Embrapa Trigo

Dezembro, 2004
Passo Fundo, RS

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Sintomas induzidos por outros fatores são confundidos com giberela e brusone em espigas e grãos de trigo e de cevada

Em razão da maior ocorrência de giberela e de brusone nos últimos anos, a demanda por identificação da doença tem aumentado. Algumas alterações que ocorrem em espigas e em grãos de trigo e de cevada, provocadas por fatores alheios à giberela e/ou brusone, freqüentemente, são confundidas com sintomas dessas doenças. Visando a auxiliar técnicos e produtores no discernimento dos principais problemas que têm afetado espigas de trigo e de cevada nas últimas safras e que vêm sendo confundidos com giberela e com brusone, serão repassadas, a seguir, informações básicas e de caráter prático para o reconhecimento dos principais sintomas das anomalias, em espigas e em grãos de trigo e de cevada, que têm sido confundidas com giberela e com brusone.

As anomalias mais freqüentes com visualização de sintomas em espigas são:

- broca-do-colmo: ataca o colmo, geralmente na porção mediana, no qual observa-se perfuração e excrementos da larva no interior do orifício. Provoca o secamento da espiga (espiga branca), sendo esta destacada facilmente na porção afetada do colmo (Fig. 33).

- coró: os danos são causados exclusivamente pelas larvas, que se alimentam principalmente de raízes. As plantas que escapam da morte apresentam espigas que adquirem cor de palha (Fig. 34-A), não ocorrendo enchimento do grão. As plantas afetadas desprendem-se facilmente do solo, por falta de raízes.

- esterilidade: geralmente pode ser causada por geada ou por temperaturas elevadas (golpe de calor) durante o espigamento e/ou florescimento, sendo mais freqüente a ocorrência em cevada. Inicialmente as espiguetas estéreis apresentam transparência, quando observadas contra a luz solar, e não há formação de grãos. As espigas afetadas apresentam falhas na granação (Fig. 35).

- geada: os danos por geada decorrem da formação de gelo nos tecidos vivos da planta. Os órgãos florais são muito suscetíveis à geada. As espigas afetadas adquirem, inicialmente, coloração verde-escura, com aparência de molhadas. Posteriormente tornam-se totalmente despigmentadas (Fig. 34-B) e são facilmente destacáveis juntamente com o colmo, no ponto de estrangulamento do nó. Cinco a sete dias após a geada, os sintomas podem ser claramente observados na lavoura.

- granizo: são grânulos de gelo que se precipitam durante as tempestades. O dano dá-se por ação mecânica, causando acamamento, quebra de colmos, secamento de espigas (Fig. 36) e debulha de grãos (Fig. 37; Fig. 38). Assim como se verifica em condições de geada, o secamento de espigas na lavoura é observado cinco a sete dias após a tempestade de granizo.

- mal-do-pé: é enfermidade causada pelo fungo Gaeumannomyces graminis var. tritici. Provoca o branqueamento de espigas em plantas isoladas ou em reboleiras. As plantas, quando arrancadas, apresentam raízes amputadas como conseqüência de apodrecimento. As partes das raízes que permanecem nas plantas são negras, e a região do colmo na base da planta apresenta-se escurecida (Fig. 39).

- melanismo: são regiões escuras, de tonalidade arroxeada, que podem ocorrer em glumas e/ou pedúnculo (Fig. 40). Manifesta-se pela produção de melanina, que é um pigmento de cor escura. As áreas afetadas são as expostas à radiação solar, sendo comum observar, na mesma espiga, do lado oposto ao dos sintomas, a ausência destes.

- percevejo: os percevejos são insetos sugadores. Quando atacam plantas em fase de emborrachamento, causam morte de espiguetas ou da espiga. As espigas que emergem apresentam-se deformadas (Fig. 41), secas e brancas, com sintomas semelhantes aos de dano por geada.

Assim como ocorre na aparência das espigas, algumas alterações nos grãos, provocadas por outros fatores, têm sido confundidas com as causadas por giberela ou por brusone.

As anomalias mais freqüentes com visualização de sintomas em grãos são:

- barriga-branca: também chamada de pança-branca, os grãos apresentam-se opacos e, na porção mais larga, de coloração esbranquiçada (Fig. 42). Ocorre quando, na fase de enchimento de grãos, prevalecem temperaturas elevadas e deficiência hídrica, que resultam em menor percentagem de nitrogênio nos grãos e maior acúmulo de amido.

- ferrugem da folha: enfermidade causada pelo fungo Puccinia triticina, anteriormente referido como Puccinia recondita f. sp. tritici, afeta folhas de trigo e causa dano indireto em grãos. As plantas altamente afetadas, freqüentemente, produzem grãos pequenos e finos, que, contudo, são cheios e bem-formados (Fig. 43).

- geada: quando a geada afeta espigas de trigo na fase de enchimento de grãos, estes adquirem aspecto esbranquiçado e/ou aparência de murchos (Fig. 44). Há necessidade de um breve histórico sobre a lavoura para o diagnóstico correto do problema, pois os sintomas assemelham-se aos causados por giberela.

- grãos verdes: são oriundos de perfilhos que espigaram tardiamente, tendo sido a colheita efetuada antes da maturação destes. Após secagem, os grãos apresentam-se menos desenvolvidos e de cor verde-oliva (Fig. 45).

- ponta-preta: é facilmente reconhecida pela cor escura na extremidade do embrião do grão (Fig. 46; Fig. 47). O agente etiológico é o fungo Bipolaris sorokiniana. 


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