Embrapa Trigo

Setembro, 2006
Passo Fundo, RS

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Manejo e controle de plantas daninhas

I) Manejo

O manejo de plantas daninhas consiste na adoção de certas práticas que resultam na redução da infestação, mas não necessariamente na sua completa eliminação ou erradicação. A redução da interferência de plantas daninhas, considerando-se culturas produtoras de grãos, deve ser feita até o nível no qual as perdas pela interferência sejam iguais ao incremento no custo de controle, ou seja, de modo que não interfiram na produção econômica da cultura (Silva et al. 1999).

Os métodos de controle de plantas daninhas usados pelo homem até hoje são os mais variados possíveis, e atualmente verifica-se grande evolução nestes. Eles abrangem desde o arranquio manual de plantas até o uso de sistemas e equipamentos sofisticados para mapear e exterminar plantas e sementes no solo.

O controle eficiente de plantas daninhas muitas vezes necessita ser iniciado antes da instalação da cultura de milho, ou até mesmo na safra anterior.

 

1. Manejo de plantas daninhas antes da semeadura

O agricultor deve conhecer as plantas daninhas que infestam a área para planejar a escolha das práticas e/ou dos herbicidas a serem empregados. Existem muitas estratégias que podem ser adotadas para reduzir a infestação de plantas daninhas antes da implantação da cultura; dentre elas destacam-se:

Em áreas que se adota sistema plantio direto, a dessecação antes da semeadura elimina as plantas estabelecidas e proporciona a formação da cobertura morta. Essa palhada exerce efeito físico sobre a população de plantas daninhas, atuando sobre a passagem de luz, temperatura e umidade do solo, e ainda pode liberar substâncias alelopáticas, criando condições adversas para a germinação e o estabelecimento de plantas daninhas.

A dessecação deve ser feita de tal forma que aproximadamente uma semana após a aplicação do(s) herbicida(s) seja possível realizar a semeadura de milho. Também deve-se levar em consideração os aspectos de relação C/N da cultura utilizada para a cobertura de solo e possíveis pragas que possam surgir após a dessecação e assim afetar o estabelecimento da cultura de milho.

O intervalo entre dessecação e semeadura deve ser respeitado obrigatoriamente quando se usar herbicidas a base de 2,4 D, pois essa molécula, apesar de ter sua recomendação em pós-emergência para o controle de plantas de folha larga, poderá afetar tanto a cultura como as plantas daninhas durante o período médio de 8 dias.

A dessecação deve ser bem planejada, contemplando aspectos relacionados ao controle das plantas, evitando-se que as mesmas permaneçam vegetando no local e interferindo na cultura de milho, a fertilidade do solo, principalmente, aqueles ligados à relação C/N (retenção e fornecimento posterior de nitrogênio para a cultura de milho) e ao aparecimento de pragas após dessecação, a exemplo da lagarta da aveia (Pseudatelia sp), broca-do-azevém (Listronotus bonariensis), lagarta rosca (Agrotis ipisilon) e lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

Áreas infestadas com determinadas plantas daninhas, como azevém, requerem cuidados especiais, pois é comum encontrar lavouras de milho infestadas com esta espécie em que o agricultor realizou dessecação incorreta e não obteve controle eficiente. Com isso, a cultura de milho cresce competindo com plantas adultas de azevém. O problema agrava-se ainda mais em razão do baixo controle desta espécie proporcionado pelos herbicidas aplicados em pós-emergência na cultura de milho e devido a reinfestações.

Algumas plantas daninhas com propagação vegetativa, como grama-seda (Cynodon dactylon) e capim-massambará (Sorghum halepense), devem ser controladas antes da instalação da cultura de milho ou do preparo do solo, já que os herbicidas aplicados nesta cultura em pré e pós-emergência não são eficientes para controlar estas espécies em estádios avançados de desenvolvimento. O uso de herbicidas totais é uma alternativa eficiente para controlar essas espécies, devendo ser realizado antes da semeadura de milho.

 

2. Manejo de plantas daninhas após a semeadura

Depois da semeadura da cultura de milho, o agricultor dispõe da possibilidade de uso de herbicidas pré-emergentes, os quais controlam as plantas daninhas durante sua emergência. Após a emergência das plantas daninhas, o agricultor poderá empregar o controle mecânico (com uso de cultivadores) e/ou o controle químico (com uso de herbicidas pós-emergentes).

