Embrapa Trigo

Setembro, 2006
Passo Fundo, RS

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Métodos de controle de plantas daninhas

Controle preventivo

No controle preventivo, o agricultor deve reduzir as possibilidades de introdução de propágulos, oriundos de outros locais, de plantas daninhas, principalmente em áreas ainda não infestadas. O objetivo desse tipo de controle é evitar a infestação e/ou a reinfestação das áreas em que as plantas daninhas sejam economicamente indesejáveis. Essa prática visa apenas à redução da infestação e não programa o controle para eliminar espécies que infestam a área.

A prevenção engloba todas as medidas adotadas para prevenir a introdução e disseminação de plantas daninhas. Para isso, é indispensável conhecer as características reprodutivas e de disseminação das espécies daninhas.

Para colocar em prática o controle preventivo, o agricultor deverá: usar sementes certificadas, evitar trânsito de animais de áreas infestadas para áreas livres de plantas daninhas, limpar os equipamentos após trabalho em áreas com plantas daninhas indesejáveis e controlar essas espécies em canais, margens da lavoura e caminhos (Silva et al., 1999).

 

Controle cultural

O controle cultural consiste em usar qualquer condição ambiental ou procedimento que promova o crescimento da cultura, tendendo a diminuir os danos de plantas daninhas. Esse método está baseado em dois princípios: as primeiras plantas que ocupam uma área tendem a excluir as demais e a espécie melhor adaptada predominará no ambiente (Fleck, 1992).

Tal controle usa principalmente as características da cultura para inibir o desenvolvimento de plantas daninhas. Assim, é necessário conhecer detalhadamente as características da cultura que está sendo instalada e das plantas daninhas envolvidas. Também é necessário conhecer a resposta dessas espécies às práticas culturais a serem adotadas, pois as espécies favorecidas por determinadas práticas tendem a se perpetuar. Contudo, se as práticas culturais favorecem o crescimento rápido e vigoroso da cultura e afetam negativamente as plantas daninhas, a tendência é de que as ervas sejam eliminadas ou tenham seu desenvolvimento reduzido.

Dessa forma, deve-se selecionar a cultura a ser implantada na área, para que esta obtenha a máxima vantagem sobre as plantas daninhas. Os tratos culturais devem ser realizados de forma a proporcionar o máximo benefício à cultura econômica, em relação às plantas daninhas. A escolha da cultivar adequada para as condições de solo e clima da região, a adubação correta e a adequação da densidade de plantas, da profundidade de semeadura, do espaçamento entrelinhas e da época de semeadura, são fatores que podem proporcionar grande vantagem para a cultura econômica. A adubação do solo, a profundidade de semeadura e a época de semeadura devem ser favoráveis à rápida germinação das sementes, à emergência de plântulas e ao estabelecimento vigoroso e uniforme da cultura. O espaçamento entrelinhas pode ser reduzido até o máximo possível, para aumentar a cobertura de solo, diminuindo o espaço para as plantas daninhas.

A rotação de culturas impede o aumento de determinada espécie, em razão da monocultura. Algumas espécies de plantas daninhas adaptam-se melhor a determinadas culturas, assim, se a mesma cultura for cultivada em anos seguidos, a tendência é que as espécies daninhas que melhor se adaptam àquelas condições se tornem predominantes. A rotação, além de criar diferentes dinâmicas competitivas na área, oportuniza o uso de diferentes tipos de herbicidas, colaborando para o controle de plantas daninhas na cultura de soja e nas culturas subseqüentes. A escolha das culturas a serem usadas deve levar em consideração as plantas daninhas existentes na área, além das características físicas, químicas e topográficas dessas.

 

Controle mecânico

O controle mecânico de plantas daninhas através do arranquio manual é a forma mais antiga usada pelo homem. O controle mecânico consiste no uso de equipamentos que eliminam as plantas daninhas através do efeito físico, como a enxada e os cultivadores. O uso de cultivadores para controle de plantas daninhas pode ser mais econômico para o agricultor. Mesmo após a introdução no mercado dos herbicidas, o uso desses equipamentos é comum, principalmente em pequenas propriedades, em que o emprego de outros métodos de controle é limitado devido à falta de equipamentos e à topografia do terreno. Em grandes propriedades o uso do controle mecânico de plantas daninhas é consideravelmente reduzido, em razão da necessidade de maior agilidade.

Os principais tipos de cultivadores são: com enxada fixa - arrastado através do solo por trator; e enxada rotativa – com acionamento através da tomada de força do trator e enxada rotativa de arrasto – é acionada pela resistência do terreno ao deslocamento.

