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Dezembro, 2002
Passo Fundo, RS

Resultados e Discussão

A) Criação de cultivares de trigo precoces em áreas e épocas de semeadura tradicionais para a região tritícola sul-brasileira

A continuidade dos trabalhos de melhoramento decorre da necessidade permanente de criação de cultivares, pois o rendimento de grãos de uma cultivar entregue aos produtores tende a declinar com o cultivo intensivo da mesma. Além disso, há demanda crescente por cultivares com maior rendimento de grãos e/ou mais tolerantes aos estresses bióticos e abióticos e, mais recentemente, tornou-se necessário e urgente o desenvolvimento de cultivares com qualidade industrial demandada pela indústria.

Pelo processo convencional, foram selecionadas no campo 122 novas linhagens em 1999, 130 linhagens em 2000 e 118 linhagens em 2001. Pelo processo de linhas duplo-haplóides com uso de pólen de milho na indução dos haplóides e posterior duplicação dos cromossomos pela colchicina, foram produzidas 61 novas linhagens em 1999, 191 linhagens em 2000 e 96 linhagens em 2001.

A.1) Indicação para cultivo de novas cultivares de trigo

1) Cultivar de trigo BRS 177

A cultivar BRS 177, conhecida anteriormente como PF 9293, foi recomendada para cultivo no RS e no PR a partir de 1999, e em SC a partir de 2000. A cultivar é descendente do cruzamento 'PF83899 / PF 813 // F27141'. O cruzamento e a seleção da linhagem foram realizados em Passo Fundo. BRS 177 é cultivar de ciclo médio, com destaque para rendimento de grãos, tipo agronômico e resistência às doenças.

Apresenta estatura média, espigas aristadas e glumas brancas. A folha bandeira é do tipo intermediário. Apresenta grão ovalado, vermelho-claro. Quanto à qualidade industrial, é enquadrada na classe comercial `Brando´. É moderadamente resistente ao crestamento, à germinação do grão na espiga e ao acamamento. BRS 177 foi avaliada como resistente à ferrugem do colmo e à mancha bronzeada, moderadamente resistente à mancha da gluma, à giberela e ao vírus do mosaico do trigo. Em 1999, apresentou rendimento de grãos de 3.001 kg/ha, segundo a média de 16 experimentos, conduzidos em várias localidades do Rio Grande do Sul, referentes ao Ensaio Estadual de Trigo, organizado pela CSBPT. Esse rendimento representa 106% em relação a CEP 27-Missões, cultivar de maior área de cultivo no Rio Grande do Sul nos últimos anos. Em 2000, produziu 3.027 kg/ha na média de 17 experimentos do EEC, representando rendimento de 114% em relação a CEP 27. Em 2001, rendeu 2.746 kg/ha na média de 15 experimentos do EEC, representando rendimento de 110% em relação à CEP 27.

BRS 177 obteve o certificado de proteção de cultivar (CP00283) junto ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura e do Abastecimento em 11/4/2001.

2) Cultivar de trigo BRS 179

A cultivar BRS 179, conhecida anteriormente como PF 92140, foi recomendada para cultivo no RS a partir de 1999, e em SC a partir de 2000. É cultivar descendente do cruzamento 'BR 35 / PF 8596 /3/ PF 772003*2 / PF 813 // PF83899'. O cruzamento e a seleção da linhagem foram realizados em Passo Fundo. A cultivar destaca-se pelo rendimento de grãos e pela resistência geral às doenças, em especial para giberela. Apresenta ciclo curto a médio, com estatura média a alta, espigas aristadas e glumas brancas. A folha bandeira é do tipo intermediário. Apresenta grão ovalado, vermelho. Quanto à qualidade industrial, é enquadrada na classe comercial `Brando´. Tem a tendência de apresentar peso do hectolitro elevado. É resistente à germinação do grão na espiga e moderadamente suscetível ao acamamento. BRS 179 foi avaliada como resistente à ferrugem do colmo, resistente a moderadamente resistente à ferrugem da folha, moderadamente resistente à mancha da gluma, à mancha bronzeada, à mancha marrom e à giberela e moderadamente suscetível ao vírus do mosaico do trigo. Em 1999, apresentou rendimento de grãos de 2.974 kg/ha, segundo a média de 17 experimentos, conduzidos em várias localidades do Rio Grande do Sul, referentes ao Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo, organizado pela CSBPT. Esse rendimento representa 105% em relação a CEP 27-Missões. Em 2000, produziu 3.143 kg/ha na média de 17 experimentos do EEC, representando rendimento de 109% em relação a CEP 27. Em 2001, rendeu 2.621 kg/ha na média de 15 experimentos do EEC, representando rendimento de 105% em relação a CEP 27.

