Embrapa Trigo
 
Dezembro, 2012
141
Passo Fundo, RS
5. Estratégias para implantação do “sistema plantio direto”

5.1. Sistematização da lavoura

Lavouras, onde se pretende implantar o “sistema plantio direto”, normalmente apresentam sulcos ou depressões no terreno, resultantes de processos erosivos naturais ou acelerados decorrentes dos métodos de manejo anteriormente praticados. Essas irregularidades apresentam a inconveniência de concentrar enxurrada e provocar transtornos ao tráfego de máquinas e implementos agrícolas na lavoura, além de constituírem manchas de solo de menor fertilidade em relação ao restante da área, cujas consequências são: na ocorrência de chuvas intensas, com superação da taxa de infiltração de água no solo, forma-se enxurrada, elevando os riscos de perda de solo, de material orgânico, de nutrientes e de outros agroquímicos por erosão hídrica, que contribuem para ocorrência de prejuízos econômicos e poluição dos sistemas do entorno; a obstrução do tráfego de máquinas e implementos agrícolas na lavoura afeta a qualidade e o rendimento operacional das atividades agrícolas, como pulverização, semeadura e colheita; e as manchas de solo de menor fertilidade são tratadas de forma similar à lavoura como um todo, recebendo quantidades iguais de insumos e de horas-máquina em relação ao restante da área, sem proporcionar produtividade equivalente, constituindo pontos de contribuição para elevação do custo de produção, aumento de riscos de danos mecânicos às máquinas e aos implementos agrícolas e redução do rendimento e da lucratividade.

A eliminação desses obstáculos pode ser viabilizada de inúmeras formas. O emprego de moto niveladora ou plaina tracionada é altamente eficiente. Entretanto, escarificações e/ou arações seguidas por gradagens são práticas que podem solucionar, em grande parte, tais problemas. No caso de campos naturais há implementos específicos para a sistematização da superfície do terreno.

5.2. Correção da acidez do solo

Há possibilidade de o “sistema plantio direto” ser estabelecido em solos sem as condições ideais de acidez e sem o adequado teor de nutrientes. Contudo, a uniforme incorporação de calcário na camada de 0 a 20 cm do perfil do solo, mediante aração e gradagem, eliminando gradiente químico nesta camada, constitui requisito de relevância para sucesso do sistema, principalmente nos primeiros anos após a implementação. A partir da estabilização das condições biológicas, físicas e químicas do solo, promovidas, basicamente, pelo sinergismo entre os preceitos da agricultura conservacionista preconizados pelo “sistema plantio direto”, os efeitos do gradiente químico, acentuado pelo próprio sistema, são amenizados. Assim, a correção da acidez do solo, em conformidade com a indicação da análise de solo, deve atingir, de forma homogênea, toda a camada de 0 a 20 cm do perfil do solo.

Com o passar do tempo, ocorre reacidificação do solo, tendo como consequência redução do pH e aumento do alumínio trocável. Esses atributos devem ser monitorados a cada três anos mediante análise de solo em amostras coletadas na camada de 0 a 10 cm ou 0 a 20 cm do perfil do solo. Esse aspecto adquire importância à medida que a rotação de culturas contempla gramíneas, uma vez que plantas dessa família são exigentes em nitrogênio, que dependendo da fonte de suprimento usada, aliada à decomposição dos resíduos culturais, constitui a principal causa da reacidificação do solo.

5.3. Descompactação do solo

5.3.1. Características de um solo adensado e/ou compactado

A degradação da estrutura do solo, normalmente é expressa pela redução e/ou descontinuidade da porosidade. Tais alterações físicas no perfil de solo são consequências do emprego de técnicas inadequadas de manejo de solo e de culturas no sistema agrícola produtivo. Os métodos de preparo de solo que mobilizam a camada arável são os principais promotores dessas alterações físicas, uma vez que fracionam mecanicamente os macroagregados e debilitam sua estabilidade, pela elevação da taxa de oxidação da matéria orgânica. Os processos de fracionamento e de desestabilização de macroagregados, associados à eluviação de argilas dispersas e ao intenso tráfego de máquinas agrícolas na lavoura, aproximam as partículas constituintes do solo entre si, resultando na redução e/ou descontinuidade da porosidade do solo, consequentemente, elevando a massa de sólidos por unidade de volume, ou seja, aumentando a densidade do solo.

