Embrapa Trigo

Dezembro, 2004
Passo Fundo, RS

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Instituições e pesquisadores

Descrição de instituições de pesquisa e pesquisadores vinculados direta ou indiretamente com a descoberta da estrutura do DNA.

Laboratório Cavendish, da Universidade de Cambridge. Um dos primeiros diretores, John Joseph Thompson (1856-1940), descobriu o elétron. Seu sucessor, o neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), descobriu o núcleo atômico. James Chadwick (1891-1974) identificou o neutron. A lista de seus pesquisadores premiados com o Prêmio Nobel tem 28 nomes.

Sir Lawrence William Bragg (1890-1971), físico, natural de Adelaide, na Austrália. Estudou a difração de raios X, em Cambridge, em 1909, em colaboração com seu pai, William Henry Bragg, que trabalhava em Leeds. Juntos, desenvolveram o estudo da estrutura dos cristais mediante a difração de raios X. Por essa descoberta, ambos foram galardoados com o Prêmio Nobel de Física, em 1915. Em 1937, foi nomeado Chefe do Laboratório Cavendish, onde dedicou-se à aplicação da difração de raios X na análise da estrutura das proteínas. Sob sua orientação Max Perutz estudou a estrutura da hemoglobina e John Kendrew a da mioglobina. Mas também orientou os trabalhos de Martin Ryle em radioastronomia, pelo que recebeu o Prêmio Nobel de Física, em 1974.

Max Ferdinand Perutz (1914-2002) nasceu em Viena, filho de uma família judia proprietária de tecelagens. Formou-se em química na Universidade de Viena. Foi estudar para seu doutorado em Cambridge, com John D. Bernal, em 1936. Resolveu permanecer na Inglaterra, em razão do domínio nazista na Alemanha e na Áustria. Trabalhando para o Medical Research Council, dedicou-se a desvendar a fórmula da hemoglobina, com a colaboração de John Kendrew. Recebeu o Prêmio Nobel de Química, pelo estudo da estrutura das proteínas globulares, em 1962. Foi chefe de unidade no Laboratório Cavendish, onde trabalhavam Watson e Crick.

John Cowdery Kendrew (1917-1997), bioquímico, nasceu em Oxford e estudou em Cambridge, onde graduou-se em 1939. Passou a trabalhar na aviação durante a Segunda Guerra Mundial. Colaborou com Max Perutz, ocupando-se de estudar a mioglobina, um dos componentes da hemoglobina. Watson e Crick dependiam diretamente dele. Recebeu o Prêmio Nobel de Química, em 1962, juntamente com Max Perutz.

Francis Harry Compton Crick (1916-2004), nasceu em Northampton, Inglaterra, era físico de formação e teve de interromper seu doutorado na Segunda Guerra Mundial. Durante o conflito, trabalhou no desenvolvimento de minas magnéticas. A leitura do livro do pesquisador Erwin Schrödinger What is life ? (Que é a Vida ?), em 1946, causou-lhe grande impressão e ele resolveu dedicar-se à biologia. Em 1949, ingressou no Laboratório Cavendish, para desenvolver seu doutorado na estrutura de proteínas, orientado por Max Perutz e com o apoio do Medical Research Council.

James Dewey Watson, nasceu em Chicago, em 1929. Formou-se com 18 anos e concluiu seu doutorado em biologia, na Universidade de Illinois, sob orientação de Salvador Luria, aos 22 anos. Watson conheceu Max Delbrück e começou a trabalhar com bacteriófagos. Luria e Delbrück obtiveram uma bolsa para Watson trabalhar com bacteriófagos num laboratório da Dinamarca. Watson participou de um congresso em Nápoles, em 1951, oportunidade em que assistiu a uma conferência de Maurice Wilkins sobre cristalografia do DNA. Antes de participar da apresentação de Wilkins, Watson preocupava-se com a possibilidade de que os genes podiam ser muito irregulares. Mas se Wilkins conseguira cristalizar o DNA, esse ácido deveria possuir uma estrutura regular que poderia ser obtida pela difração de raios X.

Universidade de Cambridge

Sir Alexander Todd (1907-1997), nasceu em Glasgow, na Escócia. Formou-se em química na mesma cidade, com pós-graduação em Frankfurt am Main e em Oxford. Em 1938, passou a professor de química em Manchester, onde começou a estudar a composição dos nucleotídeos. A partir de 1944, ocupou a cadeira de química, em Cambridge, onde sintetizou o difosfato de adenosina (ADP) e o trifosfato de adenosina (ATP). Por essas descobertas, recebeu o Prêmio Nobel de Química, em 1957.