BRS 179 obteve o certificado de proteção de cultivar (CP00290) junto ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura e do Abastecimento em 27/4/2001.

3) Cultivar de trigo BRS 194

A cultivar BRS 194, conhecida anteriormente como PF 92231, foi recomendada para cultivo nos estados do RS e de SC, em 2000. É descendente do cruzamento 'CEP 14 / BR 23 // CEP 17'. O cruzamento e a seleção foram realizados em Passo Fundo. BRS 194 é cultivar de ciclo curto, de boa resistência à germinação do grão na espiga e resistente a várias doenças.

Possui ciclo precoce, com estatura média, espigas aristadas e glumas brancas. A folha bandeira é do tipo ereto. Apresenta grão ovalado, vermelho. Quanto à qualidade industrial, é enquadrada na classe comercial 'Brando’, segundo classificação preliminar. Tem a tendência de apresentar peso do hectolitro elevado. É resistente ao crestamento e à germinação do grão na espiga e moderadamente resistente ao acamamento. BRS 194 foi avaliada como resistente à ferrugem do colmo e ao vírus do mosaico do trigo, resistente a moderadamente resistente à ferrugem da folha, moderadamente resistente à mancha bronzeada e suscetível à giberela e à mancha marrom. Em 1999, apresentou rendimento de grãos de 2.964 kg/ha, segundo a média de 22 experimentos, conduzidos em várias localidades do Rio Grande do Sul, referentes ao Ensaio Sul-Brasileiro de Linhagens de Trigo, organizado pela CSBPT. Esse rendimento representa 106% em relação a CEP 27-Missões. Em 2000, produziu 2.995 kg/ha, na média de 17 experimentos do EEC, representando rendimento de 104% em relação a CEP 27. Em 2001, rendeu 2.727 kg/ha na média de 15 experimentos do EEC, representando rendimento de 109% em relação a CEP 27.

BRS 194 obteve o certificado de proteção de cultivar (CP00284) junto ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura e do Abastecimento em 11/4/2001.

4) Cultivar de trigo BRS Angico

A cultivar BRS Angico (linhagem PF 960198), presente no Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU) da Embrapa Trigo, foi indicada para cultivo no Rio Grande do Sul em 2002 com base no desempenho apresentado nos ensaios de competição de linhagens conduzidos no período 1999-2001. Apresenta tipo agronômico destacado, com resistência ao acamamento e destaque em relação ao rendimento de grãos. É genótipo da classe comercial `Brando´.

