Julho, 2011
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Passo Fundo, RS
Resultados e discussão

Os resultados do primeiro experimento (Tabela 3), onde avaliou-se o residual dos herbicidas usados em soja e milho, evidenciam que 12 dos 25 tratamentos apresentaram efeito residual fitotóxico às plantas de canola, sendo eles isoxaflutole (80 g), chlorimuron + fomesafen (60 g + 900 mL), atrazine (5.000 e 10.000 mL), atrazine + simazine (12.000 mL), nicosulfuron (1.000 e 1.500 mL), sulfentrazone (1200 mL), atrazine + nicosulfuron (5.000 + 1.000 mL), fomesafen (1.000 mL), imazethapyr + fomesafen (800 + 900 mL), e diclosulam (40 g). Observou-se aos 7 dias após a emergência (DAE) os menores valores de toxicidade na canola, entre 5 e 10% sendo que esses 12 herbicidas não diferiram estatisticamente. Na avaliação realizada aos 14 DAE observou-se que o tratamento que provocou o maior efeito de toxicidade foi o isoxaflutole 80%.

Os herbicidas chlorimuron + fomesafen, atrazine (10.000 mL) e atrazine + simazine (12.000 mL) causaram efeito fitotóxico elevado (60, 55 e 50% respectivamente), superados apenas pelo isoxaflutole. O efeito do herbicida atrazine + simazine (12.000 mL) não foi superior aos herbicidas nicosulfuron (1.500 mL), sulfentrazone, atrazine (5.000 mL), atrazine + nicosulfurom que tiveram toxicidade intermediária entre 40 e 45%. Os menores valores de toxicidade (20%) foram observados nos herbicidas fomesafen, imazethapyr + fomesafen, nicosulfuron (1.000 mL), e 10% no tratamento herbicida diclosulam (40 g), sendo que o efeito desse herbicida não diferiu estatisticamente de todos os outros tratamentos sem toxicidade, testemunha infestada e capinada. Na última avaliação, realizada aos 28 DAE observou-se que o efeito do herbicida isoxaflutole, novamente foi o que mais provocou toxicidade para a canola (95%). Os herbicidas chlorimuron + fomesafen, atrazine (5.000 e 10.000 mL), atrazine + simazine (12.000 mL), nicosulfuron (1.000 e 1.500 mL), sulfentrazone, fomesafen, imazetapyr + fomesafen, apresentaram toxicidade entre 40 e 55%. O tratamento herbicida com atrazine + nicosulfuron teve toxicidade intermediária de 25%, já o menor valor de toxicidade foi observado no tratamento diclosulam com 5% apenas, mas sendo superior a todos os outros tratamentos sem toxicidade, testemunha infestada e testemunha capinada.

Devido ao curto intervalo entre a aplicação de herbicidas, de longo período residual em outras culturas como a soja e o milho, e a semeadura da canola, podem ocorrer casos de injúrias devido a resíduos de herbicidas que permanecem de aplicações nas culturas antecessoras. Deve-se evitar a semeadura de canola em áreas com resteva de soja onde foi aplicado herbicidas com período residual longo. Observações em lavouras indicam que resíduos dos herbicidas diclosulan, imazaquin, atrazine, cyanazine, imathapyr e metribuzin podem afetar a canola em período acima de 12 meses após a aplicação na cultura antecessora (TOMM et al., 2003).

De acordo com Tomm (2007), preferencialmente deve-se semear canola em sequência ao cultivo de soja resistente a glifosato (soja RR), pois nesta condição é menor o risco de efeito prejudicial de herbicidas aplicados em culturas anteriores. O risco de fitotoxicidade às plantas de canola, é maior em anos com pouca chuva entre a época de aplicação dos herbicidas em soja e milho e a semeadura de canola, pois nessas condições a degradação dos herbicidas é mais lenta. São limitadas as informações sobre o tempo necessário para a decomposição de herbicidas usados em culturas de verão, para que não ocorram danos à canola.

