Embrapa Trigo
 
Outubro, 2012
139
Passo Fundo, RS
A Cevada no Brasil

No Brasil, a cevada é cultivada em escala comercial exclusivamente para uso na fabricação de malte, principal matéria prima da indústria cervejeira. A expansão da cultura da cevada é relativamente recente e deve-se em grande parte as iniciativas da indústria cervejeira que fomentou a produção nacional para garantir oferta e pelo encarecimento do produto externo na década de 1970. A Figura 3 apresenta a evolução da cultura de cevada no Brasil no período de 1938 a 2010. Ressalta-se o aumento de área de semeadura a partir da segunda metade da década de 1970 e o crescente aumento do rendimento da cultura nos últimos 30 anos. A evolução observada nos anos 1970 e 1980 foi devido ao incentivo oficial a construção de maltarias, financiamento e garantia de preços da produção e a pesquisa desenvolvida pela Embrapa.

Nos últimos dez anos (2001-2010) observou-se redução na área colhida (2,73% aa), mais acentuada nos últimos cinco anos, e aumento de produção com taxa de crescimento média de 3,73% aa, em decorrência do aumento de rendimento da cultura. No entanto, nos últimos cinco anos (2007-2011), a produção total apresentou redução média de - 0,9% aa em decorrência da expressiva redução de área ocorrida a partir de 2006. Em 2011, a área semeada de cevada foi de 88,4 mil hectares com produção de 305,1 mil toneladas e rendimento estimado de 3.451,3 kg/ha. (Tabela 4).

Condições de clima favoráveis à produção de grãos com qualidade cervejeira, prevalentes em regiões de alta luminosidade, baixa umidade relativa do ar e de temperaturas amenas (frescas) durante as fases de formação, enchimento e maturação dos grãos, definem as áreas aptas ao cultivo de cevada para malte cervejeiro. A produção brasileira está concentrada nos estado do sul (Tabela 5), com alguns registros de cultivo em Goiás e Minas Gerais entre os anos 2000 e 2006. Na década de 1990, o estado do Rio Grande do Sul foi o maior produtor (66,8% da produção total do país), no entanto, na década seguinte o Paraná passou a ocupar esta posição (49,8% da produção). No período de 2007-2011, 55,0% da área de cultivo concentrou-se no Paraná (62,6% da produção), 42,4% no Rio Grande do Sul (34,9% da produção) e 2,6% em Santa Catarina (2,5% da produção)18. A Figura 4 apresenta a distribuição espacial da cultura da cevada no Brasil em 2010.

No Rio Grande do Sul, a produção está concentrada em duas regiões distintas: a região Norte, especificamente nas microrregiões geográficas de Passo Fundo (18,3% da produção do estado19) e de Erechim (9,7%) e, na região central do estado, nas microrregiões de Santiago (10,5%) e Cruz Alta (9,7%). Em Santa Catarina o cultivo concentra-se nas microrregiões de Canoinhas (57,6%), Curitibanos (26,5%) e Xanxerê (11,5%). No Paraná, a produção se concentra na região centro-sul do estado, nas microrregiões de Guarapuava (67,5%) e de Ponta Grossa (12,3%). Cultivos sob sistema irrigado tem apresentado rendimento médio ao redor de 5.500 kg/ha, superiores a média nacional da última década próximo a 2.600 kg/ha. Em geral, os cultivos irrigados do cereal estão localizados em São Paulo, nos municípios de Paranapanema, Itaberá, Itapeva, Itaí e Taquarivaí.

Dentre os 135 municípios que tiveram registro de cultivo de cevada em 2010, os municípios de Guarapuava (PR), Palmeira (PR), Pinhão (PR) e Candói (PR) se destacam pelas maiores áreas colhidas e quantidades produzidas de cevada. Em termos de rendimento, os municípios de Ibiraiaras (RS), Candói (PR), Guarapuava (PR) e Pinhão (PR) apresentaram os maiores rendimentos registrados (Tabela 6).

Como já mencionado anteriormente, a malteação tem sido a principal aplicação econômica da cevada no Brasil. Aproximadamente, 75% da cevada produzida é utilizada em processamento industrial (na fabricação de malte), 7% é reservada para semente e os 18% restantes na elaboração de rações, por não atingir padrão de qualidade cervejeira. Aproximadamente 95% do malte é destinado para fins cervejeiros.

Para complementação da demanda interna, anualmente, cevada, malte e extrato de malte são importadas pelo Brasil (Tabela 7). O consumo anual de malte pela indústria cervejeira está estimado em 1,3 milhão de toneladas, sendo, aproximadamente, 85% desta demanda suprida através de importações de grãos e malte da Argentina e do Uruguai, principais fornecedores. Do lado da exportação, observa-se uma expansão de exportação de cerveja nos últimos anos.


18 Cálculos elaborados com base nos dados da CONAB (2012).
19 Médias calculadas com base nos dados do IBGE (2012) no período de 2008-2010.

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