Embrapa Trigo

Dezembro, 2004
Passo Fundo, RS

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Material e Métodos

Experimento vem sendo conduzido no campo experimental da Embrapa Trigo, no município de Coxilha, RS, desde 1995, em Latossolo Vermelho Distrófico típico (Streck, et al., 2002), de textura argilosa e relevo suave- ondulado.

Os tratamentos foram constituídos por seis sistemas de produção mistos: Sistema I - trigo (Triticum aestivum L.)/soja [Glycine max (L.) Merrill] e pastagem de aveia preta (Avena strigosa Schreb.) + ervilhaca (Vicia sativa L.)/milho (Zea mays L.); Sistema II - trigo/soja e pastagem de aveia preta + ervilhaca + azevém (Lolium multiflorum Lam.)/milho; Sistema III - trigo/soja e pastagem de aveia preta + ervilhaca/pastagem de milheto [Pennisetum americanum (L.) Leeke]; Sistema IV - trigo/soja e pastagem de aveia preta + ervilhaca + azevém/pastagem de milheto; Sistema V - trigo/soja, aveia branca (Avena sativa L.)/soja e pastagem de aveia preta + ervilhaca/pastagem de milheto; e Sistema VI - trigo/soja, aveia branca/soja e pastagem de aveia preta + ervilhaca + azevém/pastagem de milheto (Tabela 1). As culturas, tanto de inverno como de verão, foram estabelecidas sob plantio direto.

Em abril de 1995, antes da semeadura das culturas de inverno para instalação do experimento, foram coletadas amostras de solo compostas (duas subamostras por parcela), em quatro profundidades, e os resultados das análises das parcelas foram: pH em água = 0-5 cm: 5,58, 5-10 cm: 5,65, 10-15 cm: 5,51 e 15-20 cm: 5,18; Al trocável = 0-5 cm: 1,00, 5-10 cm: 1,13, 10-15 cm: 2,71 e 15-20 cm: 8,66 mmolc dm-3; Ca + Mg trocáveis = 0-5 cm: 93, 5-10 cm: 94, 10-15 cm: 81 e 15-20 cm: 62 mmolc dm-3; matéria orgânica = 0-5 cm: 41, 5-10 cm: 36, 10-15 cm: 33 e 15-20 cm: 32 g kg-1; P extraível = 0-5 cm: 13,7, 5-10 cm: 10,5, 10-15 cm: 6,3 e 15-20 cm: 3,8 mg kg-1; e K disponível = 0-5 cm: 158, 5-10 cm: 77, 10-15 cm: 51 e 15-20 cm: 36 mg kg-1. Quatro anos antes da instalação do experimento, foi efetuada calagem com calcário dolomítico, com base no método SMP (pH 6,0).

A adubação de manutenção foi realizada de acordo com a indicação para cada cultura (Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1995) e baseada em resultados de análise de solo. As amostras de solo foram coletadas anualmente, após colheita das culturas de verão.

O pastejo de aveia preta + ervilhaca e de aveia preta + ervilhaca + azevém foi realizado por bovinos de aptidão mista, para corte e leite, cada vez que a aveia preta atingia estatura de aproximadamente 30 cm, sendo o gado retirado quando as plantas estavam na altura de 7 a 10 cm. No caso do milheto, isso ocorria na estatura de 70 cm, retirando-se o gado quando a altura das plantas era reduzida a 10 a 15 cm. Os bovinos (de 7 a 10 animais) foram introduzidos nas parcelas em condições adequadas de umidade de solo, e a forragem disponível geralmente era consumida no primeiro dia. Por ocasião dos pastejos, foram avaliadas a matéria verde, antes e depois do pastejo, e, posteriormente, a matéria seca. A matéria verde foi secada em estufa (60 ºC até peso constante). Após o último pastejo, permitia-se o rebrote durante 30 a 40 dias, o que resultava em acúmulo de biomassa de 1,5 t a 2,0 t ha-1 de matéria seca, e, então procedia-se à dessecação da vegetação para semeadura da cultura de verão (milho e milheto) ou de inverno (aveia branca e trigo).

O ganho de peso de animais foi estimado por meio da matéria seca consumida. A conversão considerada foi de 10 kg de forragem seca consumida para 1 kg de ganho de peso vivo de animais, para pastagens de inverno (Restle et al., 1998), e de 15 kg de matéria seca consumida para 1 kg de ganho de peso de animais, para pastagem de milheto.

O delineamento experimental foi montado em blocos ao acaso, com quatro repetições. A área das parcelas foi de 10 m de largura por 20 m de comprimento (200 m2).

A época de semeadura, o controle de plantas daninhas e os tratamentos fitossanitários obedeceram às indicações para cada cultura. A colheita de aveia branca, de soja e de trigo foi efetuada com colhedora automotriz especial para parcelas experimentais. O milho foi colhido manualmente. O rendimento de grãos (aveia branca, milho, soja e trigo) foi determinado a partir da colheita de 1/3 da parcela, ajustando-se para umidade de 13%. Na cultura de soja, foi determinada ainda a estatura de planta. Além disso, a quantidade de palha na superfície do solo foi avaliada após coleta do resíduo cultural remanescente de inverno em área de 0,5 m2.

Foi efetuada a análise de variância individual e conjunta do rendimento de grãos da aveia branca, de milho, de soja e de trigo e do ganho de peso animal. Foi realizada a análise da estatura de planta de soja e da quantidade de resíduo remanescente de espécies de inverno. Considerou-se o efeito do tratamento como fixo, e o efeito do ano, como aleatório. As médias foram comparadas entre si, pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade de erro.

Além disso, os sistemas de produção foram comparados para cada atributo de fertilidade e físico de solo, em determinada profundidade de amostragem. As profundidades de amostragem de solo foram comparadas no mesmo sistema de produção. Todas as comparações foram realizadas por meio de contrastes com um grau de liberdade (Steel & Torrie, 1980). A significância dos contrastes foi dada pelo teste F, levando-se em conta o desdobramento dos graus de liberdade do erro.

Foram efetuadas ainda análises de variância da conversão, do balanço energético e da análise econômica em cada ano (inverno + verão) e na média dos anos, de 1995 a 2000. Nas análises de variância, consideraram-se como tratamentos as culturas (parcelas individuais) componentes dos sistemas em estudo. A avaliação dos sistemas de produção, em todas as análises, foi realizada pelo teste F, usando-se contrastes que incluem os diferentes tratamentos dos sistemas de produção envolvidos em cada comparação. Esse método de contrastes (Steel & Torrie, 1980) compara as culturas, ou os sistemas, duas a duas em uma unidade de base homogênea.


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