O uso de cultivadores pode reduzir a infestação de plantas daninhas nas entrelinhas, mas estes não são eficientes no controle daquelas localizadas na linha da cultura. Na tentativa de solucionar esse problema, é comum os agricultores usarem cultivadores maiores de tração animal ou tratorizados. As denominações regionais para estes cultivadores são as mais diversas, do tipo asa de andorinha, bico de pato, sulcadores, etc.

Esses implementos ineficientes e ineficazes para esse tipo de controle são utilizados inadequadamente, ou muito próximo da linha de plantio ou profundos demais, na tentativa de revolver determinado volume de solo que possa cobrir as plantas daninhas localizadas nas linhas, o que acaba provocando danos ao sistema radicular da cultura de milho. Esses danos poderão ser muito sérios, dependendo do equipamento, da profundidade e, principalmente, do nível de umidade do solo, pois podem aumentar a evaporação da umidade do solo através da exposição das camadas mais profundas. Além desses aspectos, eles não controlam plantas daninhas com reprodução vegetativa.

O uso de herbicidas aplicados em pós-emergência é uma alternativa eficiente para controlar plantas daninhas e podem ser empregados para corrigir falhas de outros métodos ou em casos em que não é viável o uso de cultivadores ou outras técnicas. O emprego de herbicidas pós-emergentes depende da espécie infestante e do estádio de desenvolvimento das plantas daninhas e da cultura. O uso de associações de herbicidas é comum em algumas regiões. Nesses casos, deve-se dar atenção especial à seletividade das associações para a cultura e para o espectro de controle.

 

3. Monitoramento

O monitoramento das espécies daninhas presentes na área e de suas proporções, além de auxiliar na escolha do método de controle a ser usado, indica o comportamento das espécies naquele ambiente. Essas informações são úteis na detecção da seleção de espécies e na identificação precoce das plantas daninhas resistentes a herbicidas. Já é possível encontrar em algumas regiões do Brasil plantas daninhas com resistência a alguns mecanismos herbicidas. Estudos para conhecer melhor os mecanismos da resistência e suas possíveis alternativas de controle estão sendo realizados. Nos casos em que há suspeitas de seleção de espécies, o agricultor deve usar outros métodos de controle. O monitoramento, na maioria dos casos, proporciona economia na quantidade de herbicida aplicado, principalmente nos casos em que se empregam produtos em pré-emergência, proporcionando redução significativa no custo do controle. Além disso, o monitoramento permite a identificação de plantas daninhas resistentes no início do processo, o que facilita o seu controle. Infelizmente, o monitoramento ainda não é uma prática usual entre os agricultores brasileiros, nem um método muito difundido e incentivado entre a maioria dos técnicos de empresas e assistência técnica.

 

II) MÉTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

1. Controle preventivo

No controle preventivo, o agricultor deve reduzir as possibilidades de introdução e multiplicação de propágulos de plantas daninhas na área. Esse controle objetiva evitar a infestação e a reinfestação das áreas em que as plantas daninhas são economicamente indesejáveis. Tal prática visa apenas à redução da infestação e não programa o controle ou a eliminação das espécies que infestam a área (Deuber, 1992; Fleck, 1992).

A prevenção engloba todas medidas adotadas para prevenir a introdução e disseminação de plantas daninhas. Para isso, é indispensável conhecer as características reprodutiva e de disseminação das espécies daninhas.

Para colocar em prática o controle preventivo, o agricultor deverá: usar semente certificada, evitar trânsito de animais de áreas infestadas para áreas livres de plantas daninhas, limpar os equipamentos após trabalho em áreas com plantas daninhas indesejáveis e controlar essas espécies em canais, curvas de nível e margens da lavoura e nos caminhos (Deuber, 1992; Silva et al., 1999).

Essa é uma prática que na maioria das vezes não é considerada, mas que pode contribuir em muito para a redução da pressão de infestação de plantas daninhas.

 

2. Controle cultural

O controle cultural consiste em usar qualquer condição ambiental ou procedimento que promova o rápido crescimento da cultura, favorecendo esta em detrimento às plantas daninhas. Esse método está baseado em dois princípios: as primeiras plantas que ocupam uma área tendem a excluir as demais e a espécie melhor adaptada predominará no ambiente (Fleck, 1992).