Segundo Fleck (1992) os principais mecanismos responsáveis pelo controle de plantas daninhas por meio do método mecânico são:

O cultivo mecânico é aquele que controla as plantas daninhas na entrelinha e cobre aquelas existentes na linha da cultura com solo (Foster, 1991).

O uso do controle mecânico, devido ao baixo rendimento, requer planejamento para evitar que a competição entre a cultura econômica e as plantas daninhas resulte em redução do rendimento. Além disso, a eficiência do controle mecânico é variável, principalmente para espécies com fácil enraizamento e com vários fluxos germinativos. Assim, esse método é muito dependente das características da espécie daninha a ser controlada e do uso correto do equipamento, fazendo com que os agricultores, que têm condições, optem pelo controle químico.

Antes de adotar o controle mecânico de plantas daninhas, o agricultor deve estar ciente da adequabilidade desse método para controlar as espécies daninhas problema. Para isso, o agricultor deve conhecer algumas características da espécie daninha envolvida, como: capacidade de enraizamento, profundidade do sistema radicular, hábito de crescimento e tipo de reprodução. Essas características informam qual o equipamento adequado e como esse deve ser operado, por exemplo: plantas daninhas que se multiplicam através de estruturas vegetativas com rizomas e estolões podem ter seu número aumentado se o equipamento empregado fragmentar a planta.

Para plantas anuais e bienais, o controle mecânico é altamente eficiente, mas para plantas perenes que desenvolvem sistema radicular profundo há maiores dificuldades de controle. É importante, no entanto, que o equipamento esteja regulado, procurando-se eliminar as plantas daninhas, trabalhando somente a superfície do solo, para evitar possíveis danos às raízes da cultura (Foster, 1991).

As principais vantagens do método mecânico são: economicidade, eficiência em solos secos e quebra crostas que eventualmente se formam na superfície do solo, aumentando a aeração e a infiltração da água. Já as desvantagens são: não controla as plantas daninhas existentes na linha da cultura; danifica o sistema radicular da cultura; pode reduzir o estande; em período chuvoso, é inoperante e ineficiente e favorece a erosão (Foster, 1991; Fleck, 1992; Silva et al., 1999).

No sistema plantio direto, a cobertura morta exerce controle de plantas daninhas pelo seu efeito físico e provavelmente pelo efeito químico. A palhada atua sobre a passagem de luz, temperatura e umidade do solo e ainda pode liberar substâncias alelopáticas, criando condições adversas para a germinação e estabelecimento das plantas daninhas.

 

Controle químico

Os herbicidas são a principal e mais eficiente ferramenta usada para controle de plantas daninhas na cultura de soja. O uso desses produtos em pré ou pós-emergência combinados com as práticas discutidas anteriormente são suficientes para garantir vantagem competitiva para a cultura de soja nos estádios iniciais e até mesmo durante todo o ciclo.

As principais vantagens do controle químico são: eficiência; evita a competição de plantas daninhas desde a implantação da cultura; permite controlar plantas daninhas em época chuvosa, quando o controle mecânico é impraticável; não causa danos às raízes da cultura; não revolve o solo; permite melhor distribuição de plantas da cultura econômica na área; controla as plantas daninhas na linha da cultura alvo; e é de rápida operação. Entre as desvantagens estão o custo, geralmente mais elevado que os outros métodos; exige equipamentos adequados; pode ser tóxico ao homem e aos animais; polui o ambiente e pode deixar resíduos no solo e nos alimentos.

O controle químico é importante principalmente em locais em que ocorre elevada infestação de plantas daninhas, baixa disponibilidade de água e nutrientes e o tempo disponível para controle é reduzido, devido ao tamanho da área ou à falta de equipamentos de elevado desempenho. Em grandes plantações de soja o controle químico é o método mais empregado, devido à agilidade e à eficiência.

Os agricultores que usam o método químico devem estar atentos para as interações existentes entre a variedade que está sendo empregada e o herbicida a ser aplicado, pois algumas cultivares são mais sensíveis do que outras a determinados herbicidas.

Atualmente o controle seletivo de plantas daninhas na cultura de soja pode ser feito em pré-plantio incorporado (PPI), em pré ou em pós-emergência. O número de herbicidas disponíveis para controle de plantas daninhas folhas largas e estreitas na cultura de soja é grande (mais de 40 ingredientes ativos). Contudo, o uso de associações de herbicidas é importante para aumentar o espectro de controle, baixar o custo do tratamento e reduzir a pressão de seleção, o que auxilia a evitar o surgimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas e reduz a quantidade de herbicidas inserida no ambiente.


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