Descende do cruzamento "PF 87107/2*IAC 13", realizado em 1991. É cultivar desenvolvida pela Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS, lançada em 2002 para cultivo no Rio Grande do Sul. Tem ciclo precoce, com estatura média a baixa, espigas aristadas e glumas brancas. A folha bandeira é do tipo intermediário. Apresenta grão ovalado, vermelho. Quanto à qualidade industrial, é enquadrada na classe comercial 'Brando’, segundo classificação preliminar. É classificada, também preliminarmente, como moderadamente suscetível à germinação do grão na espiga, resistente ao crestamento e resistente a moderadamente resistente ao acamamento. BRS Angico foi avaliada como moderadamente resistente ao vírus do mosaico do trigo, resistente a moderadamente suscetível à ferrugem da folha e moderadamente suscetível ao oídio, à mancha da gluma e à giberela. Em 1999, apresentou rendimento de grãos de 3.184 kg/ha, segundo a média de 14 experimentos, conduzidos em várias localidade do Rio Grande do Sul, referentes ao Ensaio Regional B de Linhagens de Trigo, organizado pela CSBPT. Esse rendimento representa 110% em relação a CEP 27-Missões. Em 2000, produziu 2.889 kg/ha na média de 19 experimentos do Ensaio Sul-Brasileiro de Linhagens de Trigo, representando rendimento de 103% em relação a CEP 27. Em 2001, rendeu 3.410 kg/ha na média de 8 experimentos do EVCU, representando rendimento de 117% em relação a CEP 27.

5) Cultivar de trigo BRS Timbaúva

A cultivar BRS Timbaúva (linhagem PF 950419), presente no Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU) da Embrapa Trigo, foi indicada para cultivo no Rio Grande do Sul em 2002 com base no desempenho apresentado nos ensaios de competição de linhagens conduzidos no período 1999-2001. Foi selecionada a partir do cruzamento simples BR 32/PF 869120. Pode ser considerada de altura média/alta, apresentando ciclo curto (143 dias da emergência à maturação). Caracteriza-se por apresentar elevado peso do hectolitro e grão vermelho vítreo, sendo um genótipo da classe comercial `Brando´. Esta cultivar tem se destacado pelo rendimento de grãos e bom comportamento (com reação moderadamente resistente) para septoriose da gluma, para giberela e para vírus do mosaico do trigo.

Observação:

O desempenho destacado das novas cultivares, após o lançamento, é evidenciado pelos resultados do Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo do Rio Grande do Sul (tabelas 1, 2 e 3) de 1999 a 2001. Avanços também foram obtidos em relação a estresses abióticos e bióticos. BRS 177 e BRS 179 destacam-se pela resistência à giberela, e BRS 194, pela resistência à ferrugem da folha, ao oídio e ao mosaico do trigo. As três cultivares são resistentes à ferrugem do colmo e moderadamente resistentes à mancha da gluma. BRS 194 destaca-se pela rusticidade e resistência ao crestamento, causado principalmente pela toxicidade do alumínio no solo. BRS 179 e BRS 194 têm apresentado valores de peso do hectolitro destacados. BRS Angico destaca-se por excelente tipo agronômico, resistência ao acamamento e rendimento de grãos. BRS Timbaúva salienta-se pela rusticidade, pela sanidade de espiga e pela ampla adaptação.

A.2) Competição de linhagens e de cultivares de trigo

Com a formação da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo em 1969, foi estabelecido um sistema de avaliação uniforme e cooperativo. Após a realização dos ensaios preliminares, as linhagens mais destacadas das instituições cooperantes eram promovidas aos ensaio Regional e Sul-Brasileiro, nos quais permaneciam, no mínimo, por dois anos. Com base nesses dados e informações suplementares, a linhagem poderia ser recomendada para cultivo. As novas cultivares participavam então do ensaio Estadual de Cultivares (EEC). Nos últimos anos, por meio deste trabalho, os ensaios sob responsabilidade da Embrapa Trigo foram conduzidos em Passo Fundo, em Selbach, em Lagoa Vermelha e em Vacaria. Nas três últimas localidades, a condução dos ensaios conta com a participação da Fundação Pró-Sementes desde 2000. Os resultados obtidos no EEC, nas três localidades de responsabilidade da Embrapa Trigo e no geral de todas as localidades, são apresentados nas tabelas 1, 2 e 3. A análise do EEC, junto com outras informações, auxilia na tomada de decisão das cultivares a serem mantidas, indicadas para cultivo, reclassificadas em categoria de preferencial para tolerada ou mesmo retiradas de cultivo. Em 2001, as linhagens de trigo da Embrapa deixaram de participar dos ensaios cooperativos Regional e Sul-Brasileiro, passando a ser organizado pela Embrapa Trigo o Ensaio de Linhagens de Trigo para Determinação do Valor de Cultivo e Uso (VCU-Trigo Sul). O número de linhagens avaliadas no período 1999-2001, os respectivos ensaios e etapas de avaliação e o número de cultivares lançadas estão relacionadas no Quadro 1.