Esse controle usa principalmente as características da cultura para inibir o desenvolvimento de plantas daninhas. Assim, é necessário conhecer detalhadamente as características da cultura que se está instalando e das plantas daninhas envolvidas, reforçando a importância do monitoramento. Também é necessário conhecer a resposta destas espécies às práticas culturais a serem adotadas, pois as espécies favorecidas por determinadas práticas tendem a se perpetuar. Contudo, se as práticas culturais favorecem o crescimento rápido e vigoroso da cultura, a tendência é de que as plantas daninhas sejam controladas, tendo seu desenvolvimento reduzido.

Dessa forma, deve-se selecionar a cultura a ser implantada na área e os tratos culturais devem ser realizados de forma a proporcionar o máximo benefício à cultura, em relação às plantas daninhas. A escolha do genótipo de milho correto para as condições de solo e clima da região, a adubação correta e a adequação da densidade de plantas, da profundidade de semeadura, do espaçamento entrelinhas e da época de semeadura são fatores que podem proporcionar grande vantagem para a cultura. A adubação do solo, a profundidade de semeadura e a época de semeadura devem ser favoráveis a rápida germinação de sementes, à emergência de plântulas e ao estabelecimento vigoroso e uniforme da cultura econômica. O espaçamento entrelinhas deve ser reduzido o máximo possível, sempre respeitando os demais fatores envolvidos no manejo da cultura, tais como a cultivar de milho, fertilidade do solo, etc, para aumentar o índice de cobertura da área, diminuindo o espaço para plantas daninhas.

A rotação de culturas é outra técnica que impede o aumento de uma determinada espécie, em razão da monocultura. Algumas espécies de plantas daninhas adaptam-se melhor a determinadas culturas, assim, se uma mesma cultura for cultivada em anos seguidos, a tendência é de que estas espécies de daninhas se tornem predominantes na área. A rotação, além de criar diferentes dinâmicas competitivas na área, cria a oportunidade do uso de diferentes tipos de herbicidas, colaborando para o manejo de plantas daninhas na cultura de milho e nas culturas subseqüentes. A escolha das culturas a serem cultivadas em um talhão deve levar em consideração as plantas daninhas existentes na área, além das características físicas, químicas e topográficas da área.

 

3. Controle mecânico

O controle mecânico de plantas daninhas, através do arranquio manual, é o método de controle mais antigo usado pelo homem, consistindo no uso de equipamentos que eliminam plantas daninhas através do efeito físico, como a enxada e os cultivadores. Mesmo após a introdução de herbicidas no mercado, o uso desses equipamentos é extensivo, principalmente em pequenas propriedades, em que o emprego de outros métodos de controle é limitado, devido à falta de equipamentos ou à topografia do terreno. Em grandes propriedades, o uso do controle mecânico de plantas daninhas é ainda reduzido, em razão da necessidade de maior agilidade na operação.

Os principais tipos de cultivadores são:

Segundo Fleck (1992), os principais mecanismos responsáveis pelo controle de plantas daninhas por meio do método mecânico são:

    1. Enterrio: as plantas morrem por falta de luz para fotossíntese e conseqüente esgotamento de suas reservas;
    2. Corte: consiste na separação da parte aérea das raízes;
    3. Dessecação: raízes, rizomas e estolões, quando expostos à superfície do solo, acabam morrendo por desidratação; e
    4. Exaustão: estimulação repetida da brotação das gemas leva à exaustão das reservas e morte das gemas (esse método é de grande importância para plantas perenes).

O cultivo mecânico praticado em períodos chuvosos ou com solo apresentando elevado nível de umidade torna-se inoperante e ineficiente (Foster, 1991). A elevada umidade do solo favorece a "pega" de plantas daninhas, e assim, o agricultor estará apenas trocando as plantas de lugar dentro da lavoura. Além disso, mesmo que a umidade do solo seja adequada para uso do controle mecânico, o equipamento deve estar bem regulado, pois as plantas que não forem arrancadas e expostas à superfície não serão controladas.

O eficiente cultivo mecânico é aquele que controla as plantas daninhas na entrelinha através dos mecanismos citados anteriormente e cobre aquelas existentes na linha da cultura com solo, controlando-as por abafamento (Foster, 1991).

