Dezembro, 2007
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Passo Fundo, RS
Cromossomos e Morfologia Cromossômica

Segundo Walker e Rapley (1999), por ocasião do início do século 20, o estudo microscópico de células em divisão mostrava que o número de cromossomos era constante no interior de células de mesma espécie, mas variava em número, geralmente entre as espécies. Em uma célula, os cromossomos variavam em tamanho e forma, com duas cópias de cada tipo presentes em cada célula somática. Também, observou-se que seu número dobrava (para dois pares) antes da divisão celular, e que cada célula filha recebia um dos pares (mantendo o número normal de cromossomos).

Em preparações coradas, vistas à microscopia ótica, os cromossomos aparentam possuir poucas características morfológicas definidas, pelas quais pode-se diferenciar os membros de um conjunto, uns dos outros. Assim, as características mais importantes são: comprimento, posição do centrômero e tamanho relativo dos braços, presença de satélites (caso haja), destacados pelas constrições secundárias (Burns, 1986).

De acordo com Mesquita (1981), no núcleo interfásico os cromossomos estão desespiralizados, mas apresentam regiões condensadas que correspondem a heterocromatina. Quando a célula vai se dividir, os cromossomos se condensam existindo assim constrições. Uma das regiões estranguladas, que existe em todos os cromossomos, constitui o centrômero ou cinetócoro, sendo também chamada de estrangulamento primário.

Conforme revisão em Mesquita (1981), os centrômeros apresentam localizações diferentes nos cromossomos, sendo que esta particularidade é usada para a classificação dos mesmos. Os cromossomos telocêntricos são aqueles que o centrômero está localizado em uma extremidade. Os submetacêntricos apresentam o centrômero localizado na região próxima ao centro, dividindo os cromossomos em duas partes desiguais. E, no caso dos cromossomos metacêntricos, o centrômero está localizado no centro, dividindo o cromossomo em duas partes iguais. Além desta característica, os cromossomos têm em geral, o aspecto de bastonetes de 0,2 a 2 µm de diâmetro por 0,2 a 50 µm de comprimento, sendo separados por dois braços através do centrômero. Conforme o tamanho relativo dos braços e a posição do centrômero diferenciam-se vários tipos de cromossomos: cromossomo em bastão retilíneo, cromossomo em V de braços iguais, cromossomo em V de braços desiguais, cromossomos de braços muito curtos (cromossomo puntiforme). Na extremidade de um dos braços, em alguns cromossomos, pode-se ver uma pequena esfera presa por uma fina trabécula que é o satélite (Berkaloff et al., 1975).

Conforme Berkaloff et al. (1975), o estudo morfológico dos cromossomos, mostra que existem no núcleo dois exemplares idênticos de cada cromossomo onde se apresentam em pares chamados cromossomos homólogos. O número “n” de cromossomos é característico da espécie, apresentando cada núcleo “2n” cromossomos, ou, mais precisamente, dois conjuntos idênticos de n cromossomos. Portanto, chama-se haplóide o número “n”, enquanto que diplóide o número “2n” de cromossomos.

Em poucos cromossomos, do conjunto cromossômico de cada espécie, aparece outra constrição da cromátide, denominada de constrição secundária, situando-se em mais de 80% no braço curto do cromossomo. O satélite é o segmento cromossômico entre a constrição secundária e o telômero, correspondendo a cerca de 10% da extensão cromossômica, cujo tamanho é inferior a 1µm. Porém, em alguns casos, ele pode medir vários micrômetros de extensão e compreender 40% ou mais do tamanho do cromossomo. Já do ponto de vista funcional, as três regiões cromossômicas que merecem maior destaque são o centrômero, a constrição secundária e o telômero. No centrômero, tanto a constrição primária como a secundária são regiões parcialmente descondensadas com baixa densidade de DNA. A constrição secundária é geralmente observada em ao menos um dos cromossomos do conjunto haplóide da cada espécie. Os cromossomos que contêm essa constrição são geralmente vistos, durante a prófase, associados ao nucléolo, ou seja na região organizadora do nucléolo. Ao contrário das outras duas regiões, o telômero não se distingue morfologicamente do restante do braço cromossômico, não sendo possível determinar seu limite proximal ou a sua extensão, embora se saiba que essa região possui propriedades especiais importantes para o funcionamento cromossômico (Guerra, 1988).


 

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