Dezembro, 2009
118
Passo Fundo, RS
Fomento à produção de canola: estratégia, programas e principais fomentadores

O início ou a retomada do fomento ao cultivo de canola tem sido realizado por diversas empresas, em cada região, especialmente a partir do ano de 2003. Este fomento, geralmente, se dá pelo convite aos “melhores” produtores, os quais se caracterizam pelo emprego de insumos modernos (fertilizantes, sementes híbridas, defensivos agrícolas) e tecnologia de cultivo mais adequadas (Sistema Plantio Direto, manejo integrado de pragas), além de seguirem recomendações de técnicos especializados. As cooperativas e empresas que fomentam a produção de canola (exemplificadas anteriormente) reúnem seus técnicos, os agricultores vinculados ou clientes, lideranças regionais e agentes de crédito regional para reuniões de treinamento com especialista. Nestes treinamentos o cultivo de canola é focado como parte integrante de um sistema de produção, e não com cultura isolada ou independente, e é enfatizada a necessidade de semear a canola em áreas de solo com correção da acidez e maior fertilidade, evitando àquelas com elevada infestação de plantas daninhas de folhas largas, e insetos de solo, como os corós, em função das dificuldades de controle e aumento de custos de produção daí decorrentes.

Nestas reuniões é apresentada, pela cooperativa ou empresa que está fomentando o cultivo de canola, a forma de atuação do programa de fomento, que em geral, disponibiliza sementes de híbridos de canola e oferece suporte de assistência técnica. Além disto, invariavelmente tem sido oferecida garantia de compra de toda a produção, sob contrato, caso o agricultor assim desejar. Eventualmente, é oferecido um pacote de insumos, especialmente sementes híbridas de alta qualidade e fertilizantes, em troca de 12 a 15 sacas de 60 kg de produto, visando cobrir os principais custos variáveis da semeadura de um hectare. No caso de se obter rendimento de grãos de 1.500 kg/ha, os custos constituem aproximadamente 50 a 60% da quantidade produzida por hectare.

Na operação de semeadura mecanizada, sempre é realizada adubação com fertilizantes formulados contendo nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), e frequentemente também enxofre (S). Empregam-se entre 150 a 300 kg/ha de fórmulas de N-P-K como 10-20-20 ou 8-18-18 ou 6-26-10 + S=10% (10% de enxofre). Quando a planta possui quatro folhas verdadeiras, aproximadamente 40 dias após a semeadura, é realizada a adubação de cobertura nitrogenada com 50 a 100 kg/ha de uréia (aproximadamente 45% de N), visando atingir um total de, no mínimo, 60 kg de N/ha. Nas regiões em que a disponibilidade de umidade no solo decresce a partir da época de semeadura, como em Goiás e no Mato Grosso do Sul, tem sido recomendado aplicar a totalidade indicada de N para a cultura, de 60 kg de N/ha, na semeadura com o cuidado de evitar o contato dos fertilizantes com as sementes. Com alguma frequência tem-se empregado sulfato de amônio misturado com uma fórmula de N-P-K no reservatório da semeadora, visando reduzir o custo de adubação. Esta prática, além de suprir a necessidade de enxofre, aumenta a quantidade de N aplicado na operação de semeadura, nutriente com maior resposta para o rendimento de grãos da canola, com menor custo em comparação com o emprego de maior dose de N-P-K para atingir a dosagem necessária de fertilizante nitrogenado.

As principais empresas que têm investido no desenvolvimento do cultivo da canola no Brasil são: (1) Celena Alimentos S.A., com sede em Eldorado do Sul, RS e recebimento, armazenamento e extração de óleo realizados em Giruá, RS, pela empresa Óleos Warpol, em sistema de prestação de serviços; (2) Giovelli & Cia. Ltda., com sede em Guarani das Missões, RS que possui várias unidades de recebimento de grãos e indústria de extração de óleos; (3) cooperativas, como a Cooperativa Agrícola Mista General Osório (Cotribá), com sede em Ibirubá, RS; a Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cotrijal); a Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai Ltda. (Cotrimaio), localizada em Três de Maio, RS; e Cocamar Cooperativa Agroindustrial, sediada em Maringá/PR; (4) a Caramuru Alimentos Ltda., sediada em Itumbiara, GO com várias unidades de recebimento de grãos, três unidades de extração de óleos e uma de unidade de produção de biodiesel; e (5) a Bunge Alimentos, com administração central em Gaspar, SC, que possui várias unidades de recebimento de grãos e sete unidades de extração de óleo. Além das empresas referidas que visam atender o mercado de alimentos, indústrias de biodiesel, com destaque para a BSBIOS - Indústria e Comércio de Biodiesel Sul Brasil Ltda, tem empenhado grande dedicação e investimentos no fomento à produção de canola.

Desde 2005, várias outras cooperativas e empresas começaram a buscar conhecimento tecnológico e fomentar o cultivo de canola por solicitação de agricultores, que observam a lucratividade e os benefícios da canola nos cultivos que a sucedem na mesma área, em outras propriedades de sua região. Isto indica o acerto da forma de organização das atividades de fomento. Estas cooperativas e empresas que passaram a fomentar a produção de canola têm trabalhado em parceria basicamente com as empresas Giovelli & Cia Ltda, Celena Alimentos S.A e BSBIOS - Indústria e Comércio de Biodiesel Sul Brasil Ltda.


 

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