Dezembro, 2007
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Passo Fundo, RS
Aquecimento global: tendências

O aquecimento global, apresentado como tendência mundial (IPCC, 2007b), é o resultado do efeito estufa aumentado, decorrente da interferência antrópica sobre a emissão de gases de efeito estufa em nível acima da capacidade de absorção pelos ecossistemas naturais. Isso tem resultado na elevação, sem precedentes na história, da concentração dos gases dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, em que o gás carbônico figura como o principal gás responsável pelo efeito estufa, representando 77% da emissão antropogênica (IPCC, 2007a) e incremento anual na atmosfera superior a 12 bilhões de toneladas (Solomon et al., 2007).

Estudos globais indicam que a temperatura média do planeta poderá aumentar entre 1,8 e 4 ºC nos próximos 100 anos. Smith et al. (2007) salientam que a maioria dos modelos atuais de predição climática, tanto de curto prazo (decadais), quanto de longo prazo (ao longo de cem anos), consideram apenas o forçamento externo advindo de fontes naturais e antrópicas em detrimento da variabilidade interna, resultantes de mudanças naturais no sistema climático como o fenômeno El Niño, as flutuações na circulação termo-halina e as anomalias na temperatura dos oceanos, que são importantes para captar alterações no clima em curtos períodos de tempo. Dessa forma, para um horizonte de dez anos, os estudos indicam que a variabilidade interna contribuirá para mitigar a influência do aquecimento global antrópico para os dois anos pós 2007, mas também confirmam que a temperatura continuará aumentando e apresentará recordes, no mínimo, para metade dos oito anos seguintes (Smith et al., 2007). Embora ainda haja grandes incertezas quanto aos impactos advindos dessas projeções, já é possível observar e correlacionar, por exemplo, o aumento na freqüência de extremos climáticos, como tempestades e furacões, com o aquecimento superficial do oceano Atlântico (Solomon et al., 2007).

Parece não haver dúvidas que o aquecimento global vem sendo condicionado ao desequilíbrio da emissão de gases de efeito estufa causada pela ação humana. Por isso, é importante que a contribuição de cada fonte seja computada visando obter subsídios que reflitam a melhor estratégia de mitigação a ser adotada. Além disso, é fundamental criar mecanismos, através da geração da informação, para que estas ações sejam contempladas em programas governamentais, em todas as esferas administrativas, visto que, historicamente, políticas públicas voltadas à atenuação dos impactos gerados pelo aquecimento global têm sido incipientes e pouco efetivas.


 

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