Embrapa Trigo
 
Março, 2014
149
Passo Fundo, RS

O complexo agroindustrial da canola

Um complexo agroindustrial (CAI) consiste de um conjunto de diferentes processos industriais e comerciais, aplicados a uma determinada matéria-prima de base (cevada, trigo, soja, leite etc.), até se transformar em diferentes produtos finais. A formação de um complexo agroindustrial exige a participação de um conjunto de cadeias de produção, cada uma delas associada a um produto final ou família de produtos (BATALHA; SILVA, 2007).

O CAI da Canola compreende os elos de indústrias e serviços de apoio, de produção agrícola, de indústrias de primeira transformação (indústrias de extração de óleo), de indústrias de segunda transformação (por exemplo, indústria de refino e envasamento de óleo e indústria de biocombustível), de comércios internacional, atacadistas e varejistas, e de consumidores finais. O complexo está inserido em um ambiente organizacional e institucional que o complementa. A Figura 11 apresenta esquema do Complexo Agroindustrial da Canola, situando os seus diferentes segmentos.

a) Indústria de serviços e apoio - elo composto de organizações que dão suporte a produção primária e ao processamento industrial. Esse conjunto contempla, por exemplo, instituições e empresas de produção de sementes, indústria de fertilizantes, de defensivos e de equipamentos agrícolas, revendedores de combustível, indústrias de máquinas e equipamentos de processamento, de aditivos químicos e de embalagens, dentre outras. Esse elo é, geralmente, comum aos demais complexos agroindustriais de outras oleaginosas.

b) Produção primária - a produção de canola-grão no país distribui-se nos estados de RS, SC, PR, MS, MG e GO, mas os estados do RS e do PR concentrem a quase totalidade da produção nacional. A produção é fomentada pelas indústrias de extração de óleo que vendem a semente e garantem a compra da produção. Estima-se que o cultivo de canola envolva 700 propriedades com áreas que variam entre 10 a 3.000 hectares/proprietário. O armazenamento é efetuado pelas cooperativas, como a Cotribá e a Cocamar, e por empresas como a como a Giovelli, a Celena Alimentos S/A, a AG Teixeira e seus parceiros e prestadores de serviço que realizam a classificação, o recebimento, a pré-limpeza, a secagem e a expedição para as indústrias de extração de óleo. O transporte geralmente é realizado por empresas e prestadores de serviço contratados.

c) Indústria de extração de óleo (extração e refino) - as principais empresas que realizam a extração de óleo de canola, atualmente, são: Giovelli & Cia Ltda, Warpol (prestadora de serviços para a Celena Alimentos S/A) e AG Teixeira. A Olvebra, a Cargill Agrícola S/A, a Caramuru Alimentos e a Bunge Alimentos realizam o refino de óleo de canola. Considerando as quantidades produzidas e importadas de canola-grão, o volume de processamento destas empresas é estimado em mais de 80 mil toneladas de grão/ano. Em torno de um terço dos grãos de canola que são processados pela indústria brasileira advém de importação, em especial, do Paraguai. A totalidade do óleo de canola produzido é destinada para o consumo humano. No entanto, parte do óleo é utilizada em indústrias de 2º processamento para produção de bolachas e outros alimentos de qualidade diferenciada pela ausência de gorduras trans.

d) Indústria de processamento/transformação - o óleo bruto/refinado e o farelo de canola são insumos para produção de vários produtos, tais como: produtos alimentícios (maionese), biodiesel, glicerina, lubrificantes, poliuretano, cosméticos, detergentes, fluido hidráulico, tintas gráficas, ração animal, dentre outros. Produtos processados por essas indústrias podem ser direcionados a outras indústrias, por exemplo: a glicerina, subproduto do biodiesel, usada como insumo para as indústrias farmacêuticas, químicas e cosméticas. Algumas indústrias podem apresentam os estágios de extração e/ou refino e/ou processamento/transformação numa só unidade industrial. Embora na Figura 11 esteja contemplado o segmento de produção de biocombustível e de mistura/ distribuição, presente em alguns países, no Brasil este ramo ainda não está estabelecido. Em decorrência da baixa produção, das características superiores do óleo de canola em relação ao óleo de soja para consumo humano e a existência de alternativas mais baratas, a produção de óleo de canola no Brasil é destinada ao consumo humano.

e) Distribuição e varejo/Consumidor - Como relatado anteriormente, o destino brasileiro da produção de óleo de canola é para o consumo humano. A distribuição dos derivados é efetuada por atacadistas, pequenos varejos, supermercados, restaurantes, empresas de alimentação coletiva e mercado institucional. O consumidor final deste tipo de produto pertence às classes alta e média com preocupações em ter um consumo de dieta saudável.


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