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Dezembro, 2002
Passo Fundo, RS

Resultados e Discussão

Unidades de Observação da safra 1994/95.

Dados de rendimento de grãos, peso de 1.000 grãos e teor de molibdênio das sementes empregadas nas UOs de 1994/1995 estão nas tabelas 1 e 2, e as análises químicas dos solos, na Tabela 3. Foram observadas as seguintes amplitudes nos diversos parâmetros avaliados:

Peso de 1.000 grãos a 13% de umidade: 119,0 a 212,8 g; rendimento de grãos: 1.069 a 4.523 kg/ha; teor de molibdênio nas sementes usadas nos ensaios: 168 a 4.116 ppb (parte por bilhão); argila: 120 a 740 g/dm3; pH: 4,8 a 6,9; Al (cmolc/dm3): 0,0 a 1,63; Ca (cmolc/dm3): 2,23 a 12,21; Mg (cmolc/dm3): 0,54 a 6,8; K (mg/dm3): 26 a 266; P (mg/dm3.): 2,5 a 49; MO (g/dm3): 13 a 45 (1,3 a 4,5%).

Das 45 UOs instaladas em 1994, cinco foram descartadas por excessivo coeficiente de variação, por perda de parcela ou por rendimento de grãos muito baixo, prejudicado por estiagem. Em 20 UOs obteve-se incremento igual ou maior que 5,0% no rendimento de grãos, com o emprego de Mo, sendo 16 com diferença acima de 9,5% entre os tratamentos, 11 com diferença acima de 19,0% e 7 com diferença acima de 29,0% (Tabela 1). Em apenas cinco UOs, a adubação com Mo foi significativamente superior à testemunha sem Mo. Assim, em UOs como de Erval Seco, de Crissiumal e de Viadutos, o aumento de rendimento de grãos de 42, 52 e 32 %, respectivamente, em virtude da adubação molíbdica, não proporcionou diferença estatística do tratamento sem adubação com Mo, devido ao coeficiente de variação de 16, 19 e 14%, respectivamente. Em sete locais ocorreu decréscimo no rendimento de grãos igual a 3% ou maior, pela aplicação do Mo (Tabela 1). Em Getúlio Vargas e em Humaitá a diminuição foi de 28% e 14%, respectivamente. Embora não significativos estatisticamente, os elevados valores obtidos nesses dois locais tornam necessária uma pesquisa mais específica para confirmação.

O teor de Mo das sementes usadas pelos agricultores e o peso de 1.000 grãos constam na Tabela 2. Nenhuma das sementes continha molibdênio na quantidade necessária para que as plantas que delas se originaram fossem auto-suficientes em molibdênio. Portanto, os resultados obtidos refletem a disponibilidade de Mo do solo. Além disso, verificou-se que parte dos resultados positivos da adubação com molibdênio no rendimento de grãos foi propiciada pelo aumento do peso dos grãos, sendo significativamente maior no tratamento com Mo em três das cinco UOs que tiveram aumento significativo de rendimento de grãos. No total, apenas seis das UOs apresentaram mais do que 12% de aumento no peso de grãos, e 13, mais do que 5% de aumento.

Na Tabela 3 estão os resultados das análises de teor de argila e química do solo das UOs de 1994/95.

Com relação ao pH dos solos (Tabela 3), verificou-se que, nos 20 locais onde houve resposta superior a 5 %, nove apresentavam solo com pH igual ou inferior a 5,5. Respostas à aplicação de Mo em solos com pH igual ou superior a 6,0 geralmente indicam que o teor disponível de Mo nesses locais é baixo. No entanto, entre as cinco UOs com diferenças significativas, os valores de pH-água foram iguais ou menores que 5,5. A maior freqüência de resposta em solos ácidos era esperada, uma vez que a disponibilidade de Mo diminui com o aumento de acidez.

Quanto à textura (Tabela 3), observou-se que em quatro dos locais com resposta significativa à adubação com Mo os solos eram argilosos, com teores entre 470 e 740 g/dm3, enquanto em Espumoso (localidade de Barro Preto) o solo continha 330 g de argila /dm3.

Os resultados demonstram que a deficiência de molibdênio para soja pode ocorrer em solos de qualquer teor de argila.

Na Tabela 4 encontram-se datas de plantio e de aplicação de molibdênio, cultivar e espaçamento usados e ocorrências diversas anotadas por produtores e extensionistas nas 45 UOs da safra 1994/1995.

Unidades de Observação de 1995/1996

Os resultados das nove UOs executadas na safra 1995/96 constam nas tabelas 5 e 6.

Todas as UOs apresentaram incremento de rendimento de grãos com adubação molíbdica, mas apenas 3 UOs (David Canabarro II, Chapada II e Tapejara II) mostraram resultados significativos estatisticamente. Nessas UOs, o peso de 1.000 grãos foi maior no tratamento com molibdênio, com aumento de 11, 15 e 17%, respectivamente. Nos municípios com duas UOs, pôde-se observar que a maior resposta ocorreu nos solos com pH menor, exceto em Tapejara, em que a maior resposta foi com pH 5,5, em vez de pH 5,2. Todos os solos eram argilosos. Esses dados são coerentes com os obtidos nas UOs de 1994/95 e indicam que com calagem ainda é possível, em solos de alguns locais, aumentar a disponibilidade de Mo e produzir soja sem necessidade de adubação com Mo.

Os resultados dos 49 ensaios aproveitados das safras 1994/1995 e 1995/1996, em conjunto com os obtidos por outros centros de pesquisa, embasaram a recomendação de molibdênio para soja, elaborada em 1997 (REUNIÃO, 1997). Indicou-se a adubação molíbdica, de 8 a 12 g de Mo/ha nas sementes ou de 30 g de Mo/ha via foliar, entre 30 a 45 dias após germinação, para solos de todas as classes texturais, especialmente em condições de acidez. Em 2002 foi indicada a adubação de 12 a 25 g de Mo/ha em sementes ou de 25 a 50 g de Mo/ha via foliar, preferindo-se as doses maiores para solos arenosos (REUNIÃO, 2002).  


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