Das três regiões tritícolas brasileiras, a região sul abrange Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC) e centro-sul do Paraná (PR). Precipitação pluvial excessiva no inverno e início de primavera, geada no espigamento e chuva na colheita são riscos e problemas enfrentados. São objetivos gerais das atividades em melhoramento genético de trigo, para essa região, a obtenção de cultivares que atendam às demandas para a região tritícola sul-brasileira: a) adaptação às tecnologias em uso; b) maior rendimento e estabilidade; c) caracteres agronômicos adequados às diversas condições de cultivo: resistência ao acamamento e ao desgrane, ciclo precoce para semeadura em época normal, adaptação a solos hidromórficos e ciclo tardio-precoce para plantio antecipado visando à cobertura de solo e ao duplo propósito; d) resistência às principais doenças; e) tolerância aos estresses ambientais; e f) qualidade adequada aos diferentes usos. As atividades foram concentradas em cinco instituições de pesquisa, com criação e experimentação de germoplasma específico para a região, orientadas por Embrapa Trigo, Embrapa Clima Temperado, Fepagro e Epagri. Em decorrência de atividades de melhoramento conduzidas na Embrapa para o desenvolvimento de genótipos de trigo precoces e tardio-precoces, foram indicadas, em 1999, para o centro-sul do PR, BRS 176 e, para o RS, BRS 177 e BRS 179 e, em 2000, BRS 194. Resultados obtidos no período 1999-2001 permitiram indicar BRS Figueira, BRS Angico e BRS Timbaúva para cultivo no RS. BRS 179, na safra de 2002, foi a cultivar com maior disponibilidade de semente fiscalizada no RS. Dados obtidos no Ensaio Estadual de Cultivares demonstraram o desempenho destacado no período 1999-2001 das cultivares desenvolvidas pela Embrapa Trigo. A avaliação em solos hidromórficos no RS permitiu a extensão de indicação das cultivares BRS 120, BRS 177 e Fundacep 30 para solos aptos ao cultivo de arroz irrigado e, nas Regiões Triticolas 7 e 8, o lançamento das cultivares Fundacep 31, Fundacep 32 e BRS 194. O progresso demonstrado em dados experimentais e em lavouras caracteriza que o potencial de trigo para cultivo em solos aptos para cultivo de arroz irrigado é real e representa tecnologia viável para aproveitamento de grande infra-estrutura produtiva ociosa no inverno. No período 1999-2001, observou-se variabilidade genética em trigo, com rendimento de forragem acima do da aveia preta comum e rendimento de grãos mais elevado que a média das cultivares de trigo precoces testemunhas, demonstrando o potencial dos genótipos de trigo com o ciclo idealizado para substituição parcial da aveia preta como cobertura verde em plantio direto e na produção de forragem e sua adaptação ao duplo propósito. A viabilização dessas práticas pode inserir o trigo como importante alternativa de diversificação de renda, flexibilidade e sustentabilidade nos sistemas de produção da região sul-brasileira. Rendimento de grãos elevado obtido no período 1999-2001 (6 a aproximadamente 8 t/ha), demonstra o potencial de rendimento pela semeadura antecipada, evidenciando a viabilidade de alternativas de diversificação de ciclo e de épocas de semeadura para trigo como estratégia de redução de riscos e perdas. Com base nos trabalhos conduzidos pela Fepagro e pela Epagri, foi estendida, em 1999, para SC a indicação de Fepagro 15 e atualizada a Indicação para SC, em 2000 e 2001, ao serem indicadas cinco novas cultivares de trigo (Fundacep 30, Fundacep 32, BRS 177, BRS 179 e BRS 194).

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