Triticale é uma importante alternativa de cultivo de cereal de inverno para a Região Sul do Brasil. Nas safras de 2001 e 2002 a cultura ocupou em média, aproximadamente 125 mil hectares, destinados inicialmente para forrageamento animal, na forma de pastagem verde, silagem de planta e de grão e matéria-prima para formulação de rações.

O consumo de grãos forrageiros no Brasil tem como base principal o milho. A distância dos centros produtores desse grão, a reduzida capacidade de expansão de área de cultivo nos locais de demanda e a oscilação temporal do custo do produto têm feito os produtores buscarem fontes alternativas de energia e proteína para forrageamento animal.

Por ser cultivado em época distinta de milho e a colheita coincidir com período no qual, historicamente, o preço de milho é elevado, triticale tornou-se importante alternativa para produtores rurais que têm no milho a base para alimentação animal. Além disso, o triticale apresenta em média 3-4% mais proteína que milho, o que permite reduzir outras fontes de proteína na formulação de rações, como farelo de soja, auxiliando na redução do custo de produção animal.

Entretanto, a maior procura por grãos de triticale ocorre normalmente em períodos em que a disponibilidade de milho é baixa e/ou quando o custo do produto é elevado, a exemplo do período entre 2002/2003. Certamente, culturas como o triticale se forem utilizadas regularmente como constituinte de rações, a cadeia agropecuária que utiliza arraçoamento animal, teria uma maior estabilidade econômica e produtiva, permitindo um valor agregado superior na produção agrícola e pecuária.

A experimentação de genótipos realizada pela Embrapa Trigo, visa além de selecionar linhagens adaptadas e produtivas, avaliar o desempenho das cultivares em diferentes locais da região de cultivo e disponibilizar informações úteis para os produtores e para a pesquisa, subsidiando na decisão de escolha da cultivar a ser usada.

Atualmente, os genótipos de triticale em recomendação para cultivo são exclusivamente materiais introduzidos, de trabalhos conjuntos com o CIMMYT (Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo), no Brasil, sendo selecionados e indicados por várias instituições de pesquisa independentes e em ambientes distintos de cultivo, o que pode favorecer a ocorrência de interação de genótipos com o ambiente de cultivo.