Dezembro, 2009
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Passo Fundo, RS
Área cultivada, rendimento de grãos e produção de canola no Brasil

A evolução do cultivo da canola no Brasil segundo os dados da FAO (2008) é sumarizada na Figura 1. Observa-se que houve um expressivo incremento na área colhida da oleaginosa a partir de 1998, passando de uma área média colhida de 11.400 hectares, no período 1980-1997, para 32.300 hectares no período 2002-2007.

As estatísticas disponíveis da evolução da área colhida, quantidade produzida e rendimento de grãos de canola no Brasil e nos estados com registro da cultura, segundo informações do IBGE (2008) (Tabela 1), embora não idênticos aos da FAO (2008), evidenciam o crescimento gradual da área cultivada e do rendimento de grãos no RS a partir do ano de 2003 e a situação inversa no PR. Por sua vez, a produtividade também apresentou crescimento passando de 906 kg/ha (período 1980-1997) para 1.656 kg/ha (período 2002-2007).

As principais explicações para esta evolução são o interesse de empresas de extração de óleo conjuntamente com as pesquisas coordenadas pelo primeiro autor (TOMM, 2003) os quais permitiram em 2003, o início do emprego dos híbridos resistentes à canela-preta, Hyola 43 e Hyola 60. A segurança contra a principal doença e o intenso esforço de difusão de tecnologias de manejo somados a assistência técnica associada ao fornecimento das sementes e a garantia de compra de toda a produção, oferecida pelas indústrias de óleo de canola do RS, em parceria com cooperativas e empresas, levaram ao crescimento sustentado do cultivo, com exceção de 2006, quando ocorreu extrema adversidade climática.

Consulta às empresas que fomentam o cultivo de canola no Brasil, realizada pelo primeiro autor, em 20/8/2009, indicou que em 2009 foram semeados no RS, 24.552 ha; no PR, 8364 ha; no MS, 1.565 ha; no MG, 450 ha; e, em GO, 200 ha, perfazendo 35.131 ha. Além destas lavouras tecnificadas, empregando sementes híbridas de alta qualidade, foram semeados grãos totalizando uma área estimada em 2.000 ha.

No Rio Grande do Sul, as maiores áreas cultivadas com canola localizam-se na região das Missões, com cerca de 5.705 hectares (34% da área semeada) - sobretudo os municípios de Santo Ângelo e Entre-Ijuís, com 1.200 hectares; Giruá, com 500 hectares; Guarani das Missões, com 400 hectares; São Luiz Gonzaga e Bossoroca, com 500 e 700 hectares, respectivamente (IBGE, 2008). Já a região de Passo Fundo apresenta um total de 4.042 hectares (24% da área semeada) com canola, com destaque para Chapada, Ronda Alta e Passo Fundo, com áreas cultivadas de 660, 600 e 500 hectares respectivamente. Na região de Ijuí o cultivo de canola representa cerca de 13% do cultivado no estado do Rio Grande do Sul, com 2.145 hectares com canola. A região noroeste do RS concentra grande parte da cultura da canola, pelo fato das empresas que fomentam o cultivo (como Giovelli & Cia Ltda e Celena Alimentos S.A.) terem larga tradição e estarem sediadas nesta região, facilitando a condução técnica e a comercialização dos grãos de canola. Outra região promissora para o cultivo de canola é a região dos Campos de Cima da Serra, no Nordeste do Rio Grande do Sul, com destaque ao município de Muitos Capões, com 700 hectares cultivados e produtividade de 2.400 kg por hectare – muito acima da média de rendimento observada no ano de 2008, no estado do Rio Grande do Sul, que foi de 1.307 kg/ha (IBGE, 2008).

O trabalho de fomento no PR, principalmente no norte, pela COCAMAR-Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá Ltda., foi realizado no fim da década de 1980 e início dos anos 2000, e posteriormente perdeu ímpeto. Em 2007, no PR foi iniciada uma retomada dos esforços, centrada em Mangueirinha (CODEPA - Cooperativa de Desenvolvimento e Produção Agropecuária) em parceria com a Celena Alimentos Ltda. e em Candói (AG Teixeira Agrícola Ltda.) e Nova Aurora (Precisão Rural Comércio de Produtos Agropecuários Ltda.) em parceria com a Bunge Alimentos S/A, e pesquisas realizadas principalmente pela FAPA-Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária/Cooperativa Agrária Mista Entre-Rios Ltda, seguindo os mesmos princípios adotados, desde 2003, no RS.

Conforme Paraná (2008), a produção de canola no Estado do Paraná, em 2008, foi concentrada na região sudoeste, com 1.860 hectares cultivados (41% da área semeada); região oeste, com 1.220 hectares (27% da área) e região sul, com 895 hectares (20% da área). Os municípios paranaenses com destaque na rentabilidade de canola encontram-se na região de Cascavel (região Oeste). Com uma produtividade média de 1.827 kg/hectare, a região obteve uma produção de 2.229 toneladas (33% da produção estadual). Destaque também para os municípios de Mangueirinha e Candói (região Sudoeste), com 1.860 hectares colhidos e produtividade média de 1.500 kg/ha, totalizando 2.790 toneladas, o que corresponde a 41% da produção do Paraná.

O rendimento de grãos obtido pelos agricultores brasileiros que já cultivam canola a mais tempo e que recebem assistência de técnicos com experiência e maior domínio da tecnologia tem, geralmente, atingido 30 sacas/ha ou 1.800 kg/ha. Nas melhores lavouras, em diferentes regiões do Brasil, têm sido colhido, em média, 2.400 kg/ha. Observa-se que a produtividade média nas diversas regiões do Brasil, detalhada na tabela 1, é geralmente inferior a estes valores. Isto advém da dificuldade dos produtores com pouca experiência no cultivo de canola em atender as particularidades deste cultivo em relação à semeadura (apenas 3 kg de sementes/ha) e à colheita, em função da maturação menos uniforme que a de outros cultivos. Segundo a Emater Regional de Passo Fundo (DÓRO, 2008) em 2008 a produtividade média na região norte gaúcha ficou em 1.550 kg por hectare, chegando em certas localidades à 1.750 kg por hectare em lavouras conduzidas com a tecnologia recomendada e colhida diretamente com colhedora.

Com base em levantamento realizado em grande número de lavouras no Canadá, Thomas (2003) concluiu que o rendimento da canola é mais limitado por falhas em aplicar, modificar e ajustar fatores de produção dentro de sistemas de produção do que pelas condições de solo e clima. Segundo o mesmo autor, o potencial genético dos híbridos empregados no Canadá é de 4.500 kg/ha. Estas informações indicam o grande potencial de melhoria dos rendimentos no Brasil e para onde os esforços devem ser direcionados.


 

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