Novembro, 2006
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Passo Fundo, RS
Efeito de plantas daninhas na produtividade de trigo

O grau de competição das plantas daninhas varia com a espécie, densidade populacional, duração da competição e com as condições de ambiente (Swanton & Weise, 1991).
As perdas causadas pelas plantas daninhas na produtividade de trigo podem ser devidas à competição, pelo efeito da alelopatia ou indiretamente, reduzindo a qualidade do produto colhido. A competição ocorre quando qualquer fator de ambiente (água, luz ou nutrientes) é dividido entre a cultura e as invasoras, e se torna limitante à obtenção de elevada produtividade. A alelopatia é a inibição do crescimento de uma planta por outra, através da liberação de compostos químicos no ambiente. Embora não estejam completamente estudados em trigo, os efeitos alelopáticos entre plantas têm sido relatados por alguns autores (Putnam & Duke, 1978; Rice, 1984) e provavelmente a alelopatia seja responsável por parte da perda da produtividade da cultura de trigo quando as plantas daninhas estão presentes.
A redução mais acentuada da produtividade de trigo ocorre quando a competição acontece nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura, (denominado período crítico de competição), que se estende até 45 a 50 dias após a emergência de plantas de trigo (Blanco et al., 1973). De modo geral, as culturas devem permanecer livres de competição no primeiro terço de seu desenvolvimento. Nesse contexto, o período crítico de uma cultivar com ciclo de 140 dias terminaria aos 47 dias após a emergência. No entanto, esse período pode variar em função das condições de ambiente que afetam o crescimento das espécies em competição. Durante esse período, os prejuízos provocados são irreversíveis, e é por isso que nessa época o trigo deve estar livre da interferência de plantas daninhas.
Embora a competição tardia não afete significativamente o rendimento de grãos de trigo, ela pode interferir nas operações de colheita e na qualidade do produto colhido. A contaminação dos grãos com partes de plantas daninhas e/ou com suas sementes provoca sua depreciação. Por exemplo, as sementes de erva-de-bicho (Polygonum spp.) tem sabor amargo, podendo alterar a qualidade da farinha. Além de dificultar a colheita, as plantas daninhas podem elevar a umidade dos grãos e os custos de secagem, favorecer sua fermentação, aumentar a incidência de pragas no armazenamento e, inclusive, diminuir o valor recebido pelos produtores, devido aos descontos causados pela impureza e umidade de grãos.


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