B) Criação e avaliação de cultivares e de linhagens de trigo adaptadas a solos hidromórficos em clima temperado

A avaliação dos resultados acumulados permitiu, em 2000, na XXXII Reunião da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo:

a) extensão de recomendação de cultivo, para solos aptos ao cultivo de arroz irrigado, das cultivares BRS 120, BRS 177 e Fundacep 30;

b) lançamento das cultivares Fundacep 31, Fundacep 32 e BRS 194, nas Regiões Triticolas 7 e 8.

C) Desenvolvimento de cultivares de trigo adaptadas ao plantio antecipado e ao duplo propósito

Considerando os problemas e as demandas formuladas para a região tritícola sul-brasileira, as linhagens selecionadas representativas do ecoideotipo de trigo visado, podem, pelo ciclo idealizado, contribuir para: 1. maior conservação do solo, diminuição na lixiviação de nutrientes e menor poluição; 2. menor exposição da resteva de verão; 3. escape a geada no florescimento; 4. aumento no potencial produtivo pelo período vegetativo e biomassa aérea e radicular maiores; 5. maior estabilidade de produção pela diversificação de ciclos e épocas de semeadura; 6. adaptação ao duplo propósito; 7. opção ao uso extensivo da aveia preta; 8. adequação ao sistema trigo-soja; 9. diversificação de renda, redução de custos e agregação de flexibilidade e sustentabilidade ao sistema de produção. Neste trabalho, foram selecionadas e testadas linhagens com ciclo tardio-precoce (fase emergência-floração longa e precoce na maturação) e que apresentaram caracteres agronômicos, fitossanitários e industriais favoráveis e adaptação ao plantio antecipado para cobertura de solo, produção de forragem e grão.

C.1) Seleção de progênies de plantas para produção de grãos e sob pressão de pastejo e de linhagens duplo-haplóiedes

Foram realizadas hibridações simples, triplas e duplas, envolvendo genótipos de ciclo longo, invernal ou facultativo, visando a obter variabilidade para ciclo mais longo até a floração, com ênfase na exigência em fotoperíodo e na incorporação de características agronômicas, fitossanitárias e industriais favoráveis presentes no germoplasma de ciclo precoce tradicionalmente utilizado.

Do germoplasma proveniente das hibridações artificiais, após seleção em campo e em laboratório, foram selecionadas plantas nas diferentes gerações de F2 a geração avançada, em plantio antecipado para grão e sob pressão de seleção por pastoreio. Assim, selecionaram-se plantas adaptadas ao plantio antecipado e ao duplo propósito, oriundas de populações híbridas conduzidas sob sistema massal ou genealógico de seleção.

As atividades envolveram: a) pré-seleção e seleção final para ciclo, doenças e características agronômicas nas populações semeadas em baixa densidade de semeadura; b) pastoreio nas áreas com material segregante conduzido para duplo propósito, seguido de pré-seleção e seleção final para ciclo, doenças e características agronômicas; c) colheita em massa das populações semeadas em densidade normal para avanço de geração e ação da seleção natural; d) seleção de grão e testes de sedimentação em parte das plantas selecionadas previamente em campo.

