Embrapa Trigo Boletim de Pesquisa Online Nº 6, jun./01

Resultados e Discussão

Data de maturação fisiológica de grãos, ciclo, estatura de plantas e rendimento de grãos dos germoplasmas de canola podem ser observados nas tabelas 1 a 4. O número de dias entre os ciclos variou de um ano para o outro.

No ano de 1993, os germoplasmas considerados precoces apresentaram ciclo de 144 a 145 dias. Cinco germoplasmas, com ciclo de 156 dias, foram classificados como de ciclo médio. Dez, considerados tardios, apresentaram ciclos de 163 a 169 dias (Tabela 1). Nesse ano, os germoplasmas de canola apresentaram diferenças significativas entre as médias para estatura de plantas e para rendimento de grãos (Tabela 1). Printol e 93-B002 mostraram maior estatura de planta. Entretanto, o último germoplasma foi semelhante estatisticamente a Vanguard, a Global, a Alto e a PFB-2. Global, Vanguard, Printol e B-1606 destacaram-se pelo maior rendimento de grãos no ensaio. Contudo, os três últimos germoplasmas foram iguais a PFB-2, a Legend, a Excel e a 93-B0O1.

No primeiro ano de avaliação, os germoplasmas precoces de canola apresentaram rendimento de grãos menor, em relação aos de ciclos médio e tardio (Tabela 1). Enquanto o melhor germoplasma tardio apresentou rendimento de grãos de 2.220 kg/ha, o melhor precoce rendeu somente 1.605 kg/ha. O melhor germoplasma de ciclo médio produziu 1.810 kg de grãos por hectare.

De acordo com Carraro & Balbino (1993), esses mesmos germoplasmas estudados, em cinco ambientes do estado do Paraná (Cascavel, Palotina, Campo Mourão, Maringá e Londrina), comportaram-se da seguinte maneira: os germoplasmas de canola precoce Iciola-40 (1.676 kg/ha), Iciola-41 (1.783 kg/ha) e Iciola-42 (1.820 kg/ha) foram mais produtivos, em relação aos demais germoplasmas de ciclos médio e tardio testados no ano de 1992. O germoplasma PFB-2, nesse ano, rendeu apenas 1.056 kg/ha. No ano de 1993, os germoplasmas precoces de canola Iciola-40 e Iciola-41 praticamente repetiram o desempenho do ano anterior (Carraro & Balbino, 1994).

Nessa condição, os germoplasmas precoces completaram ciclo antes da época preferencial para semeadura de soja, e os de ciclo médio e tardio até essa época.

No ano de 1994, os germoplasmas precoces completaram ciclo com 120 dias, liberando a área antes da época preferencial de semeadura de soja (Tabela 2). Os demais germoplasmas foram colhidos, liberando a área dentro do período preferencial de semeadura de soja. Nesse ano, houve diferenças significativas somente entre as médias de estatura de plantas (Tabela 2). Os germoplasmas Global, Vanguard, Topas, Alto, PFB-2 e B-1606 apresentaram estatura de planta maior que os demais. Todavia, os quatro últimos germoplasmas foram significativamente semelhantes a Excel. Nesse ano, o rendimento médio de grãos foi de 933 kg/ha (Tabela 2). Verificou-se rendimento de grãos relativamente baixo em todos os materiais.

No ano de 1995, o rendimento de grãos na média dos tratamentos foi baixo (925 kg/ha) (Tabela 3). Os germoplasmas de ciclo precoce Iciola 41 e Hyola 401 apresentaram menor rendimento de grãos que o germoplasma, também de ciclo precoce, Hyola 417. Os germoplasmas precoces e médios completaram ciclo dentro da época preferencial de semeadura de soja. Os germoplasmas tardios foram colhidos após esse período. Nesse mesmo ano, a estatura de plantas e o rendimento de grãos diferiram significativamente entre germoplasmas (Tabela 3). SV 91-21369 e PFB-2 mostraram a maior estatura de planta. Entretanto, o último germoplasma foi estatisticamente igual ao D-1000 e ao WW 4586-90. Hyola-417, SV 91-21369 e PFB-2 apresentaram o maior rendimento de grãos. Contudo, o último germoplasma foi semelhante, significativamente, ao D-1000 e ao Iciola-41.

