O FENÔMENO EL NIÑO - OSCILAÇÃO SUL E IMPLICAÇÕES NA DINÂMICA DA PRODUTIVIDADE DE SOJA NO RS

Bazzan, E.¹; Vicari, M.B.¹; Kerber, T.²; Pasinato, A.³; Santi, A.⁴; Dalmago, G. A.⁴; Pires, J.L.F.⁴; Cunha, G.R. da⁴

A variabilidade climática extrema (regimes hídrico e térmico, principalmente) exerce papel fundamental para a definição de práticas de manejo de cultivos agrícolas. Nesse contexto, especial atenção deve ser dada ao fenômeno ENOS (El Niño - Oscilação Sul), relacionado com anomalias na temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico equatorial, pois é o principal responsável por variações climáticas intensas de ordem global, afetando, especialmente, o regime de chuvas no sul do Brasil: excesso de chuvas na fase quente (El Niño) e redução de chuvas na fase fria (La Niña). Portanto, o entendimento da dinâmica do ENOS, em termos de ocorrência e impactos, pode qualificar o manejo adotado em agricultura. O objetivo deste trabalho foi verificar a influência do fenômeno ENOS na dinâmica da produtividade da soja no RS. O estudo foi baseado na série histórica de dados do período de 1975 a 2007, nas sete mesorregiões do RS, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados foram avaliados quanto à normalidade pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e submetidos à análise de regressão linear visando à definição do modelo para retirada da tendência tecnológica na série de dados, resultando apenas o efeito da influência do clima sobre os mesmos. De acordo com a ocorrência do fenômeno ENOS (conforme o NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration), os anos foram classificados em El Niño (11 anos), La Niña (8 anos) e Neutro (14 anos). Observou-se, tanto em anos de El Niño quanto de La Niña, predominância de desvios positivos de produtividade da soja, ou seja, acima da média histórica, em todas as mesorregiões estudadas. Na fase Neutra do fenômeno ENOS os desvios positivos variaram entre 36 a 64% nos anos avaliados. Há necessidade de maior detalhamento, principalmente nos anos de La Niña, no que tange a sua intensidade e também em relação à distribuição das chuvas em cada mesorregião, com especial atenção durante o período de cultivo da soja, pois estudos prévios têm indicado que culturas de verão apresentam maior frequência de ocorrência de produtividade abaixo da média em relação a anos Neutros ou de El Niño.