No segundo experimento os resultados de toxicidade são apresentados na tabela 4, onde se observou, aos 7 DAT, que os tratamentos sulfentrazone, alaclor, metribuzin, pendimethalin, provocaram os maiores valores de fitotoxicidade na canola, entre 30 e 35%. Já os tratamentos trifluralin, metholaclor, cletodim, setoxidim e haloxyfop-R provocaram toxicidade entre 15 e 20%.

Na avaliação realizada aos 14 dias após o tratamento (DAT) observa-se que os tratamentos sulfentrazone e alaclor, provocaram os maiores valores de fitotoxicidade, acima de 55%. Os herbicidas metribuzin e pendimethalin provocaram também alta toxicidade (45%) e os herbicidas trifluralin, metholaclor e cletodim apresentaram toxicidade intermediária, 25%. Já os herbicidas setoxidim e haloxyfop-R apresentaram toxicidade de 15%, superior apenas as testemunhas capinada e infestada. Na última avaliação, realizada aos 28 DAT, observou-se que os herbicidas sulfentrazone, alaclor, metribuzin e pendimethalin provocaram toxicidade entre 65 e 70% para a canola. Os herbicidas trifluralin e metholaclor apresentaram toxicidade de 40 e 35% respectivamente. Os menores valores de fitotoxicidade foram observados nos tratamentos cletodim, setoxidim e haloxifop-R, abaixo de 20%.

Na tabela 5 observou-se o rendimento de grãos de canola em resposta aos tratamentos herbicidas. O maior rendimento de grãos foi observado na testemunha capinada. Os herbicidas setoxidim, haloxyfop-R, cletodim, trifluralin e metholaclor apresentaram rendimento semelhante e superior aos demais tratamentos. O herbicida pendimethalin não diferiu dos herbicidas alaclor, sulfentrazone e metribuzin. Este teve o menor rendimento de todos, superando apenas a testemunha infestada.

De forma geral, observou-se que todos os tratamentos herbicidas provocaram fitotoxicidade e reduziram o rendimento de grãos da canola. Entretanto, os tratamentos com os herbicidas setoxidim, cletodim e haloxyfop-R foram os que menos afetaram o rendimento de grãos da canola e indicam possibilidade de uso.

Na tabela 6 observa-se o rendimento de grãos de canola em resposta aos tratamentos herbicidas e também ao controle de folhas largas com capina, apresentando resposta somente a fitoxicidade causada pelos herbicidas. O maior rendimento de grãos foi observado quando aplicou-se os herbicidas setoxidim, cletodim, testemunha capinada e haloxyfop-R. Os herbicidas trifluralin, metholaclor, alaclor, sulfentrazone e pendimethalin apresentaram rendimento de grãos intermediário superando o herbicida metribuzin, que, de todos os herbicidas, foi um dos que mais apresentou fitoxicidade e em consequência disso menor rendimento de grãos de canola, sendo superior apenas a testemunha infestada.

Com esses resultados pode-se concluir que os herbicidas graminicidas como Poast, Select e Verdict, não afetaram o rendimento de grãos quando utilizados em pós-emergência, sendo necessário fazer capina manual para eliminar as espécies daninhas de folhas largas que não são controladas por esse tipo de mecanismo de ação ou indicam possibilidade de uso mesmo sem a capina manual.

Segundo Tomm (2000), o controle de plantas daninhas na cultura da canola tem sido feito quase que exclusivamente de forma manual, gerando custo de produção elevado. Atualmente, não existem herbicidas registrados no Brasil para o controle de plantas daninhas nessa cultura, exigindo um rígido programa de controle cultural e mecânico. Em função da grande área cultivada no Brasil, da escassez e do alto custo de mão-de-obra no meio rural, o uso de herbicidas deverá ser oficializado por ser economicamente mais viável. Entretanto, não há trabalhos científicos que avaliem o potencial de uso de herbicidas e seu efeito residual sobre a canola. Esses trabalhos são importantes por apresentarem alternativas e servirem de suporte às empresas de agroquímicos para registrarem seus produtos para uso na cultura da canola.


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