Assim, no período 1999-2001, sob condições de semeadura antecipada e plantio direto, em áreas com e sem pastoreio, realizaram-se pré-seleção e seleção final para ciclo, doenças e características agronômicas e seleção de grãos, em que foram selecionadas 169, 69 e 92 linhagens, em 1999, 2000 e 2001, com ciclo tardio-precoce para competirem em ensaios preliminares de rendimento.

Em trabalho conjunto com o Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Trigo, obtiveram-se linhagens duplo-haplóides, via gimnogênese, através de cruzamentos com milho, visando a acelerar a produção de linhagens. Após a multiplicação dessas sementes, elas foram conduzidas em campo em parcelas de observação, para avaliação de características agronômicas, fitossanitárias e industriais, e os melhores genótipos foram promovidos para ensaios preliminares de rendimento.

C.2) Avaliação de genótipos de trigo em plantio antecipado para cobertura de solo e produção de grãos:

O elevado rendimento de grãos obtido nos genótipos mais destacados no período 1999-2001, em Passo Fundo, em Vacaria, em Guarapuava e em Castro, especialmente em 1999 em Passo Fundo (oito melhores variando de 6 a 7 ton/ha), e em Castro (sete melhores variando de 6.738 a 7.984 kg/ha), evidenciou potencial de otimização do rendimento de grãos em plantio antecipado (tabelas 4 e 5).

C.3) Avaliação de genótipos de trigo para duplo propósito (produção de forragem e grão):

No período 1999-2001, observou-se variabilidade genética em trigo, mostrando genótipos com rendimento de forragem acima do da aveia preta comum e rendimento de grãos mais elevado que a média das cultivares de trigo precoces testemunhas, nos tratamentos sem corte e com corte. Esses resultados demonstram o potencial das novas linhagens de trigo desenvolvidas com o ciclo idealizado para substituição parcial da aveia preta como cobertura verde em plantio direto, na produção de forragem e na adaptação ao duplo propósito.

Os cortes não produziram redução acentuada no PH, retardaram o ciclo e reduziram a estatura dos genótipos, o que pode representar vantagens para cereais pastejados em áreas que propiciem acamamento.

C.4) Indicação para cultivo de novas cultivares de trigo

  • Cultivar de trigo BRS 176
  • Em 1999, foi recomendado o trigo BRS 176 (tabelas 6 e 7) para cultivo em plantio antecipado, visando à produção de grãos na região tritícola 8 do Paraná (centro-sul). A adaptação dessa cultivar à região recomendada é ilustrada pelos resultados obtidos em 2001 nos ensaios de rendimento (2º melhor rendimento do ensaio, com 6.130 kg/ha) e pelo excelente desempenho nas Faixas Demonstrativas Regionais de Cereais de Inverno conduzidas pela Fapa (tabelas 8 e 9).