O uso de cultivadores de tração animal muitas vezes é a única alternativa para pequenos agricultores que não possuem equipamento e/ou treinamento para aplicar herbicidas e também em casos em que a topografia do terreno não permite o uso de máquinas. No entanto, o baixo rendimento dessa operação requer planejamento, a fim de evitar que a competição entre a cultura e as plantas daninhas resulte em redução do rendimento. Além disso, a eficiência do controle mecânico é variável, principalmente, para espécies com fácil enraizamento e com vários fluxos germinativos. Assim, este método é muito dependente das características da espécie daninha a ser controlada e do uso correto do equipamento; isso faz com que os agricultores que têm condições optem pelo controle químico.

Antes de adotar o controle mecânico de plantas daninhas, o agricultor deve estar ciente da adequabilidade deste método para controlar as espécies daninhas que são problemas em sua lavoura. Para isso, é necessário conhecer algumas características da espécie daninha envolvida, como: capacidade de enraizamento, profundidade do sistema radicular, hábito de crescimento e tipo de reprodução. Essas características informam qual o equipamento adequado e como este deve ser operado, por exemplo: plantas daninhas (como a tiririca, o capim-massambará e a grama-seda) que se multiplicam através de estruturas vegetativas, como rizomas, tubérculos, bulbos e estolões, podem ter seu número aumentado se o equipamento empregado fragmentar a planta.

Para plantas anuais e bienais, o controle mecânico é eficiente; já as plantas perenes, que desenvolvem sistema radicular profundo, apresentam maiores dificuldades de controle. É importante, no entanto, que o equipamento esteja adequadamente regulado, procurando-se eliminar as plantas daninhas operando somente a superfície do solo, para evitar possíveis danos às raízes da cultura (Foster, 1991).

As principais vantagens do método mecânico são: relativamente econômico, eficiente em solos secos e quebra crostas que eventualmente se formam na superfície do solo, aumentando a aeração e a infiltração da água. Já as desvantagens são: não controla as plantas daninhas existentes na linha da cultura, danifica o sistema radicular da cultura, pode reduzir o estande de plantas, e em período chuvoso é inoperante e ineficiente, favorecendo a erosão (Foster, 1991; Fleck, 1992; Silva et al., 1999).

 

4. Controle químico

O controle químico atualmente é a alternativa que mais vem crescendo em termos de adoção. Novas moléculas surgem a cada ano e as técnicas de aplicação são cada vez mais eficientes, proporcionando aumento das opções em termos de controle por parte dos agricultores.

4.1. Vantagens e desvantagens do controle químico.

As principais vantagens do controle químico são: eficiência e rapidez, evitando a competição de plantas daninhas desde a implantação da cultura; permite controlar plantas daninhas em época chuvosa, quando o controle mecânico é impraticável, não causa danos às raízes da cultura, não revolve o solo e controla as plantas daninhas na linha da cultura. Já as desvantagens do controle químico são: exigência de equipamentos adequados com permanente manutenção, necessidade de maior capacitação de produtores ou mão-de-obra especializada e falta de capacitação de produtores e da mão-de-obra, que induz a aplicações incorretas, ocasionando elevação dos custos, controle ineficiente, poluição do ambiente e resíduos no solo, na água e nos alimentos.

O uso de herbicidas é fundamental para manejo de plantas daninhas, principalmente em locais em que ocorrem altas infestações e o tempo disponível para controle é reduzido devido ao tamanho da área ou à falta de equipamentos com elevado desempenho. Em grandes lavouras de milho o controle químico aparece como o único método viável, devido à agilidade e à eficiência em condições de solo úmido, o que ocorre comumente em várias regiões produtoras nessa fase de cultivo.

4.2. Cuidados na hora de escolher o herbicida.

Os agricultores que usam o método químico devem estar atentos para as interações existentes entre a cultivar de milho que está sendo empregado e o herbicida a ser aplicado, pois alguns híbridos de milho são sensíveis a determinados herbicidas. Também é de fundamental importância a atenção com relação aos herbicidas utilizados na cultura anterior, pois atualmente existem vários herbicidas recomendados para as culturas de soja, feijão, algodão, entre outras, que, dependendo da dose utilizada, do tipo de solo, das condições climáticas ocorridas após a aplicação e, principalmente, do intervalo entre aplicação e plantio, podem inviabilizar o cultivo de milho na área.

