Dezembro, 2009
113
Passo Fundo, RS
Escolha de área para canola

A canola requer solos bem drenados, sem compactação, sem resíduos de determinados herbicidas, ser livre de doenças como a canela-preta (causada pelo fungo Leptosphaeria maculans/Phoma lingam) e a esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum) e não deve apresentar infestação de nabiça (Raphanus raphanistrum). O pH do solo deve ser preferencialmente superior a 5,5 e o nível de fertilidade deve ser médio, alto ou muito alto (MANUAL..., 2004).

O planejamento da inserção do cultivo de canola no sistema de produção de grãos e a escolha de área mais adequada de cada propriedade contribuem de maneira decisiva para o sucesso do cultivo de canola. A seguir, são detalhados critérios para a escolha de áreas destinadas à semeadura de canola, visando a aumentar o potencial de rendimento de grãos e o rendimento econômico.

Distância de lavouras de canola infectada com canela preta na safra anterior

A canela-preta, doença causada pelo fungo Leptosphaeria maculans, pode causar grandes prejuízos à canola. Sua ocorrência depende de inóculo que permanece em restos culturais. A resteva de canola, especialmente da última safra, libera ascosporos que, levados pelo vento a distâncias de até 8 km, infectam as lavouras, logo após a emergência, causando a morte de plantas. Em função disto manter distância de lavouras de canola infectadas por canela-preta na última safra é mais importante para evitar ou prevenir a doença do que o número de anos desde o último cultivo de canola na mesma área. Pesquisa realizada na Austrália (quadro 1) indica que é importante evitar a semeadura de canola em lavoura situada a menos de 1 km da área em que havia, na safra anterior, canola infectada com canela-preta.

Herbicidas aplicados nos cultivos de soja ou milho, antecedendo canola

Preferencialmente deve-se semear canola em seqüência ao cultivo de soja resistente ao glifosato, pois nesta condição é menor o risco de efeito prejudicial de herbicidas aplicados em culturas anteriores. O risco de fitotoxicidade causados por determinados herbicidas empregados no cultivo precedente (Quadro 2) às plantas de canola, é maior em anos com pouca chuva entre a época de aplicação dos herbicidas em soja e milho e a semeadura de canola, pois nessas condições a degradação dos herbicidas é mais lenta.

São limitadas as informações sobre o tempo necessário para a decomposição de herbicidas usados em culturas de verão, para que não ocorram danos à canola. Como base, aconselha-se usar os estudos realizados no estado do Paraná e nos EUA (quadro 2). Observação em lavouras do RS sugere que o efeito residual do herbicida Diclosulan pode ser maior que aquele causado pelos do herbicida Imazaquim.

Área livre de pragas de solo:

Evitar a semeadura de canola em áreas infestadas com corós e outras pragas de solo.

As lavouras de canola ocupam um pequeno percentual da área disponível para produção de grãos do sul do Brasil. Utiliza-se apenas 40 plantas de canola/m2 e a perda de plantas, pelo dano de insetos de solo, pode causar grande redução no rendimento de grãos da lavoura. Não existem resultados de pesquisa na região sobre o controle químico dessas pragas em canola. Portanto, sempre que possível, evitar o cultivo de canola em áreas com mais de 5 corós (Diloboderus abderus)/m2 ou outras pragas de solo como o grilo-marrom (Anurogryllus muticus).

Fertilidade de solo

Dar preferência por áreas de solo fértil e aplicar fertilizantes de acordo com a necessidade indicada pela análise de solo.

Em áreas sob plantio direto, coletar amostras compostas na profundidade de 0 a 10 cm. Sob preparo convencional de solo, coletar as amostras de 0 a 20 cm de profundidade. A análise de solo de 10 a 20 cm é importante para conhecer o pH do solo, que para a canola deve situar-se entre 5,5 e 6,0, já que este atributo é relevante para o desenvolvimento da canola.

Rotação de culturas

A canola só deve retornar à mesma área após dois anos.

• Optar pela rotação de canola com culturas de outras famílias (o nabo forrageiro também é da família das crucíferas) para controle de doenças, como a canela-preta e a esclerotínia.

• Evitar áreas infestadas ou controlar plantas daninhas, especialmente a nabiça, e plantas voluntárias de canola nas safras em que a canola não é cultivada.

• Planejar a rotação lembrando que se deve esperar 20 dias entre a colheita de canola e a semeadura de soja ou de milho para permitir a degradação de compostos alelopáticos presentes na biomassa de canola.

• Na seqüência, empregar culturas que aproveitem os benefícios da canola: grande disponibilidade de nitrogênio no solo e a tendência de reduzir a severidade de doenças causadas por fungos que sobrevivem em restos culturais de milho e de trigo cultivados, respectivamente, no verão e inverno a seguir (Tomm et al., 2005).

• É vantajoso reduzir a infestação com gramíneas, como azevém e aveias, pelo emprego de herbicidas seletivos de pós-emergência aplicados durante o cultivo de canola, pois apresentam menor custo do que aqueles empregados para controlar estas espécies durante os cultivos de trigo e outros cereais de inverno.

• Adotar, sempre que possível, a seguinte seqüência de culturas: soja - canola - milho - trigo, por apresentar diversas vantagens no controle de doenças, melhor eficiência de uso de nutrientes, especialmente o nitrogênio proveniente da rápida decomposição da biomassa de canola, e facilidade de semeadura, contribuindo para o aumento da lucratividade (Tomm et al., 2005).

Para reduzir os riscos de insucesso, escolher áreas que possuem solo de elevada fertilidade, baixa ou nenhuma infestação de plantas daninhas de folhas largas, localizada a mais de 1.000 m de distância de lavoura onde havia canola infectada com a doença fúngica canela-preta, e não apresente infestação de pragas de solo.




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