Embrapa Trigo
 
Abril, 2014
150
Passo Fundo, RS
Aspectos econômicos e conjunturais da cultura de triticale no mundo e no Brasil
Claudia De Mori1
Alfredo do Nascimento Junior1
Martha Zavariz de Miranda1

Introdução

O triticale (x Triticosecale sp. Wittmack ex A. Camus 1927) foi o primeiro cereal sintetizado pelo homem, projetado para combinar as vantagens do trigo (Triticum spp.) e do centeio (Secale cereale). O trigo apresenta alto potencial produtivo e excelente qualidade para panificação, mas é exigente em solos férteis e não tolera temperaturas baixas durante parte de seu ciclo. Já o centeio não apresenta iguais características para panificação e potencial produtivo, mas pode ser cultivado em solos arenosos e mais pobres, em regiões de temperaturas menores que as suportadas pelo trigo e apresenta boa resistência a doenças, em especial, ferrugem da folha e oídio. A combinação do trigo e do centeio conferiu ao triticale alto valor protéico dos grãos, qualidade para produção de derivados de panificação, alto potencial de rendimento de grãos e de biomassa, resistência a doenças, crescimento em baixas temperaturas, resistência ao alumínio tóxico do solo, tolerância à seca, sistema radicular profundo e baixo requerimento de insumos.

O cultivo de triticale permite o desenvolvimento de rotações diversificadas, auxiliando na melhoria do solo e na redução de ervas daninhas e de incidência de doenças, além de assegurar uma fonte estável e de alta qualidade de alimento para humanos e para animais (SALMON et al., 2004).
No Brasil, o cultivo comercial de triticale desenvolveu-se partir de 1985, com maior impulso após 1990 para uso na alimentação animal, graças ao estímulo de empresas integradoras de avicultura e de suinocultura. Atualmente, este é seu uso predominante, no país.

O triticale é empregado na alimentação humana, com uso de sua farinha na produção de derivados especialmente biscoitos e massa para pizza, e na alimentação animal de bovinos, de suínos, de aves e de peixes, com uso de grãos ou farelo para produção de ração. Seu período de disponibilidade coincide com o final da entressafra de milho de verão e, embora apresente menos energia que o milho, tem sido empregado como substituto de outros cereais ou, parcialmente, do farelo de soja. Por isso, tem sido denominado “milho de inverno”, por apresentar maior conteúdo de proteína e melhor balanço de minerais. Também é utilizado na produção de etanol e de materiais de isolamento na construção civil.

O presente documento tem por objetivo contextualizar aspectos relacionados à cultura de triticale: origem e usos, panorama mundial, panorama brasileiro e perfis de mercado e de comportamento de preços. Informações estatísticas e conjunturais, obtidas por meio de revisão documental (MARCONI; LAKATOS, 2007), foram agregadas e sistematizadas. Com base em séries históricas de estatísticas de produção e de preços, divulgadas pela FAO (2013), IBGE (2013), Paraná (2013), Triticale-Infos (2013b) e Agrolink (2013), apresenta-se a evolução da dinâmica do cereal auxiliado pelo cálculo de médias e taxas. A organização destas informações justifica-se pela dispersão de dados sobre a cultura e pela escassez de trabalhos atualizados que possibilitem uma visão geral desse cultivo, em língua portuguesa.


1Pesquisador da Embrapa Trigo, Rodovia BR 285, km 294, Caixa Postal 451, CEP 99001-970, Passo Fundo, RS. E-mail: claudia.de-mori@embrapa.br; alfredo.nascimento@embrapa.br; martha.miranda@embrapa.br.

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