    BRS 176, origina-se do cruzamento Hulha Negra/CNT 7//Amigo/CNT 7 e tem ciclo considerado tardio para esse estado, e com base no Índice Heliotérmico de Geslin para o subperíodo emergência-espigamento, foi enquadrada no grupo bioclimático semitardio. No período 1994-97, essa cultivar apresentou, em Guarapuava, média de 98 dias da emergência ao espigamento, relativamente à de 88 dias de Trigo BR 23. A cultivar BRS 176 apresenta hábito vegetativo intermediário, coloração das aurículas heterogênea, altura média de planta (100 cm, em Guarapuava), folha bandeira ereta, espigas fusiformes, aristadas e claras e grãos vermelhos, ovalados, com textura suave. Comporta-se como moderadamente suscetível ao acamamento, resistente à debulha natural e moderadamente resistente à germinação na espiga e ao crestamento. Para ferrugem da folha, mostra suscetibilidade ou desuniformidade, em plântula, sob condições controladas, à maioria das raças, que se expressa em níveis mais baixos em condições de campo. É resistente à ferrugem do colmo, em campo, e a todas as raças em plântula, sob condições controladas. Para oídio, é suscetível em condições controladas e moderadamente resistente em campo. Apresenta reação moderadamente suscetivel para septoriose da gluma e para giberela, suscetível para o vírus do nanismo amarelo da cevada e moderadamente resistente para o vírus do mosaico do trigo. Foi classificada preliminarmente como trigo brando, com uso indicado para biscoito, confeitaria, pizza, massa tipo caseira fresca, mescla com trigo pão e/ou melhorador para panificação e/ou uso doméstico. Testada em Guarapuava e em Carambeí, no Paraná, em ensaio de plantio antecipado para duplo propósito (forragem e grão), no período 1994-98, a cultivar apresentou, na média dos anos, rendimento de matéria seca, com "um corte" e "dois cortes", superior em 24% e 18%, respectivamente, ao da aveia preta Comum. Para rendimento de grãos, mostrou percentuais superiores à média das testemunhas precoces (trigos testemunhas Embrapa 16, BR 23 e CEP 24), em 16%, 37% e 128% nos tratamentos "sem corte", "um corte" e "dois cortes", respectivamente . Comparando especificamente com a média dos genótipos de trigo precoces "sem corte" (2.966 kg/ha de grãos), que é a condição normal das lavouras, apresentou rendimento médio de grãos de 3.451 kg/ha (sem corte), 3.483 kg/ha de grãos + 1.470 kg/ha de matéria seca (um corte) e 2.104 kg/ha de grãos + 2.506 kg/ha de matéria seca (dois cortes). BRS 176 obteve o certificado de proteção de cultivar (CP00280) junto ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura e do Abastecimento em 27/04/2001.

  • Cultivar de trigo BRS Figueira
  • Parte dos resultados descritos, obtidos em semeadura antecipada no período 1999-2001, permitiram recomendação da cultivar de trigo tardio-precoce BRS Figueira (tabelas 10, 11 e 12) para produção de grãos no Rio Grande do Sul, na XXXIV Reunião da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo.

    Tem ciclo considerado semitardio para esse estado e é proveniente do retrocruzamento Coker 762*2/CNT8. No período 1999-2001, essa cultivar apresentou, em Passo Fundo, média de 100 dias da emergência ao espigamento, relativamente a 88 dias de Trigo BR 23. A cultivar BRS Figueira apresenta hábito vegetativo intermediário, coloração das aurículas predominantemente incolor, altura média-baixa de planta (86 cm, em Passo Fundo), folha bandeira ereta, espigas fusiformes, aristadas e claras e grãos vermelhos, ovalados, com textura suave. Comporta-se como moderadamente resistente a moderadamente suscetível (dependendo do nível de fertilidade do solo) ao acamamento e moderadamente resistente à debulha natural e ao crestamento. Para ferrugem da folha, sob condições controladas, mostra resistência em plântula às raças avaliadas que representam a virulência no Brasil, exceto à B 37, com nota 3. Em campo, caracteriza-se como R/MS, comportando-se como resistente na maioria das avaliações a moderadamente suscetível em condições de inoculação artificial, em que, ao longo dos anos, a nota máxima de reação foi de 20 S para algumas plantas. Para oídio, comporta-se como resistente em campo e em condições controladas. Apresenta reação moderadamente suscetivel para septoriose da gluma e giberela e suscetível para vírus do mosaico do trigo. É classificada preliminarmente como moderadamente resistente ao crestamento. Foi classificada como trigo brando, com uso indicado para biscoito, confeitaria, pizza, massa tipo caseira fresca, mescla com trigo pão e/ou melhorador para panificação e/ou uso doméstico. Testada no Rio Grande do Sul (Passo Fundo, Cruz Alta, São Borja, Uruguaiana e Vacaria) e no Paraná (Guarapuava, Castro e Ponta Grossa), em ensaio de plantio antecipado para duplo propósito (forragem e grão), no período 1999-2001, a cultivar apresentou, na média de anos e locais, rendimento de matéria seca, com "um corte" (1.651 kg/ha), superior em 23% ao da aveia preta Comum. Para rendimento de grãos, mostrou percentuais superiores à média das duas melhores testemunhas precoces por local (entre as cultivares de trigo BR 23, BR 35, CEP 24, CEP 27 e OCEPAR 21), em 27% e 39% nos tratamentos "sem corte" e com "um corte", respectivamente. Comparando especificamente com a média das cultivares precoces "sem corte" (2.781 kg/ha de grãos), que é a condição normal das lavouras, apresentou rendimento médio de grãos de 3.943 kg/ha (sem corte) e 3.062 kg/ha de grãos + 1.651 kg/ha de matéria seca (um corte).

