Dezembro, 2007
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Passo Fundo, RS
Bandeamento Cromossômico

O progresso na identificação positiva dos cromossomos se originou de uma rápida série de estudos que iniciaram em 1968 e 1969, com o trabalho de Caspersson e colaboradores na Suécia. Em síntese, a base desta mudança foi o fato de que muitos corantes que têm uma afinidade pelo DNA, fluorescem sob a luz ultravioleta. Após tratamento adequado com esses corantes, cada cromossomo mostra zonas brilhantes e escuras, ou bandas, que são específicas em tamanho e localização para este cromossomo. Esta característica é melhor visualizada na metáfase.

O descobrimento das técnicas de bandeamento cromossômico permitiu um significativo progresso na citogenética geral, com a obtenção das imagens reproduzidas das bandas cromossômicas de diferentes tamanhos, posição, bem como um importante número de outros organismos tanto animais como vegetais (Drets, 2002). Segundo Guerra (1988), as técnicas de bandeamento cromossômico ampliaram os horizontes da citogenética, pois a primeira aplicação foi no pareamento cromossômico e montagem de cariótipos, em que cada par cromossômico apresenta um padrão distinto e bem característico de bandas.

Exemplo disso foi o sucesso considerável obtido com a quinacrina mostarda, que produziu bandas fluorescentes de vários graus de brilho, as quais foram denominadas de bandas Q. No entanto, há algumas limitações nesta técnica, principalmente a não permanência da fluorescência, mas esta dificuldade pode ser superada pela coloração com Giemsa, seguidas do tratamento com tripsina ou tampão fosfato, que produz um tipo único de bandas, conhecidas como bandas G (Burns, 1986).

Contudo, a variação no método de Giemsa produz padrões de bandas que são o reverso das bandas G, isto é, as bandas G escuras são as bandas R claras e vice-versa. Na modificação do método de Giemsa, o tratamento com álcalis proporciona às células uma coloração densa da região do centrômero, e isto produz o bandeamento C, que é específico para heterocromatina constitutiva. A região centromérica que inclui o DNA repetitivo, responde apenas à técnica de bandeamento C, assim como qualquer região intercalar que contenha DNA repetitivo (Burns, 1986). Especificamente para as bandas C, estas aparecem após o tratamento com soluções ácidas ou alcalinas, seguindo o tratamento com solução salina 2SSC (solução salina concentrada) e coloração com Giemsa (Carvalho & Recco-Pimentel, 2001).

Os bandeamentos Q, G e C são especialmente importantes para a citogenética, porque permitem identificar pequenas variações estruturais, como deleções, duplicações, inversões, geralmente relacionadas com determinadas anomalias do desenvolvimento. Além disso, é possível localizar exatamente a região do cromossomo diretamente afetada, que seria impossível com a coloração convencional. Semelhante em outras espécies, essas técnicas têm possibilitado compreender melhor as alterações cromossômicas que se estabeleceram em cada cariótipo (Guerra, 1988), uma vez que as bandas aparecem por diferenças na distribuição de componentes cromatínicos ou mesmo por diferença na composição química da cromatina ao longo do cromossomo.


 

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