A ocorrência desses processos na camada superficial do solo manifesta-se por meio do encrostamento superficial, o qual reduz a taxa de infiltração de água no solo, aumenta a enxurrada e a erosão hídrica e dificulta a livre emergência de plântulas. Na camada subsuperficial do solo, esses processos são detectados pela presença de uma camada de maior densidade, normalmente, chamada de camada adensada e/ou compactada. Essa camada reduz a capacidade de armazenamento de água, reduz a disponibilidade da água estocada para as plantas, reduz a taxa de mobilização de água no perfil do solo, reduz a taxa de troca gasosa do solo com a atmosfera e limita o desenvolvimento radicular das plantas. Solo que apresenta essas propriedades, além de ser altamente suscetível à erosão, mesmo em períodos curtos de estiagem, promove perda de produtividade por déficit hídrico.

A cobertura vegetal permanente de solo, seja por plantas vivas, seja por plantas mortas ou por restos culturais, associada à redução da intensidade de mobilização do solo, constituem as técnicas mais eficazes para solucionar e prevenir o encrostamento superficial do solo. Contudo, para solucionar o problema da camada compactada são necessárias técnicas mais complexas.

Diagnóstico da camada compactada: a camada adensada e/ou compactada resultante do manejo agrícola inadequado, normalmente situa-se entre 5 a 20 cm da superfície do solo. O método mais apropriado para detectar a presença da camada adensada e/ou compactada é o exame morfológico de raízes de plantas, realizado, preferencialmente, no estádio de máximo desenvolvimento vegetativo da cultura. Na camada adensada e/ou compactada, a densidade de raízes é reduzida e as raízes podem apresentar deformações, como tortuosidade, não característica da planta, e perda da seção cilíndrica, assumindo forma achatada. Essa sintomatologia é resultante de esforços da planta para superar as restrições impostas pelas condições físicas do solo.

O método mais difundido e mais simples para a detecção de camada adensada e/ou compactada, independente da época de verificação, é o do exame do perfil do solo em pequenas trincheiras. Em trincheiras, com dimensões de 30 cm de lado por 40 cm de profundidade, abertas em vários pontos da lavoura, a camada adensada e/ou compactada pode ser identificada por meio do aspecto morfológico da estrutura do solo e/ou pela resistência relativa que o solo oferece ao toque com qualquer instrumento pontiagudo. Os toques com o instrumento pontiagudo, na parede da trincheira, são efetuados a partir da superfície do solo até o limite inferior da trincheira, identificando-se as profundidades onde inicia e termina a maior resistência do solo ao toque. Para que a camada adensada e/ou compactada seja identificada pela análise morfológica da estrutura do solo, é indispensável o conhecimento da estrutura natural do solo em observação, especialmente quanto ao tipo de estrutura e à forma das unidades estruturais do solo. A estrutura natural do solo pode ser conhecida realizando-se esse mesmo procedimento em áreas adjacentes à lavoura, ainda sob vegetação natural e pertencentes a mesma unidade de solo.

O penetrômetro é instrumento que pode ser utilizado para identificar e localizar camada adensada e/ou compactada em um perfil de solo. Esse aparelho é basicamente constituído por uma haste metálica e um manômetro, mecânico ou eletrônico. O princípio de funcionamento desse aparelho, para localização de camada adensada e/ou compactada, baseia-se no registro da variação da força necessária para introdução da haste no solo. Na medida em que a haste é introduzida no solo, o manômetro indica variações de força despendida, registrando a profundidade inicial e final da camada adensada e/ou compactada.

5.3.2. Operação de descompactação do solo

A operação de descompactação do solo tem por objetivo reduzir a densidade do solo e elevar a porosidade e a estabilidade de agregados do solo. Consequentemente, a descompactação facilita o enraizamento das plantas, eleva a permeabilidade e a taxa de infiltração de água no solo e aumenta a capacidade de armazenamento de água no solo, facilitando o fluxo de água e as trocas gasosas no perfil e reduzindo a enxurrada e a erosão hídrica.

