Embrapa Trigo

Agosto, 2006
Passo Fundo, RS

58

Tipos de resistência

A resistência pode ser cruzada ou múltipla. A resistência cruzada ocorre quando um biótipo é resistente a dois ou mais herbicidas, devido a apenas um mecanismo e a resistência múltipla ocorre nas plantas que possuem dois ou mais mecanismos distintos; neste caso, são resistentes a herbicidas de diversos grupos químicos com diferentes mecanismos.

Resistência cruzada

A resistência cruzada pode ser conferida a um biótipo por qualquer dos mecanismos que conferem resistência.

A resistência cruzada conferida pelo local de ação ocorre quando uma mudança bioquímica, no ponto de ação de um herbicida, também confere resistência a outras moléculas de diferentes grupos químicos, que agem no mesmo local na planta (Powles e Preston, 1998).

A resistência cruzada não confere, necessariamente, resistência a herbicidas de todos os grupos químicos que possuem o mesmo local de ação. Também podem existir variações no nível de resistência cruzada dos biótipos a herbicidas de grupos diferentes.

Biótipos de Lolium rigidum resistentes aos herbicidas inibidores da acetyl-COA carboxylase (ACCase), selecionados com uso de herbicidas dos grupos ariloxifenoxipropionato ou ciclohexanodiona, apresentam maior nível de resistência aos herbicidas do primeiro grupo, do que aos do segundo. O diferente nível de resistência pode ser resultado das diferentes mutações ocorridas no gene que codifica a enzima ACCase e do tipo de alelo do gene (Powles e Preston, 1998).

A resistência cruzada, devido a outros mecanismos, é exemplificada por biótipos de Lolium rigidum, encontrados na Austrália, resistentes aos herbicidas inibidores de ACCase, que não apresentam alterações na enzima e sim pequenos aumentos no metabolismo do herbicida diclofop.

Resistência múltipla

A resistência múltipla caracteriza um problema complexo e de difícil solução. Nos casos mais simples, dois ou mais mecanismos conferem resistência a apenas um herbicida ou a um grupo de herbicidas. Os casos mais complexos são aqueles em que dois ou mais mecanismos conferem resistência a diversos herbicidas de diferentes grupos químicos; um exemplo são os biótipos de Alopecurus myosuroides encontrados na Austrália, que resistem a 15 herbicidas diferentes, dentre eles o diclofop, pendimethalin e simazine. Além disso, as dificuldades de controle dos biótipos resistentes aumentam ainda mais quando os mecanismos que conferem resistência estão relacionados ao local de ação e a outros mecanismos, como metabolismo. Para controlar estas plantas daninhas, é necessário empregar misturas de herbicidas que não tenham sua atividade afetada pelos mecanismos de resistência em questão.

Há poucos casos registrados de espécies com resistência múltipla. O caso mais complicado de resistência múltipla, encontrado na Austrália, é o de biótipos de Lolium rigidum, que metabolizam herbicidas inibidores da ACCase, ALS e FSII e possuem ACCase e ALS mutadas (Powles e Preston, 1998).


Documentos Online Nº 58Documentos Online Nº 58Publicações OnlinePublicações Online


Copyright © 2006, Embrapa Trigo