Embrapa Trigo

Setembro, 2006
Passo Fundo, RS

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Alelopatia

A alelopatia ocorre quando uma planta libera substâncias químicas no ambiente, quer seja pela lavagem de resíduos culturais que ficam na superfície do solo ou pela liberação de exudados através das raízes, que afetam a germinação, o crescimento e/ou desenvolvimento de outros indivíduos da mesma espécie ou não (Silva et al., 1999). Para a cultura de milho, é reconhecido o potencial alelopático de capim-colchão (Digitaria horizontalis), da tiririca (Cyperus rotundus), do capim-arroz (Echinocloa crusgalli), da samambaia (Pteridium aquilinum), do capim-rabo-de-raposa (Setaria faberi), do sapé (Imperata brasiliensis) e da aveia-preta (Avena strigosa), entre outras espécies (Foster, 1991; Deuber, 1992).

Algumas vezes ocorre confusão entre sintomas de alelopatia e deficiência de nitrogênio evidenciada pelas plantas de milho, principalmente em lavouras em que se adota sistema plantio direto. Nesse tipo de cultivo a cobertura morta, na maioria das vezes, é formada apenas por gramíneas como aveia e azevém, que imobilizam grande quantidade de nitrogênio do ambiente.

A formação de cobertura morta é fundamental para o sucesso do sistema plantio direto e as espécies gramíneas que possuem baixa relação C/N são as mais usadas. Assim, o período inicial do desenvolvimento da cultura de milho coincide com a elevada imobilização de nitrogênio pela decomposição da palhada, o que provoca falta deste nutriente para a cultura, a qual evidencia sintomas de deficiência. Estes sintomas são muitas vezes confundidos com alelopatia, mas na maioria das vezes desaparecem quando se utiliza adubação nitrogenada na semeadura ou em cobertura.

Portanto, em situações em que possa ocorrer imobilização de nitrogênio pela cobertura morta, os produtores devem usar nitrogênio na adubação de base através de fórmula de elevada concentração desse nutriente, e/ou realizar a antecipação da dessecação, e/ou elevar a adubação nitrogenada da gramínea usada como cobertura de inverno, e/ou cultivar em consórcio com a gramínea uma espécie leguminosa para elevar a relação C/N. Essas práticas amenizarão os efeitos da deficiência nitrogenada inicial.

Recentemente, após significativos investimentos, principalmente, na área de melhoramento vegetal de culturas alternativas como aveia-branca, vem sendo observado em algumas regiões do sul da país, em que o uso de aveia-preta é expressivo, alguns sintomas de desuniformidade nas plântulas em alguns híbridos de milho pós-cultivo da aveia-preta. Esse fato vem merecendo especial atenção por parte de empresas produtoras de sementes e de pesquisadores de diversas áreas. Pesquisas preliminares, ainda em fase de detalhamento, indicam que mudanças na composição bromatológica das aveias cultivadas (provavelmente ocorridas durante o processo de melhoramento visando alcançar maior rendimento de grãos e níveis de resistência a doenças) podem estar intimamente ligadas a esses fenômenos.


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