Implemento de discos ou de hastes, capaz de operar à profundidade maior do que o limite inferior da camada adensada e/ou compactada, pode descompactar o solo. Entretanto, implementos de hastes (escarificadores) são mais indicados pelo menor poder de rompimento de agregados e pela menor superfície de contato com o solo, no limite da profundidade de operação. Escarificadores equipados com hastes inclinadas para frente, formando ângulo de 20 a 25 graus com a superfície do solo, e com ponteiras estreitas (largura máxima de 7 cm), são mais indicados pela maior facilidade de penetração no solo e por exigirem menor potência de tração. Contudo, essa operação, exclusivamente, mecânica na descompactação de um solo apresenta efeito efêmero, por não propiciar estabilidade aos agregados do solo.

O sucesso da operação de descompactação depende dos seguintes fatores essenciais:

Umidade do solo: a operação de descompactação do solo é eficaz quando realizada com o solo na faixa de umidade equivalente à friabilidade. Em campo, essa faixa de umidade pode ser facilmente identificada. Coleta-se, a 10 cm de profundidade, um torrão de solo de, aproximadamente, 2 a 5 cm de diâmetro e exerce-se sobre ele leve pressão entre os dedos polegar e indicador. Se o torrão desagregar-se, sem oferecer grande resistência e sem moldar-se ao formato dos dedos, o solo encontra-se com umidade na faixa de friabilidade.

Profundidade de trabalho: o implemento descompactador deve ser regulado para operar, aproximadamente, a 5 cm abaixo do limite inferior da camada adensada e/ou compactada.

Espaçamento entre hastes do escarificador: na operação de descompactação do solo é indispensável a interação entre as hastes do escarificador. Cada haste possui capacidade limitada de ruptura do solo. Portanto, o espaçamento entre hastes determina o grau de descompactação do solo pelo implemento. De modo geral, essa interação é obtida quando o espaçamento entre hastes for igual a 1,2 vez a profundidade de operação. Essa relação é válida para condição de solo com umidade na faixa de friabilidade e para hastes com ponteiras de, aproximadamente, 7 cm de largura. Para ponteiras mais largas ou equipadas com asas laterais, a relação é maior, podendo ser 1,5, 2,0 ou até mesmo 2,5 vezes a profundidade de operação. Entretanto, a largura da ponteira está diretamente relacionada com a intensidade de mobilização do solo e com o tamanho de torrões gerados durante a operação de descompactação. Quanto mais larga a ponteira, maior será a intensidade de mobilização e de entorroamento do solo.

Adição de material orgânico ao solo descompactado: o rompimento da camada compactada pelo implemento agrícola, por si só, não garante os efeitos benéficos esperados por essa técnica. Em sequência imediata à operação mecânica de descompactação, é indispensável estabelecer uma cultura com abundante sistema radicular e elevada produção de fitomassa. O abundante sistema radicular dessas culturas tem por função preencher a macroporosidade gerada pela operação mecânica de descompactação e, em consequência, promover a reagregação do solo e a estabilização dos agregados, assegurando redução da densidade do solo. A partir dessa safra, é fundamental estabelecer modelos de produção que contemplem diversificação de espécies com potencial para aportar ao solo massa vegetativa anual superior a 8.000 kg/ha de matéria seca.

5.4. Espécies vegetais para estruturar modelos de produção em rotação, sucessão e/ou em consorciação de culturas

O “sistema plantio direto” tem por objetivo propiciar geração de produtos e, consequentemente, de renda. Assim, o modelo de produção constitui requisito fundamental para viabilizar o “sistema plantio direto” como negócio agrícola sustentável. Portanto, o tipo e a frequência das espécies contempladas no planejamento do modelo de produção devem atender, tanto aos aspectos técnicos, que objetivam o conservacionismo, como aos aspectos econômicos.

O planejamento de um modelo de produção deve considerar, além do potencial de rentabilidade, o histórico e o estado atual da lavoura, atentando para aspectos de fertilidade do solo, de exigência nutricional e de suscetibilidade a fitopatógenos de cada cultura, de infestação de pragas, doenças e plantas daninhas e de disponibilidade de implementos para manejo de culturas e de resíduos culturais. A alternância de espécies vegetais de diferentes famílias e, até mesmo, cultivares, com diferenciado grau de suscetibilidade a pragas e a doenças e com variado comportamento ante a problemas relacionados com o controle de plantas daninhas, são aspectos desejados no planejamento do modelo de produção, por potencializar redução de uso de insumos e, consequentemente, sustentabilidade agrícola.

