Embrapa Trigo Boletim de Pesquisa Online Nº 1, dez./99

Resultados e Discussão

As primeiras linhagens duplo-haplóides (DH) androgenéticas de trigo foram produzidas em 1980 (Moraes-Fernandes & Picard, 1983) e avaliadas a campo em 1982 (Figura 10). Cruzamentos efetuados em 1983 resultaram em novas linhagens DH de segundo e terceiro ciclos, as quais se destacaram nos ensaios de rendimento em 1986 e 1987 (Tabelas 1 e 2). Em 1987, linhagens DH e germoplasma derivado de espécies afins foram organizados num bloco de cruzamento que, além da capacidade androgenética, apresentavam variabilidade para caracteres morfofisiológicos e tolerância a vários estresses bióticos e abióticos (Moraes-Fernandes & Caetano, 1990).

Entre 1980 e 1993, foram cultivadas, in vitro, anteras de 1.295 genótipos de populações segregantes (F1 a F7) e cultivares: 46% foram androgenéticos e destes, 17% regeneraram plantas verdes, sendo que 1.182 novas linhagens DH foram multiplicadas em condições controladas. A taxa de duplicação expontânea foi de 14% (Brammer et al.,1994). Nos melhores genótipos, 4,2% das anteras produziram embrióides, sendo que 65% regeneraram plantas verdes (Moraes-Fernandes & Caetano, 1990).

A Comissão Sul Brasileira de Pesquisa de Trigo exige para lançamento de uma cultivar, rendimentos na rede experimental que sejam, pelo menos, 5% superiores ao da melhor testemunha de cada local, em cerca de 20 locais diferentes, no Rio Grande do Sul.

Foram avaliadas 152 linhagens DH androgenéticas em ensaios preliminares, das quais, oito foram promovidas para os ensaios em rede, três para o Ensaio Regional e três para o Ensaio Sul-brasileiro, sendo recomendada para cultivo a cultivar Trigo BR 43.

A linhagem PF 853031, que deu origem ao Trigo BR 43, produziu nos anos de 1988, 1989 e 1990, em média 700 kg/ hectare a mais, ou seja, 16% acima das melhores testemunhas (Tabela 3).

Segundo dados de reserva de sementes da Comissão Estadual de Sementes e Mudas do Estado do Rio Grande do Sul, em 1992, 1993 e 1994 a área plantada no estado com a cultivar Trigo BR 43 foi de, respectivamente, 0,3% (1.567 ha), 3,6% (19.116 ha) e 12,9% (65.764 ha). As possibilidades de retorno econômico podem ser avaliadas supondo que, para uma área cultivada de 100.000 hectares haveria uma antecipação do acréscimo de 70 mil toneladas (700kg/ha), o que daria renda adicional de 8,4 milhões de dólares para a agricultura e de 1,4 milhão de dólares em impostos (ICMS) ou, respectivamente, 121.800 e a 20.300 salários mínimos vigentes em abril de 1991, ano do lançamento do Trigo BR 43. Considerando a área de cultivo atingido por essa cultivar em 1994, de 65.764 kg/ ha, o acréscimo de 46 mil toneladas, representou 5,52 milhões de dólares para a agricultura, 0,92 milhão de dólares em impostos (ICMS), bem como em, respectivamente, 80.100 e a 13.350 salários mínimos vigentes para esse ano. Esses valores podem ser comparados aos dos anos de 1992 e 1993 (Tabela 4)

No Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo no ano de 1991, Trigo BR 43 produziu 23% acima da média do Estado e 1% acima da melhor testemunha de cada local. Em 1992, produziu 12% acima da média estadual (IPAGRO SAA, 24a e 25a Reunião da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo). No ano de 1993 o rendimento de grãos foi de 19% abaixo da média devido, principalmente, a suscetibilidade a uma nova raça de ferrugem da folha. Neste ano nenhuma cultivar teve produtividade superior às testemunhas. As novas exigências quanto à qualidade de panificação também foram fatores limitantes para sua expansão


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