população de Bradyrhizobium residente, distribuída mais amplamente no solo. Por isso, em solo com população estabelecida de Bradyrhizobium as respostas à inoculação são pouco freqüentes. Weaver e Frederick, (1974) estimaram que há necessidade de inocular 1.000 vezes mais rizóbio na semente do que o número de rizóbio no solo para que as estirpes inoculadas superem as do solo no número de nódulos. Logicamente, para que essa nodulação com as estirpes recomendadas proporcione aumento de rendimento de grãos em soja, estas têm de ser mais eficientes do que as do solo. Como as estirpes mais utilizadas nos inoculantes comercializados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina são as mesmas de 1979, com elevada capacidade competitiva e potencial de fixação biológica de nitrogênio, em locais onde houve inoculação em soja, elas já se estabeleceram no solo, e esperar-se-ia resposta à inoculação apenas se essas estirpes estabelecidas perdessem seu potencial ou que a quantidade de células dessas estirpes, no solo, fosse muito baixa. Mas, em áreas sob sistema plantio direto, predominantes no Planalto Médio, espera-se maior quantidade de rizóbio no solo do que nas áreas sob preparo convencional, conforme demonstrado por Andrade et al., 1993. Voss e Sidiras (1985) encontraram, em ensaios em Londrina e em Carambeí, PR, maior nodulação em plantio direto do que em preparo convencional e atribuíram o resultado à soma de efeitos favoráveis à fixação simbiótica de nitrogênio e manutenção de rizóbio no solo, tais como maior umidade e menor temperatura máxima, manutenção da estrutura física e de níveis elevados de fósforo.

Para dirimir as dúvidas que estas considerações trazem a respeito da real contribuição da reinoculação com Bradyrhizobium nas condições do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, sob sistema plantio direto, em solo com população estabelecida de Bradyrhizobium, três experimentos foram instalados, sendo dois em Passo Fundo e Coxilha, com diversas combinações das estirpes recomendadas para soja no Brasil, e um experimento em Marau, em local adjacente ao que foi instalada uma unidade de observação dois anos antes, e na qual se verificou acréscimo em rendimento de grãos da soja inoculada. Essa unidade de observação foi conduzida sem repetições (Balotin, J.C., comunicação pessoal, 1998).


1Pesquisador da Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, 99001-970 Passo Fundo, RS. E-mail: voss@cnpt.embrapa.br


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