No Brasil, a diversidade de espécies passível de integrar modelos de produção é ampla, sendo o planejamento dependente das características regionais. O arranjo de espécies, no tempo e no espaço, além de permitir a obtenção dos benefícios técnicos preconizados, aliado à diversidade de cultivares e sua possível integração com a pecuária e a floresta, deve permitir escalonamentos de épocas de semeadura, épocas de colheita e épocas de desfrute, permitindo maximização das oportunidades de comercialização dos produtos.

Na implantação do “sistema plantio direto”, em sequência às práticas de sistematização do terreno e da correção da fertilidade do solo, é indispensável o cultivo de espécies com a propriedade de produzir fitomassa em quantidade, qualidade e frequência compatíveis com a demanda biológica do solo. Nesse sentido, para a continuidade eficiente do sistema, é indispensável que o modelo de produção seja diversificado e gere quantidades mínimas de matéria seca da ordem de 8.000 a 12.000 kg/ha/ano.

5.5. Máquinas e implementos agrícolas

O “sistema plantio direto” pode ser implementado em variadas situações de lavoura, dependendo do modelo de produção a ser estabelecido. As situações mais comumente observadas são: semeadura sobre culturas submetidas à colheita de grãos; semeadura sobre culturas pastejadas; e semeadura sobre culturas destinadas à cobertura de solo ou à adubação verde.

Culturas destinadas à produção de grãos: a preocupação com o manejo de resíduos culturais tem início no momento da colheita. O triturador ou espalhador de palha da colhedora é o equipamento que determina as maiores ou menores facilidades para as operações agrícolas subsequentes. A regulagem, tanto para trituração como para distribuição dos resíduos na superfície do solo, é função direta do tipo de cultura que está sendo colhida, da espécie que se pretende implantar em sequência e do tipo de equipamento disponível para realização da semeadura.

As regulagens associadas ao triturador de palha são extremamente simples e abrangem afiação das facas do rotor e do pente de espera, o grau de transpasse das facas do rotor com as do pente de espera e o ajuste do defletor e das aletas. Enquanto o poder de corte do pente do rotor e do pente de espera, associado ao grau de transpasse entre os pentes, determina maior ou menor intensidade de trituração de restos culturais, o posicionamento do defletor e das aletas determina maior ou menor uniformidade de distribuição da palha na superfície do solo. As regulagens do defletor e das aletas devem atentar para que a palha triturada seja distribuída na superfície do solo em faixa equivalente à largura da barra de corte da colhedora.

Culturas destinadas ao pastejo: no “sistema plantio direto”, a integração agricultura e pecuária é, perfeitamente, viável mediante utilização de áreas de lavoura com culturas específicas para pastejo. Nessas circunstâncias, cuidados especiais devem ser tomados quanto ao manejo de piquetes e de animais, evitando-se o pastejo em condições de solo úmido, buscando-se prevenir compactação do solo e retirada excessiva de fitomassa.

A cultura selecionada para pastejo deve ser de desenvolvimento rápido e uniforme e ser implantada em elevada densidade de plantas, de modo que garanta produção abundante de fitomassa e promova cobertura total da superfície de solo, evitando contato direto da pata do animal com o solo desnudo.

O estádio da planta para início do pastejo é variável com a espécie, sendo, porém, de relevante importância para garantir a eficiência da prática. A recuperação da cultura pastejada assume importância, principalmente em vista do manejo empregado, necessário para o estabelecimento da cultura subsequente.

Para o estabelecimento da cultura subsequente, é importante observar o estado físico do solo e tomar cuidados especiais com a semeadora a ser empregada. Pequenas trincheiras devem ser abertas na área, observando-se a profundidade e o grau de compactação promovido pelo pisoteio animal. A semeadora, principalmente no caso de solos argilosos, deve ser equipada com haste sulcadora estreita e de ação profunda na linha de semeadura, regulada para eliminar a compactação promovida pelo pisoteio de animais e depositar fertilizante abaixo da semente.

