Dezembro, 2009
118
Passo Fundo, RS
Segmentação dos sistemas produtivos de canola no Brasil

A metodologia de segmentação de multi-critérios descrita por Molina Filho (1993), a qual tem por finalidade distinguir segmentos (ou tipos) de unidades produtivas de acordo com suas aptidões para a inovação tecnológica. Com a citada base, observou-se apenas o segmento de empresa familiar, caracterizada como o tipo predominante de unidade produtiva de canola no Brasil. Apesar de ser caracterizado por um único segmento, o de empresas familiares, existem variações dentro deste segmento, oriundas principalmente do tamanho de propriedades, as quais variam, entre as geralmente menores, no estado do Rio Grande do Sul e, as maiores, na região Centro-Oeste.

Os sistemas produtivos podem ser diferenciados pelo ambiente das regiões de cultivo e particularidades do processo de produção que tem sido preconizado pelo primeiro autor, classificados em dois macroambientes: o Macroambiente 1, que possui chuvas durante todo o ano e severas restrições impostas por geadas durante o cultivo de canola, abrangendo os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e regiões centro-sul e oeste do Paraná; e o Macroambiente 2, caracterizado por precipitação decrescente a partir da época de semeadura e nenhum ou poucos riscos de prejuízos por geadas durante o cultivo de canola, englobando a região norte-nordeste do Paraná e região centro-oeste do Brasil. Em termos de manejo, as principais diferenciações são relacionadas a adubação de base e cobertura e ao número de aplicações de inseticidas. No Macroambiente 1, observa-se a predominância de unidades produtivas com menor número de hectares do que no Macroambiente 2. A Tabela 2 apresenta a diferenciação entre os Macroambientes e os respectivos processos de produção utilizados.

Nos últimos anos, pesquisas e o início do cultivo estão se expandindo da região Sul do Brasil para o Sudoeste de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul. Outro esforço está sendo direcionado ao ajuste de tecnologias, especialmente época de semeadura, e início da expansão do cultivo para regiões de altitude elevadas (800 a 1200 m) dos estados da Região Sul, que se caracterizam por alto risco de perdas por geadas. De acordo com a região em que se situa a produção de canola, se observa uma competição em maior ou menor grau com o milho safrinha. Quanto maior o risco de perdas por geada, mais competitiva é a produção de canola em relação ao milho safrinha (TOMM et al., 2006). Por exemplo, no PR, as vantagens para o cultivo de canola crescem em relação ao milho safrinha a medida que se vai de Foz do Iguaçú para Guarapuava.

A produção de canola ocorre em área de 10 a mais de 3.000 hectare/proprietário, com modal entre 50 a 100 hectare/proprietário, estimando-se, portanto, que o cultivo de canola envolva cerca de 700 propriedades agrícolas (CASTRO et al., 2010). Segundo este levantamento com especialistas, 80% dos agricultores residem em suas propriedades ou em cidades próximas. A área média dessas propriedades, caracterizadas neste estudo como Empresas Familiares, é de 57,5 ha, variando de 50 ha, nos estados do Sul, a 800 ha, no Centro Oeste. A área média cultivada com canola é de 18 ha, correspondendo a 31% da área das propriedades. Essas empresas são especializadas em poucas atividades agropecuárias, complementares ou integradas. No verão, são cultivados soja e milho, os quais ocupam quase a totalidade da área das propriedades. No inverno, a aveia, o trigo, a cevada e o milho safrinha ocupam em média 60% da área dessas propriedades. No Macroambiente 2, é provável que o tamanho médio da área de cultivo de canola cresça, se multiplicando por várias unidades, após ocorrer o aumento do conhecimento e a consolidação da canola entre os agricultores que cultivam de um a vários mil hectares de culturas de verão. Conforme informações dos entrevistados no referido levantamento, a produtividade média da canola, em 2007, foi de 1.230 kg/ha, variando de 1.000 a 1.800 kg/ha. Esta variação decorreu das condições climáticas desfavoráveis ocorridas durante a safra e da insuficiente experiência dos agricultores com o cultivo de canola, um ou mais anos cultivando canola, em particular, relacionada às operações com semeadura e com a colheita. Em geral, 80% dessas “empresas familiares” fazem uso de crédito rural concedido pelo sistema bancário nacional (Banco do Brasil, Banrisul, Banco Sicredi e Bradesco), através das linhas do Pronaf e Proger (CANOLA, 2008).


 

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