Embrapa Trigo

Setembro, 2006
Passo Fundo, RS

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Toxicidade herbicida à cultura de milho

No campo, é comum observar a ocorrência tanto de falhas no controle de plantas daninhas como de sintomas de toxicidade de herbicidas na cultura de milho. Esse fato é preocupante, devido à possível redução do rendimento de grãos da cultura. São raros os estudos que avaliam as perdas no rendimento de grãos das culturas devido à toxicidade de herbicidas aplicados de forma incorreta.

As falhas no controle e os sintomas de toxicidade são atribuídos a diversos fatores, sendo os principais: uso de dose inadequada de herbicida para o estádio das plantas daninhas e o tipo de solo, aplicação em condições climáticas inadequadas, associações inadequadas e não respeito ao prazo de carência exigido por determinadas moléculas, como por exemplo a molécula do herbicida nicosulfuron, que exige carência quanto ao uso de determinados inseticidas do grupo fosforado, e também de fertilizantes nitrogenados, a exemplo da uréia, sulfato de amônio e outros.

As condições ambientais influenciam a toxicidade do herbicida nas plantas daninhas e na cultura, podendo ocorrer desde controle deficiente até toxicidade a milho. Baixa temperatura pode atrasar a emergência e o crescimento de milho, reduzindo sua capacidade competitiva e o metabolismo dos herbicidas pela planta. Por outro lado, temperatura elevada pode aumentar a atividade do herbicida e a absorção pelas plantas e reduzir a tolerância da cultura aos herbicidas.

Assim, torna-se de primordial importância que os produtores e técnicos da área de assistência técnica fiquem atentos para estes fatos. A época de semeadura, quer antecipada, ou retardada, principalmente no sul do País (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná) e sul de São Paulo, além das regiões de maior altitude, quer da região Sul ou Central do Brasil, podem manisfestar com maior intensidade esse fenômeno e comprometer a eficiência de controle e principalmente aumentar os riscos com a toxidade dos herbicidas à cultura. No caso das regiões do Brasil Central, esse fato pode ser agravado por residuais de herbicidas utilizados em culturas anteriores, como exemplo a cultura de soja tratada com herbicida diclosulan com posterior semeadura de milho safrinha ou de algodão tratado com herbicida diuron com posterior plantio precoce de milho ou ainda, de feijão tratado com herbicida fomesafen e posterior cultivo de milho. Nessa região, além do tipo de solo de textura mais leve, há ocorrência de baixos níveis pluviais (chuvas) durante a estação do inverno, aumentando as possibilidades de toxidade com herbicidas.

Os herbicidas reguladores de crescimento, como o 2,4-D, podem provocar injúrias a milho quando a aplicação ocorrer fora do estádio recomendado ou sobre plantas estressadas. Os herbicidas inibidores de pigmento (isoxaflutole) possuem maior probabilidade de causar injúrias a milho quando aplicados em condições de elevada umidade e baixa temperatura, em solos arenosos e com baixo nível de matéria orgânica. Os inibidores de aminoácidos (nicosulfuron) podem causar danos a milho quando aplicados fora do estádio recomendado e ainda quando as plantas de milho estiverem estressadas no momento da aplicação, ou quando não respeitados os prazos de carência com fertilizantes nitrogenados ou inseticidas fosforados. Baixa temperatura, aliada à deficiência de água, aumenta as possibilidades de dano a milho por parte destes herbicidas (Ahrens, 1994). Os herbicidas a base de acetochlor e dimethenamid são também exemplos de possíveis problemas de toxidade para a cultura de milho, dependendo da dosagem, tipo de solo, do híbrido e das condições de aplicação e climáticas após a aplicação. É importante salientar que existem diferenças entre híbridos quanto ao grau de toxidade para os herbicidas a base de nicosulfuron, acetoclhor e dimethenamid.

Para evitar esse problema, é necessário que o engenheiro agrônomo defina corretamente a dose a ser usada, devendo estar de acordo com o tipo de solo, com o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas e da cultura, com as espécies a serem controladas, com o histórico das condições ambientais da região na época da aplicação, disponibilidade de equipamento versus tamanho da área a ser aplicada e principais limitações de cada herbicida a ser utilizado. Diante disso, técnicos e produtores poderão estabelecer adequado planejamento de controle de plantas, reduzindo substancialmente os riscos de toxidade.


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