King’s College da Universidade de Londres. O maior, mais antigo e mais prestigioso college da Universidade de Londres, fundado em 1829. Na atualidade, tem 9.000 estudantes. Aí trabalharam Wheatstone and Clark Maxwell. Seis pesquisadores receberam o Prêmio Nobel.

Sir John Turton Randall (1905-1984), natural do Lancashire, formou-se em física pela Universidade de Manchester. Começou a trabalhar para a General Electric e escreveu um livro sobre a difração dos raios X. Durante a Segunda Guerra Mundial, contribuiu substancialmente para o desenvolvimento do radar, com a cooperação de Maurice Wilkins, e depois da guerra era quase um herói nacional. Em 1946, passou a dirigir o Departamento de Física do King’s College, da Universidade de Londres. O departamento foi equipado com apoio financeiro do Medical Research Council. Contratou Wilkins para trabalhar com estruturas celulares, mas este dedicou-se a pesquisar a estrutura do DNA mediante difração de raios X, juntamente com o estudante de doutorado Raymond Gosling. Aparentemente, Randall estava muito interessado em desvendar a estrutura do DNA, tendo contratado Rosalind E. Franklin para trabalhar também com difração de raios X do DNA. Prestou informações contraditórias aos membros da equipe sobre seu próprio trabalho e o dos outros, gerando atritos entre os pesquisadores de seu laboratório.

Maurice Hugh Frederik Wilkins (1918-2004), físico nuclear neozelandês, fez seu doutoramento com John Randall, na Universidade de Birmingham. Participou, durante a Segunda Guerra Mundial, do aperfeiçoamento do radar, com John Randall, e do projeto que viabilizou a bomba atômica, em Berkeley, EUA. Finalizada a guerra, buscando uma área de pesquisa mais positiva, começou a estudar, em 1946, a estrutura do DNA no King’s College, da Universidade de Londres, sob a direção de John Randall. No início trabalhava com microscopia. Interessou-se pela biologia após a leitura do livro de Erwin Schrödinger What is life ? (Que é a Vida ?).

Rosalind Elsie Franklin (1920-1958), oriunda de uma família judia da Inglaterra, fez seu doutoramento em Cambridge e trabalhou nas mudanças estruturais do carbono. Estudou difração de raios X em Paris, com Jacques Méring, para aplicar no estudo de matéria imperfeitamente cristalina, como o carbono. Randall contratou-a para trabalhar no estudo da estrutura do DNA mediante a difração de raios X, sem mencionar que Wilkins já estava trabalhando com DNA, e, em janeiro de 1951, passou a trabalhar no mesmo laboratório, no mesmo assunto, de forma independente, o que gerou desentendimentos.

Birkbeck College da Universidade de Londres. Localizado em Bloomsbury, foi fundado em 1823 como a "Instituição Mecânica de Londres", evoluindo até tornar-se um college da Universidade de Londres, em 1920.

John Desmond Bernal (1901-1971), cristalografista irlandês, de origem judaica, estudou em Cambridge, onde ganhou o apelido de "Sábio" (Sage). Foi professor de cristalografia no Laboratório Cavendish, de Cambridge, de 1934 a 1937, iniciando a aplicação da difração de raios X no estudo das proteínas. De 1937 a 1968, foi professor de cristalografia no Birkbeck College.

Sven Furberg (1920-1983), cristalografista norueguês, desenvolveu seu doutoramento sob orientação de John D. Bernal, no Birkbeck College. Em 1949, publicou sua tese sobre a estrutura do DNA, na qual reorganizou a estrutura proposta por Astbury. O modelo de Furberg serviu de base para o trabalho de Watson e Crick.

Instituto de Tecnologia da Califórnia (Cal Tech). Localizado em Pasadena, é uma pequena universidade que conta atualmente com apenas 1.800 alunos, metade deles em pós-graduação. De 1930 a 1960, um grupo notável de biólogos trabalhou no instituto, entre eles Thomas Hunt Morgan, George Beadle e Max Delbrück. Aí foi desenvolvida a teoria de que todas as partículas atômicas são compostas de quarks e antiquarks. Trinta pesquisadores foram laureados com o Prêmio Nobel.

