Embrapa Trigo

Setembro, 2006
Passo Fundo, RS

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Período crítico de competição

Período crítico de competição é o período a partir da semeadura ou da emergência das plantas de milho, em que as plantas daninhas devem ser controladas com eficiência, para evitar perdas quantitativas e/ou qualitativas da produção. Na prática, esse deve ser o período em que as capinas, cultivadores e/ou o residual dos herbicidas devem atuar (Silva et al., 1999).

O período crítico de competição para a cultura de milho, em condições normais, em média vai dos 20 aos 60 dias após a emergência de plantas, que, em número de folhas da planta corresponde ao intervalo entre a terceira (V3) e a décima segunda folha (V12). Esse é o subperíodo entre a emergência de plântulas e a diferenciação da espiga, momento em que se define o potencial de rendimento de grãos da lavoura.

O início do período crítico mostra-se mais estável quanto ao estádio vegetativo das plantas de milho do que o fim (Hall et al., 1992). Há dois pontos na determinação do período crítico de competição que devem ser considerados. O primeiro é o período em que as plantas daninhas devem ser controladas e o segundo, é quando o controle deve ser iniciado, ou seja, por quanto tempo as plantas daninhas podem permanecer vegetando juntamente com a cultura de milho, sem provocar danos ao rendimento de grãos da mesma (Hall et al., 1992).

A pesquisa indica que os maiores prejuízos são observados quando a competição ocorre entre os 20 e 60 dias após a emergência de plantas; a competição anterior aos 20 dias após a emergência (plantas de milho com menos de três folhas) e após 60 dias da emergência (plantas de milho com 12 folhas ou mais) é "tolerável", por não afetar o rendimento de grãos de milho. No entanto, existem na literatura resultados discrepantes em relação ao período crítico de competição envolvendo diferentes espécies daninhas e milho. Por exemplo, no México é 50 dias, nos Estados Unidos 28 dias e no Canadá de 28 até 56 dias (Hall et al., 1992). Essas diferenças são atribuídas à agressividade das espécies daninhas, à densidade de semeadura, ao estádio de desenvolvimento da cultura e de plantas daninhas e ao clima da região e até mesmo às diferenças existentes com relação à metodologia adotada, pois o ciclo de milho é determinado pela soma térmica diária, isto é, acúmulo de calor diário, o que significa dizer que a determinação do ciclo em dias, pode ocasionar diferenças.

O desenvolvimento das plantas de milho varia de acordo com as características do clima da região de cultivo, principalmente com a temperatura do ar. O período compreendido entre a emergência e o espigamento da cultura de milho pode variar em função da temperatura; de maneira geral, para cada 1oC de aumento da temperatura há redução de 5 a 6 dias nesse período.

Nos estudos de Hall et al. (1992), a duração do período crítico em dias, foi variável nos diferentes locais e anos estudados. Entretanto o estádio vegetativo permaneceu mais estável. Assim, o número de dias de duração do período crítico pode ser aumentado ou reduzido de acordo com as características das espécies envolvidas e principalmente com as condições ambientais do local, e por isso, o número de folhas das plantas de milho é melhor indicador do período crítico, do que número de dias.

É importante salientar que, mesmo após o período crítico, algumas espécies daninhas como as pertencentes ao gênero Ipomoea (corda-de-viola) e ao gênero Senna (fedegoso), podem causar problemas consideráveis na colheita, como embuchamento e quebra da navalha, respectivamente, aumentando custos e riscos na colheita e reduzindo a eficiência da operação e a qualidade do produto final.

Durante o período crítico, o agricultor deve estar atento para controlar de forma eficiente as plantas daninhas, evitando que o nível de dano econômico seja atingido (o nível de dano econômico é atingido quando o valor das perdas é maior que o custo do controle). Algumas vezes infestações moderadas de plantas daninhas poderão ser tão danosas à cultura quanto altas infestações. Desta forma, o número de plantas daninhas por área que justifica o controle varia de acordo com a disponibilidade dos recursos (água, nutrientes, luz, espaço e CO2) e, principalmente, com a época de estabelecimento e a espécie daninha invasora. Apesar de inúmeros estudos de predição e trabalhos com modelagem, estes são alguns dos motivos pelo qual ainda não se dispõe de níveis de dano econômico para a maioria de plantas daninhas.


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