cnpt2.gif (2276 bytes)

bptec_g.jpg (26034 bytes)

09

Dezembro, 2002
Passo Fundo, RS

Resultados e Discussão

Experimento 1: Novas linhagens e cultivares

A avaliação de linhagens visando futuras indicações de cultivares de triticale, era realizada em conjunto com outras instituições de pesquisa através do Ensaio Brasileiro de Triticale (EBT) até o ano de 2000, em que tanto linhagens quanto cultivares em recomendação eram testadas. A partir de 2001, a condução do ensaio denominado Valor de Cultivo e Uso (VCU) de triticale, por parte de cada obtentor, substituiu o EBT, porém fez com que somente linhagens próprias de cada empresa obtentora fossem avaliadas e, de acordo com a necessidade, as cultivares registradas para uso como testemunhas.

No ano de 2000, o rendimento médio de grãos variou de 1.536 kg/ha, em Vacaria, a 3.393 kg/ha, em Passo Fundo (Tabela 3). Os genótipos BRS 203, TCEP 9118, PFT 903 e PFT 702 superaram a testemunha (Embrapa 53) acima de 5 % em rendimento de grãos. O PH de todos os genótipos de triticale foi inferior ao de trigo CEP 27, com uma variação média de 59 a 63 kg/hL entre locais, destacando BRS 203, TCEP 9611, PFT 726, BRS 148, PFT 913, PFT 912 e PFT 914 como superiores à testemunha (Tabela 3).

Com base nos resultados apresentados na Tabela 3 e em outras avaliações conduzidas pela Embrapa Trigo, foram selecionados os genótipos PFT 726 (=PFT 004), PFT 707, PFT 913 e PFT 903 para, em 2001, juntamente com outras linhagens oriundas do programa de melhoramento da Embrapa Trigo, constituírem os novos ensaios de VCU, conforme legislação vigente.

No ano de 2001, somente havia linhagens da Embrapa Trigo para teste (Tabela 4) em comparação com cultivares padrões e a testemunha Embrapa  53.

Na média de 2001, somente PFT 008 e PFT 006 superaram a testemunha em rendimento de grãos, e o rendimento médio de grãos variou de 2.182 kg/ha, em São Luiz Gonzaga, a 3.545 kg/ha, em Vacaria. O PH médio variou de 64 a 69 entre locais, destacando as linhagens PFT 008 e PFT 913 como superiores à testemunha (Tabela 4).

Houve nesta safra incidência de ferrugem da folha em alguns genótipos em Passo Fundo e São Luiz Gonzaga. As linhagens PFT 010 e PFT 011 mostraram-se suscetíveis, e as cultivares e linhagens restantes foram consideradas resistentes. Das linhagens testadas, PFT 008, PFT 006, PFT 913, PFT 911 e PFT 924 foram selecionadas para comporem o ensaio de VCU de 2002. Destas, todas são fruto de cruzamentos realizados na Embrapa Trigo. PFT 008 e PFT 006 são triticales filhos de trigo com centeio BR 1 brasileiros e triticale hexaplóide desconhecido. As demais, PFT 010 e PFT 011, inclusive, têm como parentais triticales primaveris introduzidos do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT) com linhagens hexaplóides de inverno introduzidas da Alemanha, objetivando-se materiais com ciclo vegetativo mais longo e produção de matéria seca para forragem.

 

Experimento 2: Estabilidade e adaptabilidade de cultivares de triticale em indicação de cultivo

Os dados de localização e caracterização geográfica (latitude, longitude e altitude), rendimento médio, coeficiente de variação (CV%) e índice de ambiente (Ij) são apresentados na Tabela 2. Observa-se variação na média de rendimento de grãos entre os ambientes de 450 a 5.820 kg/ha, com média de 3.172,9 kg/ha, o que resultou na amplitude de - 2.722 a 2.647 kg/ha de índice de ambiente. A observação do coeficiente de variação permite verificar a variabilidade distinta dos ambientes, em que os ambientes de maior e menor coeficientes de variação foram de Cascavel/98 e de Vacaria/98, com 22,2 e 6,7 %, respectivamente.

