Julho, 2011
130
Passo Fundo, RS
Seletividade de herbicidas para a canola PFB-2
Leandro Vargas1
Gilberto Omar Tomm1
Queli Ruchel2
Tiago Edu Kaspary2
Introdução

A canola (Brassica napus L. var. oleifera) é uma oleaginosa de inverno pertencente à família das Brassicaceas, a exemplo do repolho e da couve. Os grãos de canola atualmente produzidos no Brasil possuem na faixa de 24 a 27% de proteína bruta, e, em média, 38% de óleo, constituindo a fração sólida um excelente suplemento protéico para formulação de rações para aves, suínos e bovinos (TOMM et al., 2003; TOMM, 2007). Ainda cabe destacar que, segundo Morris (2000), o óleo de canola é referido como o de melhor composição de ácidos graxos para dietas saudáveis.

Apesar da canola ser a oleaginosa mais cultivada há décadas em outros países devido ao seu teor de óleo elevado e principalmente pela sua qualidade, no Brasil ela vem ganhando destaque nos últimos 10 anos, para o que contribuiu, em especial, o advento do Programa Nacional de Produção de Biodiesel, que visa a produção de combustíveis a partir de óleos vegetais, além de constituir em alternativa para a rotação de culturas e com potencial para geração de empregos e renda.

A área de cultivo de canola no Brasil, no ano de 2010, foi de 46,3 mil hectares, sendo 30 mil ha no Rio Grande do Sul e 12,6 mil ha no Paraná. Em Goiás, o cultivo comercial de canola teve início no ano de 2004. No sudoeste deste estado, a cultura constitui alternativa para diversificação e geração de renda no período de segunda safra, também chamada "safrinha" (TOMM, 2005).

A cultura de canola é uma alternativa de cultivo lucrativa e vantajosa no período de inverno no norte do Rio Grande do Sul, além de alternativa de cultivo de safrinha, no inverno, na região norte do Paraná, juntamente com a produção de trigo e de milho (TOMM et al., 2003, 2004).

O cultivo de canola possui valor sócio-econômico por oportunizar a produção de óleos vegetais no inverno, somando-se à produção de soja no verão, e assim, contribui para otimizar os meios de produção (terra, equipamentos e pessoas) disponíveis. A disponibilidade de área de terra adequada ao cultivo de canola no estado do Rio Grande do Sul (RS) é ilustrada pelo fato de que o Estado cultiva, atualmente, área bem inferior aos 2 milhões de hectares de trigo que já cultivou no passado. Portanto, a produção de canola nestas áreas poderá permitir a expansão da produção de óleo para a utilização como biodiesel, além da possibilidade do emprego desse óleo para consumo humano e contribuir decisivamente para tornar o Brasil em um importante exportador desse produto (TOMM, 2005).

O aprimoramento tecnológico e o conhecimento dos produtores no manejo da cultura têm crescido e podem contribuir decisivamente para elevar os rendimentos médios, pois com os híbridos atualmente cultivados é possível atingir até 4.500 kg.ha-1 de grãos em lavouras comerciais (TOMM, 2005).

Entretanto, para a expansão dessa cultura, é necessário reduzir limitações na cadeia produtiva resultante de baixo rendimento de lavouras. Uma das causas determinantes do baixo rendimento de grãos é a falta de herbicidas com seletividade para aplicação em pós-emergência na cultura da canola. Outra é o período residual longo dos herbicidas aplicados em soja e milho que podem causar injúrias nessa cultura. Ainda, a relação entre o tipo de solo e a dose de herbicida aplicada é importante para previsão de injúrias na canola cultivada em sucessão a soja ou ao milho (TOMM et al., 2003).

Devido ao curto intervalo entre a aplicação de herbicidas, de longo período residual, em outras culturas, a exemplo da soja e do milho, e a semeadura da canola, podem ocorrer injúrias devido aos resíduos de herbicidas que permanecem no solo de aplicações nas culturas antecessoras. Deve-se evitar semear a canola em área cultivada com soja ou milho e que tenha sido usado herbicida com período residual longo. Observações em lavouras indicam que resíduos dos herbicidas diclosulan, imazaquin, atrazine, cyanazine, imathapyr e metribuzin podem afetar a canola em períodos superiores a 12 meses após a aplicação na cultura antecessora (TOMM et al., 2003).

Assim, um dos problemas para o cultivo da canola no Brasil é o controle de plantas daninhas. Além disso, ainda não existem no mercado nacional herbicidas indicados para a aplicação em pós-emergência com seletividade para a cultura da canola, dificultando o controle de plantas daninhas. Esses trabalhos são importantes para indicar às empresas de agroquímicos quais os produtos são mais adequados para serem registrados para uso na cultura da canola (TOMM, 2000).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a toxicidade e efeito residual de herbicidas utilizados em soja e milho na cultura da canola e a seletividade de herbicidas aplicados em pré e pós-emergência para controle de plantas daninhas em lavouras de canola.


1Pesquisador, Embrapa Trigo, Rodovia BR 285, km 294, Caixa Postal 451, 99001-970, Passo Fundo, RS. E-mail: vargas@cnpt.embrapa.br; tomm@cnpt.embrapa.br
2Acadêmicos de Agronomia, UFSM/CESNORS. E-mail: queli.ruchel@yahoo.com.br; tiago_kaspary@yahoo.com.br

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