Embrapa Trigo

Setembro, 2006
Passo Fundo, RS

62

Manejo e controle de plantas daninhas na cultura de soja

Leandro Vargas1
Erivelton Scherer Roman1

Introdução

O controle inadequado de plantas daninhas (espécie vegetal que se desenvolve onde não é desejada) é um dos principais fatores relacionados à redução do rendimento de soja.

As plantas daninhas competem com a cultura de soja pelos recursos (luz, água, nutrientes e espaço). Essa competição é importante, principalmente nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura, devido à possíveis perdas na produtividade, que podem ser superiores a 80% ou até mesmo, em casos extremos, inviabilizar a colheita.

As plantas daninhas apresentam características que lhes conferem elevada agressividade, mesmo em ambientes adversos ao desenvolvimento vegetal. As principais características são: rápida germinação e crescimento inicial, sistema radicular abundante, grande capacidade de absorver nutrientes e água do solo, elevada eficiência no uso da água e grande produtividade e disseminação de propágulos. Essas espécies afetam diretamente a vida dos agricultores, independentemente do tamanho da propriedade, quer seja minifúndio ou latifúndio, devido à competição com as espécies cultivadas. Assim, o rendimento torna-se reduzido e os custos de produção aumentam, resultando na diminuição da renda do agricultor.

Além de reduzir a produtividade das culturas, as plantas daninhas podem causar outros problemas, como: reduzir a qualidade dos grãos, provocar maturação desuniforme, causar perdas e dificuldades na operação da colheita e servir de hospedeiro para pragas e doenças. Também podem liberar toxinas altamente prejudiciais ao desenvolvimento das culturas. Contudo, apesar de as plantas daninhas apresentarem vários aspectos negativos, sob o ponto de vista botânico e ecológico, elas apresentam vantagens, como: servem de alimento para animais silvestres; representam fonte potencial de plantas úteis e depósito de germoplasma; muitas espécies possuem valor apícola e/ou medicinal; auxiliam na prevenção e combate da erosão; reciclam nutrientes e podem extrair metais pesados e outros poluentes da água (Fleck, 1992). As espécies daninhas também podem, por meio da alelopatia, impedir a germinação e/ou o desenvolvimento de outras espécies de plantas daninhas, favorecendo o manejo dessas em culturas, principalmente sob sistema plantio direto (Silva et al., 1999).

A competição é a disputa que se estabelece entre a cultura econômica/com fins lucrativos e as plantas daninhas por água, luz, nutrientes e dióxido de carbono disponíveis em determinado local e tempo. Em razão de esta competição envolver vários fatores diretos e indiretos, muitas vezes, é preferível falar-se em interferência de uma comunidade de plantas, daninhas ou não, sobre outras (Locatelly e Doll, 1977). Trata-se de um fenômeno natural em uma comunidade de plantas em que existem recursos limitados, tendendo a ser maior e mais prejudicial a ambos os competidores, quanto mais semelhantes forem as exigências ambientais e o hábito vegetativo das mesmas.

Nos ecossistemas agrícolas, as plantas daninhas levam vantagem competitiva sobre as plantas cultivadas, pois o melhoramento genético das espécies cultivadas objetiva obter acréscimo na produtividade econômica, e isso quase sempre é acompanhado por decréscimo no potencial competitivo (Pitelli, 1985). Outro aspecto importante é a grande agressividade, ou seja, a grande capacidade de sobrevivência de plantas daninhas, diminuindo ou impedindo que as plantas cultivadas tenham acesso aos recursos. Dessa forma, em algumas situações ocorre grande disputa entre as culturas econômicas e as plantas daninhas para obtenção dos recursos, sobressaindo a espécie mais eficiente em capturá-los. Cabe aos produtores e agrônomos utilizar os métodos de controle e as práticas culturais de forma a aumentar as chances de a cultura superar as plantas daninhas na competição pelos recursos.

O controle de plantas daninhas consiste em suprimir o crescimento e/ou reduzir o número de plantas daninhas por área, até níveis aceitáveis para convivência entre as espécies envolvidas, sem prejuízos para as mesmas. Na cultura de soja, o controle de plantas daninhas pode ser feito usando-se um ou mais dos métodos de controle, que são: preventivo, cultural, mecânico, químico e biológico. O agricultor também pode usar o controle integrado, no qual mais de um desses métodos é adotado. O uso do controle integrado facilita o controle de plantas daninhas durante todo ciclo da cultura. As práticas culturais, como preparo do solo, adubação, escolha da cultivar, época de semeadura, número de plantas por área e rotação de culturas devem ser empregadas, visando beneficiar ao máximo a cultura, e em alguns casos podem reduzir, ou até mesmo eliminar, a necessidade do uso de outros métodos de controle.


1 Eng.-Agro., Pesquisador da Embrapa Trigo na área de manejo e controle de plantas daninhas. Caixa Postal 451. Passo Fundo, RS 99001-970 vargas@cnpt.embrapa.br.


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