Dezembro, 2010
125
Passo Fundo, RS
Indução de calos e regeneração in vitro de cultivares de trigo a partir de embriões maduros visando a transformação genética

Elene Yamazaki Lau1
Andréa Morás2
Márcio Nicolau3
Sandra Maria Mansur Scagliusi1
Magali Ferrari Grando4
Márcio Só e Silva1

Introdução

A transgenia é uma das ferramentas biotecnológicas que pode auxiliar os programas de melhoramento de plantas de maneira única. Esta ferramenta permite introduzir genes sem levar fragmentos de DNA próximos a ele no genoma, como ocorre em cruzamentos convencionais. Os genes podem ser provenientes de diferentes espécies, e também aqueles modificados artificialmente não existentes na natureza. Uma das grandes dificuldades para estabelecer a transgenia em trigo foi o caráter recalcitrante à regeneração in vitro de plantas por meio da cultura de tecidos (JONES, 2005). A dependência do genótipo e do tipo de explante inicial são alguns dos vários fatores que influenciam a regeneração in vitro. No Brasil, embora alguns genótipos de trigo tenham sido avaliados quanto à capacidade de regeneração (MILACH et al., 1991; HANDEL et al., 1995; DORNELLES et al., 1997; VENDRUSCOLO et al., 2008, NEIVERTH et al., 2010), cabe ressaltar que ainda não há dados para a grande maioria dos materiais brasileiros.

A transgenia pode ser muito útil em situações de difícil resolução por métodos convencionais de melhoramento. Uma destas características agronômicas é a tolerância ao déficit hídrico, pois o fenótipo é altamente influenciado pelo ambiente e o mecanismo de ação é extremamente complexo (LEUNG, 2008; WITCOMBE et al., 2008). No caso de trigo, esta é uma das características essenciais para o cultivo no Cerrado. A cultivar modelo para fins de regeneração in vitro e transformação genética é a Bobwhite, desenvolvida pelo CIMMYT. No entanto, a mesma não é agronomicamente nem qualitativamente superior. Este fato torna necessária a inclusão destas características após a obtenção das plantas transgênicas, demandando mais tempo para obter uma cultivar comercializável. O uso de material genético para o processo de transformação genética mais adequado ao ambiente de utilização seria mais recomendável, no entanto, é necessário determinar a sua capacidade de regeneração in vitro e de transformação.

O tipo de explante mais utilizado para a transformação genética de trigo é o embrião imaturo, mais especificamente o escutelo do embrião imaturo (JONES, 2005). Apesar da boa resposta in vitro, é preciso manter plantas doadoras constantemente e, em épocas do ano desfavoráveis ao cultivo, é necessário ter disponibilidade de estrutura para manter as condições ambientais controladas adequadamente. Sementes maduras (ou embriões maduros) tem sido utilizadas como alternativa, pois, uma vez produzidas, podem ser utilizadas em qualquer época do ano (PATNAIK et al., 2006; DING et al., 2009), embora não sejam tão responsivas quanto os embriões imaturos. Outra vantagem é o fácil manuseio, visto que são relativamente maiores do que os embriões imaturos. Os explantes embriões maduros são utilizados conectados (ÖZGEN et al., 1996, 1998; CHEN et al., 2006) ou não ao endosperma (feridos, sectados ou inteiros) (PATNAIK; KHURANA, 2003; ZALE et al., 2004; NASIRCILAR et al., 2006; BI et al., 2007; HAN et al., 2007; YU; WEI, 2008; DING et al., 2009; NEIVERTH et al., 2010).

Um dos desafios para o início de atividades científicas previamente relatadas é a repetibilidade de protocolos já publicados, visto que muitas vezes as condições disponíveis não são exatamente iguais aos da origem do trabalho, além da adequada descrição das etapas na publicação.

Em vista do acima exposto, este trabalho teve por objetivo verificar a resposta de duas cultivares de trigo recomendadas para as condições de sequeiro no cerrado brasileiro e a cultivar controle Bobwhite em dois protocolos de indução e regeneração de embriões somáticos a partir de embriões maduros.


1Pesquisador, Embrapa Trigo, Rodovia BR 285, km 294, Caixa Postal 451, 99001-970, Passo Fundo, RS.
2Assistente, Embrapa Trigo.
3Analista, Embrapa Trigo.
4Professora, UPF-FAMV, Rodovia BR 285, km 171, Caixa Postal 611, 99001-970, Passo Fundo, RS.

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