Os resultados da análise da variação conjunta dos 27 ambientes são apresentados na Tabela 5. As fontes de variação foram todas significativas ao nível de 1% para efeitos principais e para interação genótipo x ambiente. Pode-se observar que grande parte da resposta na interação deveu-se a participação do efeito de ambiente com elevado quadrado médio. A significância da variação atribuída à interação genótipo x ambiente indica haver conveniência da realização da análise de adaptabilidade e estabilidade fenotípica.

As estimativas dos parâmetros de adaptabilidade e estabilidade dos genótipos são apresentadas na Tabela 6. Os resultados dos coeficientes de determinação do ajustamento das retas de regressão de cada genótipo foram elevados, com exceção da cultivar Triticale BR 1. As comparações do rendimento médio dos genótipos evidenciou a superioridade das cultivares BRS 203, BRS 148, CEP 28 - Guará, Triticale BR 4 e Embrapa  53, apesar deste grupo não diferir das cultivares IAPAR 23 - Arapoti e IAPAR 54 - OCEPAR 4, que apresentaram rendimento de grãos acima da média geral dos genótipos. Os genótipos CEP 23 - Tatu e Embrapa  18 revelaram rendimento intermediário e pouco abaixo da média, enquanto a cultivar Triticale BR 1 foi inferior às demais, nesta ordem.

Embora o genótipo Triticale BR 1 tenha apresentado a menor taxa de resposta em diferentes ambientes, todos os genótipos, até mesmo Triticale BR 1, apresentaram taxa de resposta estatisticamente igual a unidade (bi=1,0). A não detecção de diferença significativa da taxa de resposta da cultivar Triticale BR 1 pode ser explicada pela elevada significância dos desvios de regressão desse genótipo nos ambientes, evidenciando a acentuada variação do rendimento de grãos. A estabilidade fenotípica dos materiais observada com taxa de resposta próxima da unidade é extremamente desejável (Eberhart & Russell, 1966), pois pode ser considerada como resposta sistemática e progressiva às alterações de ambiente. Entretanto, a simples observância da taxa de resposta não explica o desempenho dos genótipos satisfatoriamente. O produtor necessita de genótipo que, ao ser cultivado em condições ambientais semelhantes, tenha, também, comportamento estável. Assim, desvios da regressão tornam-se parâmetro de grande importância no julgamento da estabilidade (Bonato, 1978). Cultivares com baixa variância de desvios podem produzir praticamente o mesmo, quando as condições ambientais são similares. Porém, as que apresentam elevadas variâncias de desvios, dificilmente repetem seu desempenho. Dessa forma, todos os genótipos, com exceção de Triticale BR 1, podem ser considerados estáveis.

Contudo, é importante que, esses critérios, estejam associados ao elevado rendimento de grãos. Dessa maneira, apenas três dos dez genótipos não estariam de acordo com os parâmetros desejáveis por Eberhart & Russell (1966), CEP 23 - Tatu e Embrapa  18 em razão da produtividade abaixo da média, e Triticale BR 1, pelo baixo rendimento e elevado desvio de regressão. Os demais, BRS 203, BRS 148, CEP 28 - Guará, Triticale BR 4 e Embrapa  53, IAPAR 23 - Arapoti e IAPAR 54 - OCEPAR 4 são estáveis e de ampla adaptabilidade aos diferentes ambientes testados. Assim, todos esses genótipos considerados superiores neste estudo, apresentam potencial para serem utilizados em programas de melhoramento, considerando que as características de estabilidade e adaptabilidade são controladas geneticamente (Jalaluddin & Harrison, 1993).


Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento Online Nº 9Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento Online Nº 9 Publicações OnlinePublicações Online

Copyright © 2002, Embrapa Trigo