Atualmente o controle seletivo de plantas daninhas na cultura de milho pode ser realizado em pré ou em pós-emergência das plantas daninhas e da cultura. No entanto, o número de herbicidas disponíveis para controle de plantas daninhas de folhas largas, em pós-emergência é relativamente grande, quando comparado com aqueles disponíveis para controle de plantas de folhas estreitas. Nos casos em que a infestação de gramíneas é elevada, o controle deve ser preferencialmente realizado com uso de herbicidas pré-emergentes. Todavia quando as plantas de folhas largas forem predominantes, o controle poderá ser realizado em pós-emergência, buscando-se sempre reduzir a quantidade de herbicida inserida no ambiente, com objetivo de baixar o custo e reduzir a poluição ambiental.

O uso de associações de herbicidas é importante para aumentar o espectro de controle, baixar o custo do tratamento e reduzir a pressão de seleção, o que auxilia a evitar o surgimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas.

A escolha do herbicida a ser usado depende da sua eficiência sobre as plantas daninhas que estão ocorrendo na área, do estádio da cultura, do tipo de solo, da cultura que será usada em rotação e das lavouras adjacentes.

Para produtos absorvidos pelas raízes das plantas, aplicados em pré ou pós-emergência, a dose de herbicida a ser usada depende, além da cultura e das espécies daninhas, da textura do solo, da CTC efetiva do solo e do nível de matéria orgânica do solo. Geralmente solos com textura leve e baixo nível de matéria orgânica requerem doses menores de herbicida do que solos argilosos e com maior nível de matéria orgânica para proporcionar controle efetivo de plantas daninhas. Na cultura de milho, a maioria dos herbicidas de solo possui indicação diferenciada para cada tipo de solo, em que: a menor dose é usada em solos arenosos, a dose intermediária em solos médios e a maior em solos argilosos com elevado nível de matéria orgânica. Segundo Oliveira Júnior (1998), a sorção (adsorsão, absorção e precipitação) dos herbicidas nicosulfuron, simazine e atrazine, em solos brasileiros, correlaciona-se linearmente com a variação do teor de carbono orgânico e CTC do solo, sendo que o herbicida nicosulfuron apresenta baixa sorção, quando comparado com alachlor, atrazine e simazine. No entanto, a avaliação do potencial de lixiviação demonstrou que nicosulfuron é um potencial lixiviador, enquanto os demais comportam-se como lixiviadores a intermediários, dependendo das características do solo.

A persistência dos herbicidas é extremamente importante para proporcionar controle de plantas daninhas durante o período crítico de competição e para determinar quais culturas poderão ser instaladas na próxima safra. Alguns herbicidas possuem longo período residual e assim, podem causar danos a culturas implantadas posteriormente. A persistência de herbicida varia de acordo com a estrutura química da molécula, o tipo de solo e clima, que afetam, por sua vez, a adsorsão, lixiviação e decomposição microbiana e química (Silva et al., 1999).

É extremamente importante que os agrônomos e os agricultores conheçam as características de solubilidade e de lixiviação do herbicida, para prever a possibilidade deste atingir o lençol freático e ainda, a sua persistência, principalmente em situações em que há necessidade de reinstalar a cultura. O replantio da cultura ou de outra cultura em seu lugar, após ter ocorrido a aplicação do herbicida, deve ser feito com muito cuidado. Nesses casos, antes de eleger a cultura a ser instalada na área o agricultor deve verificar a sensibilidade da mesma aos produtos que foram aplicados. O resíduo de alguns herbicidas pode permanecer durante longo período no solo. Atrazine é um herbicida que pode apresentar limitações para algumas culturas em anos secos, podendo afetar espécies como feijão e soja no ano seguinte, quando semeadas em sucessão a milho. São também exemplos os herbicidas a base de fomesafen, diclosulan, diuron, imazaquin, entre outros, que podem apresentar elevado residual em certas condições, principalmente em casos de deficiência hídrica e baixa temperatura após aplicação, o que proporciona longo período de permanência no solo e favorece o aparecimento de problemas de toxidade em culturas posteriores, a exemplo de milho.


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