Linus Carl Pauling (1901-1998), natural de Portland, Oregon, formou-se em Engenharia Química na Universidade do Estado de Oregon, onde foi professor de Química Quantitativa. De 1922 a 1925, cursou seu doutoramento no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Cal Tech) e continuou trabalhando como pesquisador do instituto. Publicou, em 1939, uma obra de grande relevância sobre a natureza das ligações químicas: On the Nature of the Chemichal Bond. Desvendou a estrutura helicoidal das proteínas em 1952. Em 1954, recebeu o Prêmio Nobel de Química, pelo estudo da estrutura molecular.

Max Delbrück (1906-1981). Físico, nascido em Berlim, emigrou para os Estados Unidos em 1932. Trabalhou no Instituto de Tecnologia da Califórnia e, posteriormente, na Universidade de Columbia. Estudou os bacteriófagos. Recebeu, em 1969, o Prêmio Nobel de Medicina, por seus estudos na replicação e estrutura genética dos vírus.

Universidade de Columbia, EUA. Fundada em 1754, em Manhattan, pelo Rei Jorge II, atualmente tem mais de 20.000 estudantes, seis mil dos quais em estudos de pós-graduação. Setenta e dois de seus pesquisadores receberam o Prêmio Nobel.

Erwin Chargaff (1905-2002), bioquímico nascido em Czernowitz, na Áustria-Hungria, doutorou-se em Viena e, com a chegada do nazismo ao poder, emigrou, primeiro para a França e, depois, para os Estados Unidos, onde trabalhou na Universidade de Columbia. Analisou o DNA de diversas espécies e determinou, em 1950, que, mesmo apresentando variabilidade, o total de adenina igualava sempre o total de timina, e o de guanina, o de citosina ("Regra de Chargaff").

Universidade de Illinois, EUA

Salvador Luria (1912-1991). Microbiologista, nasceu em Torino, Itália, e emigrou para os Estados Unidos em 1940. Foi professor de genética, primeiro em Minnesota e, depois, em Illinois, e trabalhou em genética dos vírus bacteriófagos. Foi o orientador da tese de doutorado de James D. Watson. Salvador Luria e Max Delbrück receberam, em 1969, o Prêmio Nobel de Medicina, junto com Alfred Hershey.

Cold Spring Harbor Laboratory. O Instituto de Artes e Ciências de Brooklyn fundou um laboratório de biologia em Long Island, em 1889. Os estudos de genética começaram em 1898, e, em 1904, Hugo de Vries inaugurou a "Station for Experimental Evolution". Barbara McClintock realizou trabalhos com transposones em milho durante os anos 40, que lhe valeram o Prêmio Nobel, em 1983. James Watson foi nomeado diretor a partir de 1968. Atualmente funciona como uma universidade de pós-graduação, atraindo todos os anos 5.000 cientistas de todo o mundo.

Karolinska Institute, Stockholm, Suécia. Uma das maiores Faculdades de Medicina de Europa, disponibiliza o maior centro de treinamento e pesquisas médicas da Suécia e responde por 30% do treinamento médico e por 40% da pesquisa médica acadêmica desse país.

Torbjörn Oskar Caspersson (1910-1997), nasceu em Motala, Suécia, estudou medicina e biofísica na Universidade de Estocolmo, formando-se em 1936. Foi ele o primeiro a extrair DNA por métodos biológicos e colaborou com Signer na obtenção de amostras possíveis de ser estudadas pela difração de raios X. Também desempenhou importante papel ao demonstrar que o RNA auxilia a síntese de proteínas.

Universidade de Berna, Suíça

Rudolf Signer (1903-1990), natural de Herisau, na Suíça, obteve seu doutorado com Hermann Staudinger, em Freiburg, Alemanha. Staudinger publicou 500 artigos sobre macromoléculas: celulose, borracha e isopreno. Nem todos os químicos concordaram com ele e foi advertido de que não existiam moléculas com mais de 50 carbonos. Posteriormente Rudolf Signer foi professor de Química Orgânica na Universidade de Berna, Suíça, de 1935 a 1972. Desenvolveu métodos para manter macromoléculas em solução e métodos ópticos para medir o tamanho destas, tendo ajudado a comprovar as teorias de Staudinger. Conseguiu isolar, de timo de bezerro, fibras de DNA de grande qualidade, que foram estudadas posteriormente por Maurice Wilkins, por Rosalind Franklin e por Raymond Gosling, com difração de raios X.


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