Dezembro, 2009
118
Passo Fundo, RS
Qualidade no processo produtivo agrícola

Segundo o Dr. Buzza4, o teor de óleo nos grãos de canola é influenciado pelas características genéticas dos híbridos e também pelas temperaturas, umidade e nitrogênio disponível no solo da região produtora. De acordo com a mesma fonte, geralmente, existe uma redução de 1,5 % em óleo para cada grau Celsius de incremento na temperatura durante o enchimento de grãos e alguns dados sugerem até 2%, mas não mais que isso. Normalmente, altas temperaturas estão associadas a estresse hídrico.

Os fatores que determinam a redução do teor de óleo são:

  1. Temperatura durante o enchimento de grãos.

  2. Estresse hídrico durante o enchimento de grãos que provoca a redução do tamanho dos grãos. As síliquas amadurecem prematuramente e os grãos são menores e mais avermelhados. Estresses hídricos e térmicos são relacionados entre si.

  3. Nitrogênio no solo. A elevada disponibilidade de N pode reduzir o teor de óleo, mas pouco. Isto porque o N aumenta o teor de proteína e alto teor de proteína está positivamente correlacionado com baixo teor de óleo. Porém esse efeito é pequeno, provavelmente uma redução de 1% no teor de óleo.

  4. Genótipo. As diferenças no teor de óleo podem chegar a até 4 % dependendo do local onde os materiais são cultivados. O híbrido Hyola 401 está geralmente entre os materiais com teor de óleo intermediário.

No norte do estado de New South Wales e no sul do estado de Queensland, na Austrália são observado teores de óleo mais baixos do que no resto do cinturão da canola da Austrália. O teor observado para a Hyola 401 foi de 38% (dependendo da umidade e do ano) em comparação a aproximadamente 42%, observado na maioria das outras áreas.

O elevado peso de mil grãos (TOMM et al., 2004) reflete as boas condições de cultivo verificadas nas áreas com latitude entre 17 e 18 graus S, no sudoeste do estado de Goiás.

Em geral, a comercialização de grãos de canola é baseada em especificações que norteiam a transação e o preço do produto. Tais especificações estão vinculadas ao padrão de qualidade do produto. Como exemplificação, a Canadian Oilseed Processors Association (2009) estabelece para comercialização dentro do Canadá os seguintes padrões: mínimo 36% de proteína em percentagem da massa no farelo, máximo de 12% de fibra bruta, mínimo de 2% de óleo, máximo de 12% de umidade e máximo 30 micromoles de glucosinolatos por grama de amostra. Para exportação, as características definidas são: mínimo 37% de proteína e gordura combinados em percentagem da massa no farelo, máximo de 12% de fibra bruta, máximo de 15% de umidade e gordura combinados, máximo de 12% de umidade, máximo de 1% de areia e/ou silica e máximo 30 micromoles de glucosinolatos por grama de amostra.

Todos os fatores que levam a desuniformidade na maturação e a presença de impurezas na massa de grãos que é produzida nas lavouras, podem comprometer a qualidade do óleo de canola. Os grãos cujo enchimento foi comprometido por condições adversas na lavoura, chamados de grãos “chochos” e os “grãos ardidos” (mofados) apresentam menor teor de óleo. Os grãos que são partidos ou danificados ficam com seu óleo mais exposto às reações de oxidação, as quais aumentam a acidez do óleo, um dos parâmetros qualitativos mais importantes que reduzem o valor na comercialização e afetam os processos industriais.

A época de semeadura é uma das principais estratégias de manejo, pois permite posicionar o cultivo em período que coincida com condições mais favoráveis de temperaturas do ar e de umidade de solo. A qualidade da operação de semeadura, gerando boa uniformidade na distribuição de plantas e emergência uniforme (obtida pela deposição das sementes a uma mesma profundidade de aproximadamente 2 cm) é decisiva para o sucesso do cultivo de canola, em relação a sua produtividade, como também a qualidade. Além disto, a emergência uniforme reduz a desuniformidade na maturação das plantas favorecendo a realização da colheita no momento mais adequado para que se obtenha menor proporção de grãos verdes, os quais (aumentam a clorofila do óleo), de grãos chochos, grãos ardidos (mofados) e danificados.


4 Correspondência eletrônica do Dr. Greg Buzza, líder de programa de melhoramento genético de canola da Austrália, enviada ao pesquisador Gilberto Omar Tomm, Embrapa Trigo, em 16/02/2004.

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