Embrapa Trigo

Setembro, 2006
Passo Fundo, RS

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Época de aplicação dos herbicidas

Os herbicidas podem ser aplicados em pré ou pós-emergência de plantas daninhas.

 

Aplicações pré-emergentes

Para adotar o controle em pré-emergência de plantas daninhas é necessário o conhecimento prévio das espécies daninhas presentes na área. Nesses casos o uso de mapas que indicam as espécies presentes em cada local é de grande importância na escolha do herbicida a ser usado, já que dificilmente toda a lavoura estará infestada ou apresentará as mesmas espécies.

O uso de herbicidas em pré-emergência oferece a vantagem do controle de plantas daninhas antes que essas possam competir com a cultura e provocar redução do rendimento. Na aplicação desses produtos o agricultor deve estar atento à necessidade de incorporação e à que profundidade esta deve ser feita, para aumentar a eficiência do produto e minimizar os riscos de toxicidade à cultura.

O desempenho dos herbicidas pré-emergentes depende de muitos fatores, como: umidade no momento da aplicação; chuva após a aplicação, para sua ativação; temperatura; tipo de solo e espécies daninhas a serem controladas. Por isso, algumas vezes esse tipo de herbicida pode proporcionar controle insatisfatório. Quando esses herbicidas são aplicados e incorporados ao solo, não necessitam de chuva para sua ativação e nem de tanta umidade para proporcionar controle eficiente de plantas daninhas quanto aqueles produtos que não são incorporados, pois a incorporação distribui o produto na camada superficial do solo.

As aplicações pré-emergentes de herbicidas são aquelas realizadas antes da emergência de plantas daninhas e podem ser em pré-plantio incorporado (PPI), juntamente ou logo após a semeadura sem incorporação.

 

Aplicação em pré-plantio incorporado

Recomenda-se aplicar em pré-plantio incorporado (PPI) os herbicidas que atuam durante ou imediatamente após a germinação de sementes, que apresentam elevada pressão de vapor (> 10-4 mmHg), que são facilmente decompostos pela luz ou possuem baixa mobilidade no solo, como é o caso do trifluralin. A incorporação é realizada mecanicamente com uso da grade de disco e deve ser uniforme, a uma profundidade que atinja as sementes de plantas daninhas a serem controladas (5-10 cm). Para aqueles herbicidas com elevada pressão de vapor, a incorporação deve ser realizada imediatamente após a aplicação, e para os demais herbicidas esse período poderá ser maior. O nível de umidade do solo no momento da aplicação deve ser de médio a baixo para aumentar a adsorção das moléculas do herbicida, evitando-se a perda por volatilização.

As principais vantagens desse tipo de aplicação são: o herbicida estará disponibilizado no perfil superficial do solo, local onde se encontram as sementes de plantas daninhas com potencial para germinar; a operação de incorporação elimina as plantas daninhas emergidas; os produtos usados não são facilmente lixiviados, devido a sua baixa solubilidade e não requer chuva para ativação ou movimentação do produto no perfil do solo até as sementes. Entre as desvantagens estão: a movimentação excessiva do solo; a compactação devido ao trânsito das máquinas, que poderá favorecer a erosão; a aplicação é feita em área total; não exercem adequada atividade sobre espécies perenes com propagação vegetativa; o custo do tratamento é aumentado devido à necessidade de realizar a incorporação e a cultura deve ser tolerante ao produto, pois as sementes desta estarão em contato direto com o herbicida.

 

Aplicação em pré-emergência sem incorporação

Os herbicidas pré-emergentes sem incorporação podem ser aplicados imediatamente após a semeadura da cultura ou até mesmo após sua emergência, mas sempre antes da emergência de plantas daninhas, pois a ação desses se dá durante ou logo após a germinação. Normalmente a aplicação é feita imediatamente após a semeadura ou no máximo três dias após a última gradagem. A área deve estar livre de torrões e apresentar razoável nível de umidade. A ocorrência de chuva ou irrigação após a aplicação é necessária para incorporar o produto ao solo, o que aumenta a eficácia do mesmo, pois se esse não atingir o local onde estão as sementes de plantas daninhas, o tratamento poderá ser ineficiente. A ocorrência de estiagem por período superior a uma semana poderá afetar o desempenho do herbicida, pois haverá perdas por fotodecomposição e volatilização.

As vantagens dos herbicidas pré-emergentes são: podem ser usados no preparo convencional e no sistema plantio direto; podem ser aplicados na operação de semeadura, com equipamentos acoplados à semeadora; não necessitam incorporação, com isso há economia de tempo, maquinaria e combustível e expõem menos o solo à erosão, reduzindo o impacto ambiental.

 

Aplicações pós-emergentes

A aplicação em pós-emergência é aquela realizada após a emergência de plantas daninhas e antes que essas interfiram no desenvolvimento da cultura, devido à competição. A possibilidade de ocorrer prejuízo devido à competição é maior nesse tipo de tratamento herbicida do que nos anteriores. A atenção para o estádio de desenvolvimento de plantas daninhas e da cultura é fundamental para o sucesso da aplicação, pois alguns herbicidas são muito exigentes quanto à esse fator.

As condições de clima devem ser favoráveis à absorção e translocação do herbicida. Em geral, para aplicação de herbicidas pós-emergentes, a temperatura mínima é de 10 oC; a ideal de 20 - 30 oC; e a máxima, de 35 oC. A umidade relativa do ar mínima é de 60%; a ideal de 70-90%; e a máxima, de 95%. Esses herbicidas não devem ser aplicados na presença de vento com velocidade superior a 10 km/h, sobre plantas estressadas e em caso de chuva iminente, sob pena de perda da eficiência do tratamento ou causar danos à cultura.

