Embrapa Trigo Circular Técnica Online Nº 1, nov./99

Resultados e Discussão

A eficiência de glifosate no controle de B. plantaginea foi influenciada tanto pela dose como pelo volume de calda de aplicação, pela presença de orvalho e pelas condições de ambiente. Todas as interações (dose x orvalho, dose x volume, orvalho x volume e dose x orvalho x volume) foram significativas. Efeitos fitotóxicos visíveis foram observados em todos os tratamentos. Os efeitos observados indicaram que a fitotoxicidade aumentou com a dose, com a diminuição do volume de calda de aplicação e com a ausência de orvalho.

O controle de B. plantaginea variou de 20 % a 100,0 % aos 20 DAT (Tabela 1). O efeito de doses foi significativo e os controles médios da espécie foram de 33,1, 62,4 e 93,7 %, nas respectivas doses de 90, 180 e 360 gramas de equivalente ácido por hectare (Figura 1). Os sintomas de toxicidade à planta daninha foram amarelecimento e necrose da parte aérea, característica de produtos cujo modo de ação ocorre na inibição da síntese de aminoácidos e cuja intensidade varia em função da dose do produto. Nas doses maiores, o aparecimento de sintomas foi mais rápido e mais intenso, com necrose de tecidos, enquanto na dose mais baixa (90 g) os sintomas foram amarelecimento e diminuição do crescimento da planta, observando-se visualmente uma menor estatura destas.

O volume de diluente (água) influenciou a eficiência de glifosate. O controle da espécie daninha diminuiu com o aumento do volume. Por exemplo, o controle médio de B. plantaginea foi de 66 % com 100 litros de calda por hectare, enquanto esse controle baixou para 60 % quando o volume foi aumentado para 200 litros de calda por hectare (Figura 2 e 3).

A eficiência de glifosate foi reduzida quando aplicado na presença de orvalho, em todas as doses do herbicida ( Figuras 4 e 5). O controle médio da espécie na ausência de orvalho foi de 75,8 %, enquanto na presença de orvalho o controle médio foi de 50,4 %. O efeito negativo dessa variável de ambiente na eficiência de glifosate foi mais pronunciado nas doses menores do produto (90 e 180 g de equivalente ácido) que na dose maior testada (360 g de eq. ácido) e que pode ser atribuído à diluição e ao escorrimento do produto pela água presente sobre a folhagem, principalmente quando usou-se a maior quantidade de calda (200 litros por hectare) ( Figura 4). No entanto, as características da superfície das folhas de espécies diferentes podem alterar a retenção da calda e o escorrimento do herbicida. Em Digitaria sanguinalis (L.) Scop., por exemplo, a presença de grandes quantidades de pêlos nas folhas e nos colmos podem favorecer a retenção de maiores quantidades de calda herbicida e, dessa forma, reduzir as perdas por escorrimento.

Embora a temperatura e a umidade relativa sejam variáveis importantes para a eficiência de herbicidas, a presença de água sobre a folha, na forma de orvalho, provocou reduções dos níveis de controle da espécie, provavelmente devido à diluição e ao escorrimento do produto das folhas, efeitos que foram mais evidentes quando foram usadas as doses mais baixas, aplicadas com o maior volume de calda de pulverização. Assim, houve efeito significativo da interação entre dose, volume e presença de orvalho. Sob condições adequadas ao crescimento de plantas daninhas e à aplicação de herbicidas, o controle de B. plantaginea com doses reduzidas de glifosate pode ser maximizado pela redução do volume de calda e pela aplicação do produto na ausência de orvalho. Nessas condições, é possível reduzir os custos de controle dessa espécie. A presença ou ausência de orvalho pode ser importante indicador na tomada de decisão sobre a aplicação do herbicida glifosate.


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