No ano de 1996, foram observadas diferenças significativas entre as médias para rendimento de grãos (Tabela 4). O germoplasma Global, introduzido há vários anos, apresentou rendimento de grãos superior ao dos demais germoplasmas avaliados. Os germoplasmas precoces não apresentaram estatura de plantas menor do que os médios ou tardios. Nesse ano, não houve análise estatística da estatura de planta.

Em 1996, o experimento foi semeado (5/7) após a época recomendada (15/5 a 15/6), seguindo-se um período de estiagem (de 10/7/96 a 6/8/96, choveu apenas 16,5 mm) que postergou a emergência de plantas. O rendimento de grãos, na média do ensaio, foi razoável, pois as condições climáticas após o estabelecimento da cultura foram favoráveis à canola, principalmente no que tange à precipitação pluvial, que durante quase todo o ciclo situou-se ligeiramente abaixo da normal. Além de receber a quantidade adequada de umidade para seu crescimento e desenvolvimento, a cultura não sofreu excesso de precipitação por ocasião da colheita, que é a fase mais crítica da canola (Santos & Sattler, 1990).

No estado do Rio Grande do Sul, sob sistema plantio direto, quando se semeia soja após canola, no fim do mês de novembro, em períodos relativamente secos, ocorre uma redução em estatura de plantas e, conseqüentemente, há diminuição no rendimento de grãos de soja (Santos & Reis, 1991). Em determinados sistemas de produção de grãos, envolvendo a cultura de trigo (trigo/soja, canola/soja, cevada/soja e leguminosa/milho), sob plantio direto, seria preferível o uso de germoplasmas de ciclo precoce dessa oleaginosa, como Iciola-40, Iciola-41 e Iciola-42, apesar da menor produtividade. A colheita efetuada com pelo menos 20 dias antes do período preferencial para a semeadura de soja possibilita a decomposição de restos culturais de canola, diminuindo o risco de efeitos alelopáticos sobre a espécie em sucessão (Santos & Reis, 1991).

Deve ser levado em conta que esses germoplasmas de canola de ciclo precoce são híbridos, enquanto os de ciclos médio e tardio são cultivares. Por sua vez, os germoplasmas de canola precoce apresentaram menor estatura de planta e maturação mais uniforme do que os demais germoplasmas avaliados. Segundo Santos et al. (1988) e Santos & Sattler (1990), isso, por si só, reduz perdas na colheita mecânica na região sul do Brasil. Os frutos (síliquas) da maioria dos germoplasmas de canola, especialmente os de ciclos médio e tardio, não amadurecem uniformemente ao longo da inflorescência, resultando em perdas de grãos na base desta (Sims, 1979). Apesar dessas perdas, esses germoplasmas têm apresentado rendimento de grãos igual ou superior ao de germoplasmas precoces com maturação uniforme no Rio Grande do Sul (Carraro & Balbino, 1993).

O cultivo de canola poderá beneficiar-se com a introdução de novos germoplasmas que apresentem ciclo mais curto do que os semeados nas décadas de 70 e 80 e que tenham capacidade produtiva semelhante. Nesse caso, esses materiais teriam ciclos até mesmo mais curtos que o de aveias (branca e preta), cevada, trigo e triticale. Os restos culturais de canola, em plantio direto, teriam mais tempo para se decompor, mesmo em anos com períodos secos. Isso, por sua vez, poderia evitar os efeitos negativos de restos culturais de canola em soja, conforme registrado anteriormente por Santos & Reis (1991).

Em todos os anos em que foram detectadas diferenças significativas entre tratamentos, o germoplasma PFB-2, selecionado em Passo Fundo (Embrapa Trigo), apresentou rendimento de grãos igual ou superior ao dos germoplasmas precoces importados; Iciola-41, Iciola-42 e Iciola-40, em 1993; Iciola-41, Hyola-401 e Hyola-417, em 1995; e Hyola-417, Hyola-329, Iciola-41e Hyola-401, em 1996. A substituição do germosplasma precoce Hyola-401, material mais semeado no Brasil nos últimos cinco anos (de 1994 a 1999), pelo germoplasma Hyola-417, da mesma empresa, provavelmente teria trazido expressivo aumento de rendimento de grãos, como foi observado em 1995 e 1996, anos em que esses materiais participaram do mesmo experimento. As vantagens no rendimento de grãos foram, respectivamente, 357 e 766 kg/ha.


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