Culturas destinadas à cobertura de solo: no planejamento de modelos de produção nem sempre é possível contar, exclusivamente, com espécies geradoras de renda direta, como produtoras de grãos e de forragem. Em face de problemas técnicos, principalmente afetos à degradação da estrutura física do solo, em determinados modelos de produção há necessidade de inclusão de espécies que cumpram papel fundamental na manutenção e/ou construção de solo fértil e, consequentemente, na manutenção da produtividade e da economicidade do sistema agrícola produtivo.

Espécies destinadas a esse fim devem ser selecionadas pela capacidade de solucionar o problema técnico detectado, pela possibilidade de produção de sementes, pela elevada taxa de crescimento e uniformidade do desenvolvimento vegetativo, pelo potencial de produção de fitomassa, pela propriedade de ciclar e reciclar ou incorporar nutrientes no solo, pela habilidade do sistema radicular em recuperar a estrutura física do solo e pelas facilidades para manejo, especialmente em referência à compatibilidade de ciclo com as demais espécies do modelo de produção e aos riscos de se tornarem planta daninha.

Essas espécies, quando não conduzidas à produção de grãos, normalmente devem ser manejadas no estádio de floração plena, no qual a planta acumula a maior quantidade de fitomassa. No caso de cereais de inverno, o manejo anterior a esse estádio de desenvolvimento pode promover rebrotes da cultura, o que provoca a necessidade de dessecações posteriores. O manejo posterior a esse estádio pode incorrer no fato de a planta já possuir sementes fisiologicamente maduras, que podem se transformar em plantas daninhas no modelo de produção estabelecido.

Diferentes métodos e implementos agrícolas podem ser empregados para efetuar o manejo de culturas de cobertura de solo. Os métodos mais difundidos são rolagem, com rolo faca, e dessecação, com herbicidas de ação total. Contudo, a roçadora, a segadora e a grade de discos, entre outros implementos, também podem efetuar o manejo dessas culturas de forma satisfatória. Enquanto a eficiência do manejo com rolo faca, com roçadora, com segadora e com grade de discos é totalmente dependente do estádio de floração plena da cultura alvo, a dessecação com herbicidas de ação total, normalmente, independe, podendo ser realizada em qualquer estádio de desenvolvimento anterior à floração plena. Desse modo, o rolo faca, a roçadora, a segadora e a grade de discos, quando operados no estádio correto de desenvolvimento da cultura, constituem eficientes mecanismos de manejo. Contudo, a seleção do mecanismo, a exemplo da regulagem do triturador de palha, está diretamente associada ao tipo de cultura que está sendo manejada, à espécie que se pretende implantar em sequência e às características da semeadora disponível para a realização da semeadura.

O rolo faca, embora apresente como desvantagens o elevado custo para aquisição e risco de compactação superficial do solo, maneja a cultura mediante amassamento uniforme das plantas na superfície do solo. A semeadura da cultura subsequente, nessas circunstâncias, deve transcorrer no mesmo sentido da operação de rolagem, e a semeadora deve ter a mesma largura do rolo faca. A roçadora, além de destacar a parte aérea das raízes da planta, tem como desvantagem a má distribuição do material roçado na superfície do solo e o esfacelamento das plantas, contribuindo para a rápida decomposição da matéria seca. A segadora simplesmente secciona a parte aérea das raízes, deixando a parte aérea inteira e completamente destacada na superfície do solo, o que provoca transtornos à operação de semeadura subsequente. A grade de discos, mesmo com pequeno travamento, tem como inconveniência a mobilização superficial do solo, podendo favorecer a germinação de plantas daninhas e o desencadeamento de processos erosivos. A dessecação com herbicida de ação total, afora o impacto ambiental, tem como vantagem, além de a operação ser independente do estádio de desenvolvimento da cultura, permitir a operação de semeadura com as plantas da cultura de cobertura de solo ainda em pé, o que facilita, sensivelmente, o desempenho da semeadora. Nessa situação, as plantas dessecadas são amassadas, por ocasião da semeadura, em parte pelo trator e em parte pela própria semeadora, mediante a utilização de dispositivos associados à semeadora.


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