A aplicação em dias com vento forte poderá provocar deriva e as gotículas não atingirão o alvo, podendo atingir locais com culturas sensíveis. A baixa umidade relativa do ar provoca a desidratação da cutícula e o conseqüente secamento rápido da gota sobre a superfície da folha, provocando a cristalização do produto sobre a mesma, dificultando assim, a absorção da molécula. Elevada temperatura pode provocar a volatilização de moléculas e aumentar a evaporação de gotas. Por outro lado, temperatura baixa pode reduzir o metabolismo de plantas e dificultar a absorção.

A aplicação sobre plantas estressadas reduz a absorção e translocação do produto e pode reduzir o metabolismo das moléculas herbicidas pela cultura, reduzindo a seletividade do herbicida. A ocorrência de chuva logo após a aplicação pode lavar as moléculas do herbicida da superfície da folha da planta e impedir a absorção. Alguns herbicidas necessitam de até seis horas sem chuva, após a aplicação, para serem absorvidos em quantidade suficiente para controlar a planta.

As vantagens dos herbicidas pós-emergentes são: permitem aplicação localizada; não são afetados pelas características do solo; podem ser usados no preparo convencional de solo e no sistema plantio direto; a escolha do produto pode ser feita de acordo com as plantas daninhas existentes na área naquele momento e auxílio na prevenção da erosão.

Os herbicidas pós-emergentes podem ser aplicados em pós-emergência precoce, normal ou tardia.

 

Aplicação em pós-emergência precoce

A eficiência dos herbicidas pós-emergentes é maior quando esses são aplicados sobre plantas daninhas em estádios iniciais de desenvolvimento, ou seja, quando as espécies dicotiledôneas estiverem no máximo com duas folhas e as gramíneas ainda não perfilhadas.

 

Aplicação em pós-emergência normal

A eficiência dos herbicidas aplicados em pós-emergência normal ainda é elevada. Nessa fase as folhas largas estão no estádio 4-6 folhas e as gramíneas estão com até 3-4 perfilhos.

 

Aplicação em pós-emergência tardia

A eficiência dos herbicidas em pós-emergência tardia pode ser menor do que quando aplicados em pós-emergência precoce ou normal. Nesse tipo de aplicação os herbicidas são aspergidos sobre plantas daninhas em estádios avançados de desenvolvimento, ou seja, quando as espécies dicotiledôneas estão em estádio acima de seis folhas e as gramíneas com mais três perfilhos. Em tais situações, normalmente, a cultura já sofreu danos e terá o rendimento reduzido. O uso de adjuvante torna-se imprescindível.

 

Aplicação dirigida

A aplicação dos herbicidas pré e pós-emergentes pode ser realizada de forma dirigida, ou seja, somente em uma parte da área, como por exemplo, em manchas onde ocorre determinada espécie de planta daninha ou nas entrelinhas da cultura. Entre as vantagens das aplicações dirigidas está a redução do gasto com herbicida, pois a quantidade de produto aplicada será consideravelmente reduzida quando comparada com a aplicação em área total. Por outro lado, entre as desvantagens estão o não controle de plantas daninhas na linha da cultura e os cuidados a serem tomados no caso de se utilizar herbicidas não seletivos.

O sucesso das aplicações dirigidas em pós-emergência baseia-se nas diferenças entre as plantas daninhas e a cultura. Nos casos em que a altura da cultura é maior que a de plantas daninhas, pode-se aplicar o herbicida de forma direcionada à base de plantas da cultura econômica, evitando-se o contato do herbicida com as folhas desta.

A aplicação dirigida pode ser usada para corrigir falhas, nos casos em que os herbicidas aplicados em pré ou pós-emergência não apresentaram controle satisfatório das espécies presentes na área ou por tempo adequado. O uso de herbicidas totais de forma dirigida pode ser a única alternativa eficiente para controlar plantas daninhas em estádios avançados de desenvolvimento.

Aplicações dirigidas são uma ferramenta que deve ser usada para evitar a multiplicação e disseminação de determinadas espécies ainda não detectadas na área e para controlar plantas resistentes a herbicidas.

 

Controle biológico

O controle biológico de plantas daninhas não é praticado no Brasil em larga escala. Atualmente, existem vários estudos sendo conduzidos pela Universidade Federal de Viçosa e pela EMBRAPA que evidenciam muitos problemas a serem resolvidos, principalmente referentes a falta de consistência de controle em condições ambientais variadas.

 

Controle integrado de plantas daninhas

O programa de manejo integrado utiliza a combinação de todos os métodos de controle de plantas daninhas (preventivo, cultural, químico e mecânico) para obter controle eficiente dessas espécies. Não há um método que seja eficiente em todas as situações ou ambientes onde as culturas e as plantas daninhas estão se desenvolvendo, ou seja, cada situação precisa ser analisada individualmente e de acordo com as suas características, devem ser definidas quais as práticas que devem ser adotadas. Os agricultores devem ser estimulados a usar todos os métodos de controle de plantas daninhas disponíveis, objetivando reduzir os custos e proteger o ambiente, sem com isso haver perdas de produção. Para que isso seja possível, deve-se conhecer os métodos e as características da propriedade. O sucesso no controle de plantas daninhas é obtido quando é feito antes que tais plantas provoquem qualquer tipo de perda na produtividade.


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