    D) Experimentação de cultivares e de linhagens de trigo no Rio Grande do Sul pela Fepagro

    Nesta atividade de pesquisa conduzida pela Fepagro, foi avaliada, no período 1999-2001, a produtividade das linhagens da Fepagro em ensaios preliminares e preliminares em rede e efetivada a participação na execução dos ensaios da rede da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo (ensaios regionais, sul-brasileiro e estadual de cultivares).

    Os testes realizados pela Fepagro, no período 1999-2001, nos locais de sua responsabilidade de execução contribuíram também para promoção e eliminação de linhagens e indicação de cultivares de diferentes instituições de pesquisa que trabalham com melhoramento de trigo no RS. Os dados obtidos nesse trabalho da Fepagro foram apresentados nas diferentes reuniões da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo no RS e em SC. Em decorrência das atividades desenvolvidas pela Fepagro, em 1999 foi estendida a indicação da cultivar de trigo Fepagro 15 para o estado de Santa Catarina.

    1) Cultivar de trigo Fepagro 15 -

    Fepagro 15 é cultivar de trigo de ciclo precoce, estatura média, hábito vegetativo ereto, com posição da folha bandeira ereta, aurículas incolores, diâmetro do colmo fino. Apresenta espigas aristadas, semicurtas e semi-laxas com coloração clara, forma do ombro reta e grãos apresentando forma de ovalada a elíptica. Comporta-se em campo, como moderadamente resistente à ferrugem da folha, à septoria da gluma e ao oídio e moderadamente suscetível à giberela e à helmintosporiose. Apresenta glúten fraco, tendo uso sugerido na fabricação de bolacha, biscoito, confeitaria, pizza, massa tipo caseira fresca, ração e mescla com cultivares de trigo de tipo pão ou melhoradores para panificação e/ou uso doméstico. A cultivar foi caracterizada como portadora da baixa atividade enzimática na determinação do Índice de Queda (que serve de indicativo de germinação na espiga). No período 1995-97, apresentou rendimento médio de grãos, no estado do Rio Grande do Sul, de 2.618 kg/ha.

    A cultivar de trigo Fepagro 15 teve área plantada de 40.000 hectares em 2001, o que representa indicativos de aceitação e estabilidade na lavoura.

    E) Avaliação de linhagens e de cultivares de trigo no Estado de Santa Catarina

    Com base nos resultados de produções médias de três anos e nas observações realizadas, foram feitas, no período 1999-2001, a indicação de cinco novas cultivares de trigo para o Estado de Santa Catarina e a retirada de cultivo de uma cultivar.

    Dos dados obtidos em 1999, foram indicadas para 2000 quatro novas cultivares de trigo (FUNDACEP 30, BRS 177, BRS 179 e BRS 194) e definida a mudança de categoria das cultivares Embrapa 16 e OR 1, de preferencial para tolerada.

    Dos resultados experimentais obtidos em 2000, foi indicada para 2001 a cultivar FUNDACEP 32 e alterada a categoria da cultivar BR 23, que passou de preferencial para tolerada.

    Pelo estudo dos experimentos conduzidos em 2001, foi proposta para 2002 a retirada de indicação da cultivar OR 1.


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